Quando chegamos a esse planeta, viemos por necessidade. Pedimos para voltar por compromissos assumidos com quem não se deve falhar: o Pai Maior. Isso acontece porque temos missões, ou às vezes uma missão a cumprir. Falo sempre em minhas palestras, que uma das mais difíceis missões, é a do voltar para perdoar. Para quem ainda não conhece minha linha de pensamento, esclareço que sou uma mistura de Espírita com Espiritualista. Procuro ser, na vida, uma das criaturas que foca nos ensinamentos do Cristo. Assim, me vejo como uma de suas criações que fazem parte do planeta, procurando me interligar com todas as outras.
Assim, como se estivesse em um barco, todos nós, estamos em um balanço. Não no objeto, mas no movimento que o barco faz, quando está nas águas. Dizem que mar calmo não faz um bom marinheiro. Deve ser por isso, que dentro de nós, pulsa um órgão dos mais importantes: o coração. É, mais ele precisa de um leme, aí entra o pensamento, a mente. Não é o cérebro é a mente.
Demorei compreender, na verdade, estou neste processo de aprendizado. A vida é como o pulsar do coração; sabe aquele movimento da que fica marcado naquele aparelhinho que nos monitora, quando estamos no hospital? Aquele movimento que o ponteirinho da máquina faz, subindo e descendo, para mostrar que ainda temos vida? É assim a vida.
Em alguns momentos, estamos no pico. No pico da alegria, do bem-estar, do amor, da profissão, da vida econômica. Parte dos dias estamos no meio: nem lá em cima, nem tão pouco na baixa, na tristeza.
Mas se você perceber, existe um movimento, que pude observar ultimamente, não que ele não existisse, mas nosso observar tem a ver com o momento que vivemos e com a nossa busca de cura para nossos variáveis sentimentos. E, neste momento, a minha observação, tem sido na existência do movimento. Aquele que vem e vai, não é como o balanço da rede, mas o balanço das arvores, que se movimentam de um lado para outro, levadas pelo vento, mas que nos provoca um sentimento.
Se observarmos o movimento da dança, este bailar, tem um movimento de vai e vem. O movimento do buscar. A nossa vida, não tem este movimento? O buscar de nossas pretensões, realizações, o buscar realizar aquilo que sonhamos? Neste movimento, muitas vezes, nos colocamos como uma espécie de espectadores, do bailar, sem interferir, apenas observando.
O leitor deve estar se perguntando: o que isto tem a ver com o coração. Tem tudo. Sim, nosso coração pulsa numa batida constante, mas às vezes acelera em função de nossas emoções. Emoções que costumamos esconder, disfarçar, guardar. Alguns desses sentimentos, muitas vezes, dependendo do momento, não nos permitimos sentir, ou mesmo nos culpamos por senti-los.
Em algumas situações, em nossa trajetória de vida, assim como o barco que estamos ocupando enfrenta algumas tempestades, exige-se de nós algumas tomadas de decisões. Precisamos mudar de movimento. É obvio, que nem sempre esse mudar de movimento, como se estivéssemos dançando um ritmo de música e de repente, a orquestra muda o ritmo, e urgentemente, ou paramos parar e dar um tempo e reiniciar ou, rapidamente, mudamos de ritmo, assim como a música tocada.
Essas mudanças bruscas, seja do tipo de música, do vento que sopra mais forte, ou da tempestade que provoca ondas mais fortes do mar, exige de nós, em primeiro lugar, um pouco do autoconhecimento, em segundo, coragem, fé, determinação e esperança. Quando trago algumas questões aqui neste espaço, na maioria das vezes, são experiências que estou vivendo ou já vivi. Não falo exatamente de mim, mas do que já vivi, e de repente, pelo aprendizado, eu também possa dar minha contribuição alguém.
Quero dizer, que como tantos poetas já disseram, depois da noite, vem a luz do dia. Eu gostaria de acrescentar, que mesmo à noite, se quisermos, além da escuridão, podemos ver as estrelas, a lua e a beleza que vem junto com ela. O silêncio. O silêncio, também é importante, para esta reflexão. O que que estou vivendo, e está me incomodando, posso mudar? Se eu mudar, quais são as consequências? Não poderemos nunca parar e só observar. Todos os momentos, exigem de nós um movimento: seja do corpo, da mente e até mesmo das lágrimas. Tudo faz parte desse movimento que nos leva ao autoconhecimento, ao aprendizado que pode nos tirar do lugar de aflição, para um lugar total transformação, ou, ainda, a um lugar de espera. Esperar também faz parte desse movimento. Esperar para avaliar, sentir o movimento. Sejamos árvores, que balançam com o vento e este nos força a pender para um lado e para outro, mas nunca parar nem cair.
Parar significa estacionarmos no tempo e no espaço. Desistirmos? Isso, se levarmos em consideração nosso coração, significa que nossos órgãos pararam, desistimos de viver, ou chegou a hora de partirmos.
Essas questões, também me levam a um riacho ou mesmo um pequeno rio, que ao passarmos, turvamos a água. Ou outros, passaram antes e turvaram a água. O que precisamos fazer? Tomamos a decisão de não passar ou esperar que a alga turva passe para que decidamos o que fazer?
Existe uma pequena historinha contada pelos que vivem a cultura Zen, que um sábio ia caminhando com seus discípulos por um deserto, e já não tinham mais água. Então, o sábio identificou pelo movimento do ar e pela brisa, que ali por perto havia água. Assim, mandou que seus discípulos procurassem ali por perto onde havia a água. O que encontrou o riacho, voltou porque acabara de passar uma boiada, e a água não se prestava para o consumo humano. Revoltado e triste, voltou para dar, segundo o seu entendimento, a triste notícia. Mas, o seu Mestre o reprendeu pela atitude e disse: “volta, fica à margem do riacho até que a água decante, torne a ficar limpa, para que encha nosso depósito para que saciemos nossa necessidade e possamos dar continuidade a nossa caminhada”.
Assim, é a nossa vida, neste movimento de ir e voltar, o que buscamos? Se faz necessário dizer que precisamos fazer o movimento da busca do que precisamos. Às vezes, buscamos apenas bailar, outras vezes, precisamos de um abraço, de um movimento que nos traga aconchego. Neste tempo de isolamento, e em muitas situações de nossas vidas somos tolhidos de um abraço, de uma conversa que nos eleve. Tomarmos um café, comermos um bolinho com nossas amigas (os), jogarmos um pouco de conversa fora… pode ser.… o que não pudemos deixar de fazer, é o movimento da busca do que queremos, do que precisamos. Precisamos dar o primeiro passo, demonstrar nossa necessidade, nossa vontade. Buscar o outro, a árvore é impulsionada pelo vento, e nós, o que nos move nessa busca? O amor próprio, a decisão de fecharmos ciclos que nos fazem mal e que nos adoecem?
Existem situações que o fechamento do ciclo, não depende só de nós. Pode ser do tempo. Não do tempo que damos e paramos. Mas do tempo do amadurecimento necessário à conclusão de uma missão, de uma atividade iniciada e que sabemos, não devemos deixar pela metade. Precisamos fechar ciclos, quando as atividades dele se encerrarem, ou mesmo não suportamos mais. Neste exemplo, me vem à mente um casamento abusivo ou, quando não, sem respeito ao outro. Nunca é tarde para pensarmos em nós. No movimento que precisamos fazer, para nos tornarmos felizes.
Para começarmos se faz necessário esse movimento. Que tem efeito do pulsar de nosso coração do movimento de ir e vir das plantas, que movidas pelo vento, também buscam a outra planta, procuram deixar cair o que está nela e não serve. Lembremos de nosso coração e do seu movimento no bailar da vida.