Matéria publicada no jornal O Globo, edição do dia 05/07/2022 e assinada por Ana Lucia Azevedo, fez soar o alarme para aquela que é apontada como a primeira manifestação concreta do efeito estufa na região nordestina.
Diz a manchete:
“CIENTISTAS COMPROVAM, PELA PRIMEIRA VEZ, QUE CHUVAS CATASTRÓFICAS DO NORDESTE FORAM PROVOCADAS PELO EFEITO ESTUFA”
Conclui dizendo:
“Fenômeno de efeito climático que assolou Pernambuco, está associado ao desmatamento e à queima de combustíveis fósseis.”
Há algum tempo os ambientalistas e estudiosos vêm advertindo sobre o perigo que estaria nos rondando, desenhado pela insanidade das pessoas no tocante ao descaso para com os recursos naturais, o meio ambiente e a sustentabilidade.
A devastação continuada dos recursos naturais, de significativa importância para o desequilíbrio do planeta, tem causado danos irreparáveis à sustentabilidade e pode comprometer de forma irreversível, o futuro das próximas gerações.
Para início de conversa é preciso que todos saibamos que o efeito estufa é um fenômeno natural milenar que sempre existiu, por ser necessário ao equilíbrio do planeta.
É ele, o efeito estufa, que obedecendo aos ditames da mãe natureza, tem mantido o equilíbrio da temperatura da terra em limites toleráveis, permitindo a sua habitabilidade pelos seres vivos, animais e vegetais.
A variação normal de temperatura da massa d’água dos mares e dos oceanos, é que tem evitado os extremos de temperaturas que seriam insuportáveis à vida terrestre. Sem essa equalização natural, as temperaturas atingiriam uma variação de até 300°C. Sendo + 150°C durante o dia e -150°C durante a noite.
Mesmo diante dessa evidencia, a humanidade tem sido indiferente ao dito popular que nos ensina: “tudo demais é veneno!” esquecendo que a natureza tem rito próprio e nunca se queixa, sempre se vinga.
Os fenômenos climáticos adversos que têm se intensificado de forma avassaladora nos últimos tempos, são devidos ao aumento da emissão dos gases causadores do efeito estufa. Esse exagero ambiental é provocado pela ação humana, na maioria das vezes inebriada e obcecada pela reprodução e multiplicação do capital e do lucro fácil.
Há milhões de ano o lançamento de gases na atmosfera acontecia de forma natural, harmoniosa e era perfeitamente tolerável. Toda alternância térmica decorria em grande parte do controle de temperatura exercido pela massa d’água.
Como o planeta terra é constituído por 2/3 de água, o fenômeno da variação de temperatura é perceptível através do movimento dos ventos, que faz com que pela manhã o vento terral sopre no sentido terra- mar, e ao fim da tarde o vento maral inverta o rumo e sopre no sentido mar- terra.
O jangadeiro aculturado, ignora esse rito e desconhece que o seu labor é o maior indicativo dessa dinâmica do vento e do movimento das correntes marinhas. Ele desconhece as ciências, mas sabe muito bem a hora de ir e de voltar do mar em condições mais favoráveis e em maior segurança.
Num comparativo bem simples, o efeito estufa se assemelha a uma grande panela em fervura abafada. Em decorrência do calor ocorre uma evaporação interna, em que o vapor irá se desprendendo da água quente e se alojando sob a tampa, de onde depois de condensado se precipita em forma de chuva.
A fotografia acima ilustra o nosso raciocínio e nela podemos ver a faixa azul de mais ou menos 15 km que representa a camada atmosférica. Essa seria a tampa de uma grande panela submetida a pressão natural, que confina os gases vindos da superfície terrestre transformando o ambiente confinado sob a atmosfera, numa grande estufa a provocar chuvas naturais.
O espaço entre a litosfera e a atmosfera é a ribalta sombria da ação humana para o espetáculo macabro da destruição, indiferentemente às consequências.
É nesse ambiente fechado que emanam gases produzidos pelas queimadas, pela queima de combustíveis fosseis consumidos por veículos e motores diversos, pelos clorofluorcarbonetos que juntos ao aquecimento natural, contribuem para formação do efeito estufa. São brocas que além de contribuírem para aumentar o aquecimento, perfuram a camada de proteção do planeta terra, permitindo a entrada dos indesejados raios ultravioletas.
As sequelas que já vêm ocorrendo de há muito tempo em outras regiões, segundo a opinião dos estudiosos, desembarcaram recentemente no nordeste brasileiro e se manifestaram através de cheias catastróficas, provocadas pela grande intensidade das chuvas recentes.
Chuvas torrenciais de ocorrência prolongada, aconteceram nos estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe e da Bahia, resultando em grandes inundações, consideradas pelos especialistas, como o gatilho mais visível do efeito estufa.
As catástrofes de agora podem ser a sinalização do que está por vir e em proporções bem mais avassaladoras, desde que providencias imediatas não sejam adotadas para estabelecer um paradeiro nessa insanidade.
Lincoln Muniz Alves, cientista do Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE, participou de uma pesquisa feita pelo World Weather Attributtion, entidade formada pela colaboração entre cientistas do Reino Unido, Holanda, Suíça, Índia e Estados Unidos, do Imperial College London e da Universidade Princeton.
Eles chegaram à conclusão de que o acréscimo de 20% na probabilidade de ocorrências das chuvas recentes em Pernambuco, e também nos estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, de Alagoas, de Sergipe e da Bahia, foi estimado a partir de projeções climáticas pré-industriais, considerando o efeito dos gases do efeito estufa.
Portanto, não se trata apenas de palpites como fizeram secularmente os profetas populares, afirmando que o sertão iria virar mar e o mar iria virar sertão.
A vidência desses profetas populares, que faziam prognósticos climáticos no nosso semiárido, mesmo surgida do messianismo de alguns, conseguiu antever que o exagero poderia ser também a saga da destruição, colocando o mapa do brasil de cabeça para baixo.
A desordem ambiental causada pela total leniência, o descaso e a permissividade do governo do sr. Jair Bolsonaro, têm colocado o Brasil numa situação ameaçadora perante o planeta, transgredindo todas as normas e tratados ambientais dos quais é signatário, colocando o país numa situação vexatória perante o mundo.
A leniência e a inércia oficial, passa a atrair para o nosso próprio território, os efeitos deletérios do desastre ambiental, que mostrou a cara e está por vir de forma mais intensa e de graves consequências.
Diz o dito popular: quem com muitas pedras bole, uma lhe vem à cabeça!
Consulta:
Sobe para 56 o número de mortos após chuvas em PE; 56 seguem desaparecidos | CNN Brasil;
Chuvas em Pernambuco têm influência da mudança climática? Cientistas explicam | Exame;
Fotografias:
Descubra o que é o efeito estufa – Estudo Kids;
Sobe para 56 o número de mortos após chuvas em PE; 56 seguem desaparecidos | CNN Brasil;
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Desmatamento e ameaças a áreas protegidas na Amazônia cresceram 39% | VEJA (abril.com.br);
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