Desde 2005 eu vinha trabalhando sem parar! Coordenei o PROJOVEM – Programa de Inclusão de Jovens, no estado da Paraíba, por 5 anos seguidos, mergulhando fundo na metodologia do programa e na realidade daqueles jovens.
Depois disso, em 2011, assumi a Secretaria de Estado da Educação e, por 4 anos, dei outro grande mergulho, dessa vez envolvendo todos os 223 municípios da Paraíba.
Em 2015, presidi a Fundação Espaço Cultural – FUNESC e foi uma experiência intensa, diversificada, maravilhosa. Ali, também, deixei marcada minha contribuição, minha entrega.
Em 2016, saí do serviço público estadual para viver uma campanha política como candidata a prefeita da cidade onde moro, o Conde. Ganhei!
De 2017 à 2020 fui prefeita. Uma honra, um privilégio, um desafio gigantesco. Foram 4 anos de dedicação profunda e cheia da certeza de que era possível fazer e fizemos! Revolucionamos, provocamos a participação popular e fizemos surgir o dinheiro da cidade. Investimos, aplicamos em diversas políticas públicas que melhoraram, em apenas quatro anos, a vida, a autoestima e a dignidade do povo.
Pra garantir esse tipo de entrega à população, é preciso muita dedicação, compromisso, trabalho e respeito com a coisa pública. Ufa! Foram anos de muitas transformações!
Cresci! Minha alma cresceu e se alegrou com o tanto que aprendi e, principalmente, com o que pude realizar.
Sofri também!
Sofri tanto para aprender, para fazer, para entregar resultados ao público e corresponder às expectativas… mas era um sofrimento bom, daqueles que você fica esgotada no fim do dia ou da madrugada, quando encerra um trabalho, conclui uma ideia, tendo a certeza de que ela vai ajudar pessoas. É realização que se chama isso né?
Mas sofri por outros motivos também: politicagens, rasteiras, traições, calúnias, injúrias, difamações, desqualificações, injustiças, violências, prisão!
Quando saí da prefeitura, em dezembro de 2020, ainda vivi a dor da decepção profunda com muitas pessoas próximas. A solitude, a solidão da dor é grande!
Sofri a dor da morte do meu pai. A paralisia das horas, dos acontecimentos, do tempo que demorava a passar, carregando o peso da incompreensão e da espera.
Tentei criar. Lutei diariamente para manter a coragem de criar diante de uma vida que me foi roubada e criei. Me recriei também. Encarei a vida e disse: “estou aqui para me entregar a você e não para resistir”. Fui me transformando…
Mas há elementos nessa transformação que não me agradam – não gosto de olhar no espelho e ver minha imagem. Em alguns pontos do meu corpo, dos meus movimentos, reconheço essas dores, pois elas deixaram suas marcas, suas pegadas, seus rastros e eu as vejo pulsando… às vezes chegam a ficar maiores que eu. Há momentos em que a tristeza me coloca, me joga em becos sem saída e fico pensando que eu e ela somos a mesma coisa, a mesma pessoa. Mas não somos!
Gosto de ver a transformação que essas dores causaram em minha essência, isso eu gosto – me transformei numa pessoa de coragem e a coragem deu cor aos meus atributos mais humanos, como o amor e a fé.
A coragem não é a ausência do medo – medo eu sinto, mas escolho não usá-lo no dia-a-dia. A coragem é corda de coração. Hoje me considero uma pessoa com muita identidade, tendo todas as minhas lutas ligadas ao público, aos comuns! E o meu amor, o amor que sinto pulsar em mim, é inteiramente disponível para essas lutas, pra essas pessoas comuns.
Mas hoje, agora, estou em pausa. Não em espera, mas em pausa. Vivo um momento muito especial de descanso, contemplação, vivo o ócio!
A pausa tem sido o ócio.
Dessa vez, não por estar quebrada, sem conseguir me mover de tanta incompreensão e dor em função da vida que me foi imposta pelo lawfare.
Dessa vez o ócio vem como prêmio, uma espécie de recompensa por ter resistido e me mantido viva! O ócio agora vem pelas mãos do amor e do cuidado. Estou usufruindo de coisas oferecidas pelo meu companheiro de vida, que, aos poucos, me traz a certeza de que sou feliz e de que mereço o descanso, o lazer e o prazer que tenho sentido. Mereço e posso receber.
A pausa é fundamental! Seja por um delicioso passeio, um banho de mar gelado debaixo de um sol escaldante, novas paisagens humanas, arte, cultura e diversão.
A pausa chegou e me trouxe de presente a compreensão e o valor do seu significado.
Por enquanto estou boiando nas águas do ócio criativo e belo. E com a pausa se completa, por hora, minha expansão. Fico absolutamente vazia para viver a criação, a coragem de criar! A coragem de ser e estar!!
Me aguardem!