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Uma política de enfrentamento à pobreza: Estamos prontos?

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Neste momento que ainda estamos impregnados de energias de esperança e de mudanças para nosso Brasil, me veio à memória um grande homem com o qual tive o maior orgulho de ter tido como chefe. Refiro-me ao ex-governador Antônio Mariz.

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Assim como falei no artigo passado sobre o sonho de Martin Luther King, Antônio Mariz também tinha um sonho: “Matar a fome de nosso povo”. Assumiu o governo em tempos difíceis; a seca e a fome dominavam nosso estado, causando situações deprimentes para nossa gente.

Não havia da parte do Governo Federal, ou melhor, estavam sendo criadas Políticas de Combate à Pobreza e um desses Programas foi o conhecido “Comunidade Solidária”. O Programa abrangia várias frentes, criou-se uma Agenda Básica, onde todas as ações ministeriais precisariam ser direcionadas, em primeiro lugar, aos municípios os quais o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) houvesse identificado com menores índices de desenvolvimento humano. Para cálculo desse índice são considerados educação, saúde e renda. À época, os munícios com piores índices, estavam na Paraíba, principalmente nos municípios da região do Cariri.

Nesta época, foram criados os Programas de Erradicação do Trabalho Infantil, Programa Vale Gás e, ainda, programas de Renda Mínima, que tinham um valor muito baixo, além da distribuição mensal de uma cesta básica, com itens muito básicos, já que não continham a verdadeira composição de uma cesta básica. Mas contribuiu muito para a melhoria da fome no país.

Quem trabalha, ou trabalhou, com programas sociais, sabe que dizemos sempre: “é no município que as coisas acontecem”. É do local para o Global. Estou dando ênfase a esta constatação porque está acontecendo, neste momento no Brasil, uma vontade de todos governantes em contribuir para melhorar a situação que se encontra o nosso país.

Assim, me atrevo a trazer uma contribuição que foi desenvolvida em dos municípios da Paraíba, exatamente o que tinha o menor IDH do Estado – São João do Tigre, programa muito premiado e que teve grande eficiência e eficácia na melhoria da qualidade de vida daquele município. Tive a oportunidade de acompanhar, por pelo menos 6 anos, esse trabalho, e arrisco dizer que enquanto nosso Governo não resolver desenvolver um PROGRAMA A NÍVEL NACIONAL, que envolva ações parecidas com as que foram desenvolvidas em São João do Tigre, a ação de distribuição de um “Bolsa família” resolverá apenas num primeiro momento a situação de nosso povo, mas não será capaz de provocar o desenvolvimento humano e econômico tão necessário ao povo brasileiro neste momento.

Foto Cidade; BLOG CACINBINHA Mapa: FamilySearch

O Brasil conta hoje, com uma Rede de Unidades Básicas de Saúde, que, apesar de ainda precisar de aperfeiçoamento e contar com o atendimento mais humanizado e realmente voltado para as famílias, poderá contribuir com o acompanhamento do desenvolvimento de nossas crianças.

O Governo atual, fala em aumentar a rede de creches como uma forma de contribuir com a mulher para que ela possa trabalhar, sabendo que seus filhos estarão sendo alimentados e recebendo os cuidados necessários. Mas precisamos ainda mais: se faz necessário que a mulher tenha mais tempo para ficar com seus filhos após o nascimento, possibilitando a ela que além do filho ser amamentado por mais tempo, ela possa, quando necessário, ser acompanhada pelos Agentes comunitários de Saúde para que possamos garantir às crianças condições emocionais e psíquicas.

Quando intervimos nos primeiros anos de vida de uma criança para promover o seu desenvolvimento integral, estamos garantindo a formação adequada dos alicerces cerebrais e biopsicossociais e suas competências futuras. Esses alicerces se organizam nos três primeiros anos de vida pela nutrição adequada, pelos estímulos que são proporcionados ao bebê e, particularmente, pela qualidade de relação que é estabelecida com os seus cuidadores nesse período. Isso será decisivo para suas capacidades de aprendizagem e socialização pelo resto da vida.

O Governo também quer garantir que para cada criança na escola, a mãe receba um acréscimo de cento e cinquenta reais. Mas de que tipo de escola estamos querendo oferecer às nossas crianças? É fato, que a maioria dos jovens saem do ensino básico, sem saberem fazer “as quatro operações” matemáticas, e não conseguem, ao ler um texto, saber interpretá-lo. Precisamos não só de instrumento de acompanhamento que assegurem que essas crianças estejam indo à escola, e que tenham presença comprovada, para que ao final do mês a mãe receba o acréscimo de renda. Precisamos que a escola seja capaz de nutrir os corpos e as mentes das futuras gerações desse país.

Fala-se em ensino integral e alimentação de qualidade. Mas quais instrumentos serão desenvolvidos para que essas crianças sejam acompanhadas nutricionalmente e que tenham seu desenvolvimento assegurado? Pode-se até garantir a alimentação na escola, mas para quem conhece as comunidades em vulnerabilidade social, sabe que na sua grande maioria, as crianças têm a alimentação na escola, mas ao chegar em casa nos finais de semana, nada garante que serão alimentadas. Alguns podem dizer neste momento: e os 600 reais que a família está recebendo? Quem faz este tipo de pergunta, já foi ao supermercado e sabe o que se compra para manter uma família de pelo menos 4 pessoas e quanto custa estes alimentos por mais básicos que sejam? A criança, para ter saúde, como qualquer adulto, precisa de carboidratos, tubérculos, verduras, legumes e proteína. Será que 600 reais cobrirão toda essa necessidade? Além das necessidades básicas de higiene, vestuário e moradia?

Talvez o leitor possa não ter compreendido ainda onde eu quero chegar. Quero apenas chamar a atenção dos homens e mulheres do governo que se inicia com uma enorme vontade de acertar e de corrigir os rumos desse país, que tem boa parte de sua população sem emprego, sem teto e com fome. Que o problema da fome não é apenas distribuição de uma certa quantidade de dinheiro para suprir uma semana de alimentos a uma família. Precisamos, em primeiro lugar, para mudar e corrigir as dívidas desse país com os mais pobres, que políticas simples sejam desenvolvidas. E, do ponto de vista do desenvolvimento do capital humano de nosso país, para que realmente ele venha a ser “criado”, precisamos pensar que usar recursos governamentais em verdadeiras políticas públicas. Não é gasto, é investimento.

Pesquisas divulgadas pelo Banco Mundial mostram que, para cada dólar investido em programas de intervenção precoce na infância, são economizados sete dólares em função da diminuição da repetência e evasão escolar, gastos no atendimento pela assistência social e pelo sistema prisional, e em gastos em atenção à saúde física e mental com jovens que se envolvem com drogas e não se tornam cidadãos capazes de fazer parte do Capital Humano em nosso país. Por outro lado, se não investirmos, pesadamente, no desenvolvimento da primeira infância, não teremos homens e mulheres com capacidade intelectual para que possam contribuir com o desenvolvimento humano, social e econômico que tanto precisamos.

É evidente, que esse tipo de politica não é bem aceita por nossa classe empresarial, a que está no topo da pirâmide econômica. Estes 8% da população que possuem, em torno de 90% de nosso PIB, não está preocupado em ganhar um pouco menos, ou pagar um pouco mais, para que tenhamos um país que, ao invés de exportar mão de obra desqualificada (ou até mesmo qualificada) para desempenharem atividades insalubres ou subalternas em países que onde seus nacionais acreditam estarem abaixo deles fazer. Poderíamos exportar homens e mulheres com capacidade para desenvolver, em qualquer Universidade do Mundo, suas atividades intelectuais, como qualquer cidadão em qualquer país desenvolvido. Ou mesmo, tornar o Brasil não só o maior produtor de alimento do mundo, mais um dos países com o maior capital humano do planeta.

A falta de politica voltada para o desenvolvimento intelectual de um país é a causa para esta descoberta da neurociência: “Filhos de pais pobres, tendem a ser pobres”!

 

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