Quem quiser entender as manifestações contra o resultado eleitoral busque nos pequenos e grandes empresários que estão por trás dessas manifestações e não naqueles que estão se apresentando como revoltados, alguns destes recebendo ordens implícitas dos seus empregadores.
A chamada direita política é um gênero ideológico que comporta algumas espécies típicas. A espécie de direita que estamos vendo no Brasil agora é o fascismo, cuja característica central é a mobilização de massas manipuladas por segmentos empresariais visando realizar um assalto ao poder e implantar um regime político que elimine os direitos e as liberdades fundamentais, para, com isso, aumentar seus lucros e seu poder na sociedade.
É visível a direção empresarial dessas manifestações, inclusive o seu financiamento direto e indireto. A resposta do poder público tem sido lenta e pouco eficaz, inclusive porque o poder executivo central sonha com a possibilidade de criar um caos generalizado no país no início do próximo governo.
A forma de enfrentar o fascismo é um pouco diferente do enfrentamento que se faz a chamada direta tradicional. O fascismo busca bases de massa, tendo a mentira nos meios de comunicação como um instrumento essencial para confundir e dissimular seus objetivos mais profundos.
O fascismo se enfrenta organizando o movimento dos trabalhadores (assalariados) e os movimentos populares, fortalecendo e criando meios de comunicação próprios desses movimentos e definindo uma pauta de reivindicação e uma estratégia de luta.
É importante também que o novo governo se prepara e até antecipe as chamadas conferências populares, para se discutir as pautas nas áreas da saúde, da educação, da segurança pública, da agricultura familiar, etc. Essas conferências, ao serem convocadas antecipadamente, orientam as discussões de base e fortalecem a perspectiva democrática contra a perspectiva fascista e golpista.
Uma questão central é voltar a fortalecer os sindicatos, pois a direita os fragilizou sobretudo dificultando a arrecadação de fundos de custeio autônomo, exatamente para dificultar a reação organizada dos trabalhadores.
É necessário colocar essa questão em pauta imediatamente, inclusive para introduzir a democracia dentro das empresas que, hoje, pela legislação trabalhista, se transformaram em fontes de assédio moral e humilhação de quem trabalha, verdadeiros feudos onde o direito não entra para que a direita transforme empregados em seus soldados ainda que a contragosto.
Democratizar as empresas e fazê-las respeitar os direitos fundamentais dos trabalhadores é a estratégica para prevenir novas investidas dos empresários fascistas. Colocar isso em debate é também uma forma de inibir o que está acontecendo.