Transcorria o ano de 1953 e o Nordeste brasileiro se deparava com mais um ano de escassez de chuvas. O país era governado pelo estadista Getúlio Vargas, no seu segundo governo desenvolvimentista e era um canteiro de obras públicas, muito diferente dos dias atuais.
As bases da nossa industrialização estavam sendo lançadas e obras estruturantes como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional-CSN, a construção da primeira usina de Paulo Afonso e a campanha pela nacionalização do petróleo que culminou com a criação da Petrobrás estavam em curso, elevando a nossa nacionalidade, massageando o nosso ego.
O médico, poeta e compositor nacionalista Zé Dantas, pernambucano da cidade de Carnaíba no Vale do Pajeú, compôs a primeira música de protesto da música popular nordestina que foi Vozes da Seca e entregou aos cuidados sonoros do inigualável Luiz Gonzaga, outro nacionalista e embaixador musical do Nordeste.
Hoje, em pleno desmonte do estado nacional pelo pior governo da nossa história o nosso sítio traz de volta para mostrar às novas gerações, como a luta pelo desenvolvimento e pelas condições de vida do nosso povo é histórica, difícil e hereditária.
A luta do presente ao invés de ser a favor da construção é contra o desmonte do estado nacional.
Ouçamos a música que é muito oportuna, atentemos para o conteúdo da letra, e nos unamos em prol da recuperação do nosso país ameaçado pelos vendilhões da pátria.
Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pedimos proteção a vosmicê
Homem, por nós, escolhido, para as rédias do poder
Pois doutor, dos vinte estados, temos oito sem chover
Veja bem, mais da metade do Brasil tá sem comer
Dê serviço a nosso povo, encha os rios e barragens
Dê comida a preço bom, não esqueça a açudagem
Livre assim, nós da esmola, que no fim desta estiagem
Lhe pagamo inté os juros sem gastar nossa coragem
Se o doutor fizer assim, salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação
E nunca mais nós pensa em seca, vai dá tudo neste chão
Como vê, nosso destino, mercer tem na vossa mão
Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
Ó, Fagner
Oi, Lua
Quando eu gravei esse baião, Gonzaguinha não era nascido ainda
Será que as coisa mioraro?
Ra, eu acho que pioraro viu, Lua
Porque o que era quase a metade, hoje é mais da metade
Os homi trocaro de roupa mas continua com a merma sé vergonheza
Ave Maria, Nordeste tão alegre, tão quente, tão bonzin né
Mas e o povo, rapaz, tão sambudo que é, rapaz
Ô, mai ra… fica…
Tão forrozeiro que é
Fica pedindo uma esmolinha
Ave Maria
Ai doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
Ou vicia o cidadão
Fonte: Musixmatch
Compositores: Luiz Gonzaga Do Nascimento / Jose De Souza Dantas Filho / Alexandre Magno Abrao / Thiago Raphael Castanho / Marco Antonio Valentim Britto Junior / Luciano Dos Santos Souza / Renato Peres Barrio / Luiz Carlos Leao Duarte Junior / Anderson Dias Da Silva / Mauro Matheus Dos Santos
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