Esses dias, tomei conhecimento da situação da vereadora Maria Tereza Capra, de São Miguel do Oeste em Santa Catarina e fiquei muito indignada com os fatos que levaram a sua cassação.
Ela foi eleita 3 vezes vereadora daquela cidade, cumprindo seus mandatos de maneira produtiva e exemplar, atuando em prol da coletividade, se destacando como uma boa representante, servidora pública. É advogada, secretária das mulheres do PT de Santa Catarina e Presidenta municipal do PT, uma mulher habituada com a luta e hoje teve seu mandato cassado!
A sua cassação foi motivada porque fez uma denúncia, tendo em vista os seguintes fatos: no dia 2 de novembro do ano passado, um grupo de pessoas envolvidas na bandeira do Brasil vestidas de verde e amarelo gritando por intervenção militar e fazendo o gesto mundialmente conhecido como um símbolo nazista, estando entre essas pessoas, inclusive, alguns vereadores colegas seus.
Ou seja, um ato criminoso, antidemocrático, praticado por autoridades públicas. Deveria e foi denunciado.
Infelizmente, alguns cometem crimes e outros, ou melhor, OUTRAS, são punidas.
Essa brutal inversão foi seguida de uma grande exposição e desqualificação de sua pessoa na mídia, ameaças a ela e à sua família, além de vários outros abusos e violências. A maior de todas: o silenciamento de parte significativa da população que a escolheu como representante.
A sociedade escolhe uma representante, essa representante precisa cumprir, e cumpre, com o seu papel, mas, ainda assim, desagrada e incomoda muitos com a sua atitude, presença, atuação e firmeza.
É preciso entender que no poder executivo temos a representação da maioria, mas no poder legislativo temos as representações das minorias. Essas escolhas, feitas pela sociedade, precisam ser respeitadas para que essas minorias cheguem ao discurso e à construção da macro-política.
As mulheres incomodam? Paciência!!! Saiam da frente que nós não estamos apenas passando, estamos ficando também! Pois entendemos que aqui é nosso lugar!
Voltando ao caso da vereadora Maria Tereza e falando da mesma coisa, é puro machismo! A tal herança do patriarcado! Esse machismo está impregnado como um visgo!
Eu me pergunto: e se ela fosse ele? O que teria acontecido? Se ela fosse um homem, teria sido tratado dessa forma? Teria sido cassado por fazer o que deve ser feito, mesmo contrariando interesses? Estaria sendo ameaçado juntamente com sua família?
Creio que não!
Já vimos muitos absurdos acontecerem, dentro de câmaras municipais, assembleias legislativas e Congresso Nacional, com o protagonismo dos “galos de briga” e vimos que, de “macho pra macho”, tudo fica como está e como sempre foi. Mas uma mulher!!! Como se atreve! Como se atreve a ter voz? Como se atreve a agir com ética e prontidão? Como se atreve a nos desafiar dessa forma? Como se atreve a tomar nossos espaços?
Pois é!
Como fica isso?
Aqui vai o convite, o chamado a estarmos juntas com Maria Tereza Capra, para que ela não tenha que se calar. A voz dela é a nossa voz e aonde ela estiver, nós estaremos.
A violência praticada contra as mulheres na política é praticada contra toda a sociedade!
Precisamos entender a importância disso e exercer nossa cidadania apoiando e lutando com essas mulheres.
Não podemos esquecer: “o diabo mora nos detalhes!”.