A vitória de Lula no segundo turno das eleições passadas, desencadeou uma reação inusitada nos seguidores de Jair Bolsonaro, que resolveram fazer “uma greve,” pasmem, para questionar o resultado.
Já tínhamos visto greve por aumento de salários, por melhores condições de trabalho, por moradia digna e saneamento básico. Todavia uma greve por falta de votos foi a primeira vez que vimos.
Como tudo tem sempre um lado positivo já comentam até que, se o Brasil perder a Copa do Mundo e desmanchar o nosso sonho de sermos Hexa Campeão do mundo, basta levar esses manifestantes para a frente do prédio da FIFA pra lá ficarem até que a taça lhes seja entregue. Simples assim.
E mais ou menos sobre isso o tema de hoje.
Vem comigo!
Para os que Virão
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
– muito mais sofridamente –
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
