Dia desses li nalgum lugar a narrativa de certo pai a propósito da formação dos filhos pelo valor do exemplo, e contava que, certa vez, na fila de acesso de um circo, ele e o filho, quando fora pagar a entrada o bilheteiro, ao ver a criança, disse:
– De doze anos abaixo paga só meia.
O pai, então, informou: – Ele já tem mais de doze.
O bilheteiro riu e acrescentou: – Nem parece, bem que passaria por menor dessa idade em qualquer lugar.
Daí, o pai, também rindo, observou: – Mas o senhor imagine… De hoje em diante, ele iria viver pelo resto da vida a pensar, meu pai mentiu lá na entrada daquele circo da minha infância.
…
Isso mostra um pouco a importância de a gente agir com a gente mesma e com os outros. Define o valor de se ser fiel à Verdade a título de demonstração do que acontece na nossa consciência mais profunda. Nas mínimas ocasiões, essa chance vem à tona. Demonstrar aquilo que somos em realidade. Já ouvi dizer que quem é fiel no pouco assim também será no muito. As nossas escolhas são, portanto, o que demonstram o nosso caminho e os passos que nele damos a toda hora. Tanto em relação aos demais que nos observam, quanto na face de nós próprios.
Independentemente de serem valores morais, são valores essenciais em tudo por tudo. Pautamos nossa história pelas nossas mãos a cada momento.
Nos tempos atuais, impera a transmutação dos conceitos ao sabor das conveniências pessoais, nacionais, internacionais… Vive-se um tempo de mistificação, conluios, conchavos, versões, a ponto de existir uma verdade tão apenas relativa, elaborada no andar da carruagem longe das vistas.
Tempo de pouca liberdade e muita licenciosidade, conquanto o poder dos homens determina o certo e o duvidoso ao seu sabor, isso fruto da chamada e pretensiosa evolução da espécie. Hora boa de reconsiderar causas e consequências, e talvez evitar maiores dores perante a fome deslavada de uma inconsequência quase que generalizada, salvas honrosas e prudentes exceções.