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O samba do crioulo doido na politica

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O modelo eleitoral liberal burguês é baseado no pluripartidarismo que adota como forma de governo a Democracia Representativa, a qual pode ser definida assim:

“Democracia representativa ou democracia indireta é uma forma de governo em que o povo elege representantes que possam defender, gerir, estabelecer e executar todos os interesses da população.

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A principal base da democracia representativa é o voto direto, ou seja, o instrumento pelo qual a população pode apreciar a postulação de todos os candidatos a representantes do povo, e entre eles escolher aqueles que considerem mais aptos para representá-los.”

Os defensores do modelo de democracia representativa apontam como grande vantagem a garantia de oportunidades eleitorais iguais para todos os cidadãos. Teoricamente, todos, indistintamente têm direito de votar e de ser votado na escolha dos seus representantes junto ao parlamento e os membros do poder executivo.

Os defensores do modelo eleitoral liberal burguês dizem que a democracia representativa oferece oportunidades iguais a todos e segundo eles não tem o autoritarismo dos regimes de partido único, um modelo  de democracia representativa adotado pelos países socialistas.

No nosso humilde e modesto entendimento, a tão propalada isonomia de oportunidades pregada pelo liberalismo eleitoral burguês, a rigor é uma forma de acomodar no interior  dos partidos políticos as dissenções internas de cunho econômico.  Essas agremiações têm em comum o mesmo posicionamento ideológico em defesa do liberalismo econômico, modelo econômico  onde é nítida a luta de classes, a concentração de rendas, a desigualdade social e todas as demais formas de exploração que causam sequelas sociais decorrentes do capitalismo.

Se atentarmos bem, não há diferença alguma entre a quase unanimidade desses partidos políticos, a não ser as siglas. Eles existem porque por ocasião da partilha dos ganhos de capital auferidos do próprio aparelho de estado, existe uma disputa ferrenha de interesses. Diferenças de forma e nunca de conteúdo. Para acomoda-los, é necessária a existência de vários departamentos  de aparente diferença, que são as agremiações partidárias.

Mal comparando são iguais aos porcos que são separados por baias e se alimentam no mesmo cocho. Brigam e até se mordem na disputa pelo alimento, todavia na hora da dormida estão todos deitados, bem juntinhos uns sobre os outros, se aquecendo.

Há dias passados ouvimos através do rádio a forma de acomodação que está sendo urdida para as próximas eleições aqui na pequenina e heroica Paraíba, onde as oligarquias estão à procura de uma fórmula de aglutinação que preserve os espaços partidários de cada uma delas.  Sem macular a  a identidade ideológica do conjunto de agremiações partidárias, têm  como alvo a dissenção com um político “exótico” que tornou-se  um inimigo comum. Não da pessoa física em si mas o que ele representa como ameaça  capaz de  atrapalhar lhes os planos.

Estão divididos em agrupamentos partidários, cada um pleiteando uma composição sólida para enfrentar o adversário que pelo visto é um só, Ricardo Coutinho. O projeto de governo que ele defende e já adotou quando à frente do estado, foi de muito agrado da massa trabalhadora, mas não agradou de forma alguma  as oligarquias.

Instrumentos de democracia participativa que pôs em prática durante o seu governo, como o orçamento democrático, o controle social, o pacto social com os municípios, impediram durante oito anos o fisiologismo e o compadrio das oligarquias e da parentela. Essa ideia, no modo de pensar deles, precisa ser extirpada nem que para isso precisem recorrer à máquina de moer reputações para remover os obstáculos. Todas as politicas públicas foram   abolidas no atual governo e pela decisão dos aliados  não podem nem devem ser reimplantadas.

Um problema maior que não podem remover é candidatura de Lula, de quem Ricardo Coutinho é aliado e recebe forte apoio. Lula   tem um apelo popular muito forte e  aparenta ser imbatível. Esse é o pesadelo que a parte mais camuflada das oligarquias é obrigada a suportar, com o olho em possíveis dividendos eleitorais que podem obter, tirando partido da grande popularidade do presidente Lula, que  é  apontado pelas pesquisas de intenção de votos como vitorioso em todos os cenários possíveis. Então a palavra de ordem é destruir Ricardo politicamente para salvar a rapadura pelo menos na Paraiba.

Para o desespero de alguns  o palanque de Lula na Paraíba, segundo declarações dele próprio, já está armado. Tem como pré-candidatos o senador Veneziano Vital do Rêgo ao governo do estado e o ex-governador Ricardo Coutinho ao senado.

Com o pensamento focado na governabilidade e conhecendo como conhece bem os parlamentares atuais, Lula  está estimulando o lançamento de candidaturas populares e progressistas da melhor qualificação, como é o caso dos nomes  de:  Luiz Couto, Estela Bezerra, Jeová Vieira Campos, Lucélio Cartaxo, Aparecida Ramos, Marcia Lucena, Marcos Henrique, Cicero Legal, Luciano Cartaxo. Todos eles  votam incondicionalmente em Lula para presidente e por ele são apoiados. Isso não impede que Lula  receba apoio de outras forças políticas que se decidam por sufragar o seu nome. Apoio por gravidade, segundo o saudoso Miguel Arraes de Alencar, candidato nenhum rejeita.

Outro fator de suma importância para o projeto dos  que apoiam por convicção a candidatura de Lula é a construção de uma bancada de  confiança que garanta a governabilidade do futuro presidente, sem sobressaltos. Essa ideia tem provocado uma forte enxaqueca nas oligarquias, inclusive numa parte minoritária do próprio PT, afetada pela picada da mosca azul, onde há a dissenção do grupo que chamamos de minoria esmagadora que  insiste em se contrapor à orientação majoritária do partido.

Esse segmento, por conveniência própria, não quer de maneira alguma seguir a orientação partidária nacional e tem se constituído na minoria esmagadora da qual falamos, atitude em que imitam os políticos liberais, atitude  que nem mesmo Freud explica.

Lula, com a experiência política que acumulou ao longo da sua caminhada de vida, sabe muito bem que precisa eleger a si próprio, contudo também sabe tambem que precisará construir um sólido apoio parlamentar no congresso. Ele mais do que ninguém sabe da importância de assegurar a governabilidade, de modo a permitir a adoção de medidas de correção de rumo, as quais o país e a nação tanto anseiam e esperam dele.

Como conhecedor da posição dúbia da grande maioria do congresso é mais do que prudente  precaver-se. Nesse sentido, a atual bancada parlamentar da Paraíba, tanto no congresso nacional como na assembleia legislativa, tem deixado muito a desejar. Portanto necessária se faz, uma grande renovação qualitativa que leve em conta não apenas a idade e os rostos bonitos, pois afinal não estamos promovendo um concurso de beleza e sim escolhendo nossos representantes. Entre os atuais parlamentares, há aqueles que aqui no estado, próximos do eleitor, são adeptos de Lula desde criancinha. Todavia ao desembarcarem no aeroporto de Brasília passam a ser fiéis escudeiros do ex-capitão. Ou seja, eles são Lula cá, mas não querem de forma alguma ser Lula lá.

Existe um grupo na capital formado com o apoio do atual prefeito Cicero Lucena, que tem no deputado Aguinaldo Veloso Borges Neto o pré-candidato ao senado. O atual governador tem flertado com o grupo, se insinuando como o pré-candidato a governador  pelo bloco, mesmo sabendo do bolsonarismo endêmico  de Aguinaldo Veloso.

O outro grupo, que é originário de Campina Grande, tem no deputado Pedro Cunha Lima, um bolsonarista de primeira hora, o pré-candidato ao governo estado, ele que vem flertando com outro Bolsonarista costumaz que é Efraim Morais Filho. Ambos  têm uma vontade incontida de subir ao olimpo e pelo que se comenta terá Efraim como  pré-candidato ao senado.

Diante de todo esse fogo cruzado, dessa acomodação oligárquica, o próprio atual governador do estado, que se diz pré-candidato  a reeleição, está à procura de um pré-candidato ao senado para compor a sua chapa Todavia tem uma exigência prévia para aceitação, não se sabe se como forma de rejeição a Efraim Filho. Diz ele que somente aceita um postulante que  aceite o apoio à candidatura de Lula. Essa é uma mercadoria  muito difícil de encontrar no nicho político que o cerca.

Nesse jogo da velha, houve a sobra ou a boia como dizemos lá in nois de dois lépidos pré-candidatos ao senado. Um deles é filho do deputado Wellington Roberto, de nome Fábio Roberto, um ilustre desconhecido que se diz o candidato preferencial  de Bolsonaro. O outro é o atual assessor oficial de Jair Bolsonaro, o pastor Sérgio Queiroz, conhecido nos púlpitos mas neófito na política, também se apresentando como candidato do presidente da república, ambos estão  a procura de um casamento eleitoral como pré-candidatos ao senado.

Tal qual os gases nobres da química procuram interagir com outros elementos da tabela periódica da política, sabendo que a provável chapa do governador está incompleta, mas que ele ainda flerta com o Deputado Aguinaldo Veloso Neto, cujo rumo político sempre insondável e imprevisível, somente deus sabe. O que todos sabemos acerca do comportamento político que sempre adotou  é que ele pode surpreender na undécima hora, como já fez algumas vezes, dependendo da conveniência.

Nesse arranjo eleitoreiro dinâmico e frenético, nos veio à mente o samba de conotação racista de autoria de Sérgio Porto, codinome Stanislaw Ponte Preta, O Samba do Crioulo Doido.

O samba, como ritmo, sempre teve uma ligação umbilical com a negritude e consagrou-se como ritmo nacional, preservando as raízes musicais  que foi um legado dos  nossos irmãos negros cruelmente escravizados. Eles nos trouxeram a ginga e o ritmo no semba, vindo com eles da mãe África, para cantar as suas magoas e sofrimentos nos porões dos navios negreiros e nos subsolos frios das senzalas.

O samba do Crioulo Doido foi feito para ser apresentado no teatro de revista, como uma sátira aos temas dos sambas-enredo das escolas de samba, numa época em que exigiam dos compositores a presença de vultos ilustres da nossa história nas suas letras.

Então a citada composição que em muito se assemelha ao nosso momento de arrumação política entre as oligarquias, neo oligarquias e parentelas vem a calhar. Vejamos:

Na primeira tripulação o mestre arrais C e seus seguidores vem mantendo uma composição com o mestre amador A, um possível tripulante que irá compor a navegação na travessia eleitoral que se aproxima em outubro próximo. A tripulação acena com a promessa de conduzir o capitão amador J que ainda não aprendeu a nadar.

A segunda tripulação, que se auto denomina a maior tripulação do mundo, tem no capitão amador P o seu comandante. Ele vem mantendo uma relação estável com o mestre arrais E, para compor a tripulação e se somar a ele numa navegação eleitoral segura e de puro sangue bolsonarista.

Isso tudo sob o olhar aflito do tripulante J que além de não saber nadar ainda espera ansioso  um aceno  da primeira tripulação citada.

A terceira tripulação nos parece  completa e segura,  já começa a soltar as amarras que a prendem ao cais para singrar o oceano eleitoral. Ao que se anuncia irá navegar num saveiro de velas altas, manuseadas pelas mãos de uma tripulação completa, sob o comando do almirante L com dois capitães de mar e guerra que são V e R no comando do manche e da embarcação.

Mesmo com essa organização corporativa no âmbito desse nicho político, ideologicamente igual, vez por outra estamos assistindo o vai e vem de membros do médio ou baixo clero, saltando  de um partido para  outro como quem está a procura de salvar a pele.

Vejamos como o samba do crioulo doido é uma metáfora bastante  apropriada para a descrição de toda essa diástase açodada, onde o que é menos levado em conta é a nação, é o povo:

“Este é o samba do crioulo doido. A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu ao regulamento, e só fez samba sobre a história do brasil.

E tome de inconfidência, abolição, proclamação, Chica da Silva, e o coitado do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola.

Até que no ano passado escolheram um tema complicado: a atual conjuntura. Aí o crioulo endoidou de vez, e saiu este samba:”

Por aí segue a música  numa confusão e ajuntamento dos diabos, misturando nas rimas perfeitas, mas impossíveis, alguns personagens de épocas históricas  completamente diferentes, de modo a fazer inveja ao nosso famoso Zé limeira, denominado o Poeta do Absurdo.

Em outro trecho ele acrescenta:

“Foi em diamantina onde nasceu J.K. E a princesa Leopoldina lá resolveu se casar mas Chica da Silva tinha outros pretendentes E obrigou a princesa a se casar com Tiradentes Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar.” 

No demonizado  modelo socialista de governo o partido é único, a convivência nos parece mais pacifica, mesmo  sem ter  unanimidade. O raciocínio  é que uma vez abolidas as classes, a nação para quem o país existe, ou deveria existir, fica reduzida a um único extrato social que é a classe trabalhadora.

Portanto, se não há necessidade de  luta de classes, não haverá também as  disputas partidárias. Todos poderão se organizar em torno de um único partido. Lá as  eleições existem sim e são eleições diretas para escolha de; representantes de quadras, de bairros, de cidades, de regiões e até do próprio país, ou seja, democracia do piso ao teto e com rigoroso controle social. Algo  interessante e impensável por essas paragens, é a reversão dos mandatos a qualquer tempo, o que permite a substituição  de qualquer dos eleitos, feita pela própria comunidade que os elegeu.

Essa regra jamais existiria no modelo eleitoral liberal burguês, porque para tanto exigiria a aprovação num congresso conservador, dominado secularmente por oligarquias viciadas, por néo-oligraquias, por parentelas e outsiders  que jamais iriam decretar a própria  sentença de morte política.

Com certeza não   iriam   criar cobras para morde-los. Todavia para nós eleitores seria a forma de mantê-los sob controle.

Enquanto não decidirmos elaborar de baixo para cima um modelo eleitoral que leve em conta os interesses maiores da nação, a nossa participação será sempre subordinada às regras eleitorais deles, que permite tudo quanto nos é prejudicial para manutenção do status quo.

Hoje, se reclamarmos isonomia na participação política, receberemos com certeza a  resposta sonora: fundem um partido político e venham disputar espaço conosco!

“Assim Caminha a Humanidade!” diz o título do faroeste dirigido por George Stevens!

E assim também será, até a retirada da venda olhos de 84% da nossa população pobre, que não é economicamente uniforme e inclui na sua composição um grande contingente de famélicos.

Estamos todos nós  fora do campo das decisões, vivendo secularmente à margem do desenvolvimento e sem nenhum protagonismo politico que nos  permita um controle social rotineiro. Temos como única arma, o voto que é dado a cada quatro anos, que muitas vezes a fome obriga muitas pessoas  a vende-lo.

Como maioria temos obrigação de lutar para mudar esse modelo eleitoral excludente e inverter essa lógica opressora e perversa.

Quando alguém nos pergunta quando e como essa inversão poderá acontecer, respondemos sempre: quando houver condições subjetivas, ditadas pela consciência. Condições objetivas temos de sobra: desemprego, fome, miséria, analfabetismo, (aqui)

Em primeiro lugar o nosso povo precisa comer para não raciocinar através do estomago. Em segundo lugar precisa estudar muito para enxergar as causas da exploração e da fome.

Esse binômio a classe dominante em primeiro lugar nega veementemente que exista e, em segundo lugar considera a educação profissionalizante suficiente para atender as necessidades dos meios de produção que lhes pertence. Ponto.

Esse será o nosso papel e o papel dos filhos do povo que tenham despertado para essa cruel realidade sem se deixar seduzir pelo canto mavioso da sereia. Caminhemos!

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