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O amor que morre, não é amor

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Li um pequeno texto no Facebook que falava com muita propriedade porque o amor morre. Achei lindo, mas infelizmente não consegui identificar o autor, a quem peço licença para, de certa forma, falar algumas coisas ditas por ele ou ela. Talvez por ser de uma geração que, para os que são nascidos neste século, lidam com a matéria de amor de uma forma “brega”.

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Do que precisa o amor para não morrer? Em primeiro lugar, que seja amor. Lembrei-me de reunião que fiz com o grupo de produtores em Mamanguape, e quando disse que o amor é como uma árvore fraquinha assim que nasce, e que precisa ser regada todos os dias.

Contudo há vezes em que já nasce muito forte, acredito ser um “encontro de almas”, que, ao se verem, sentem já terem vivido tantos encontros ao longo das existências, que apenas se reencontraram.

Não sei se é pelo mês dedicado à mulher, ou se é pela necessidade mesmo de falar de um tema que jamais sairá de moda. A arquétipo da perfeição, ainda não pode ser atribuído ao ser humano. Não somos perfeitos. Muitas idas e vindas serão necessárias, para que nos tornemos perfeitos, neste caso, anjos. Contudo, o mito de Pandora, a primeira mulher do mundo, pode ser muito esclarecedor quanto a isso.

Apesar de ter ficado famosa pela sua caixa, Pandora foi uma criação de Zeus para punir os seres humanos, antes dela todos os habitantes da terra eram assexuados e viviam uma vida monótona, entretanto, ao chegar nesse mundo, Pandora mostrou aos homens o que era beleza, eloquência e, acima de tudo, curiosidade. Não somos perfeitos, mas se seguirmos a curiosidade de Pandora talvez nos eduquemos para que um dia cheguemos lá, nunca nos esquecendo de nos embasbacar com fenômenos estonteantes, como um arco-íris, que apesar de sabermos ser apenas um fenômeno de refração da luz em gotículas de água não nos deixa de encantar cada vez que aparece nos céus.

Agora, me posicionando como mulher, sempre fui, e ainda sou, romântica. É certo que parte desse romantismo foi transformado, em duras passagens pela vida, mas esse sentimento, ainda mora no meu coração. Quando namoramos, ou, principalmente, quando casamos, pensamos em vivermos um amor, não tão ardente como de início, mas sonhamos com uma vida de paz, serenidade e companheirismo. Ah! Sim, sonhamos em ficarmos velhinhos, e mesmo assim, andarmos de mãos dadas nas caminhadas, à beira mar, olhar o sol que se põe com toda beleza que a divindade nos presenteia todos os dias.

Sabemos que chegará um dia que esse amor pode se tornar uma grande amizade, e por tudo que já se viveu, poderemos parar de vez em quando, e pensar nos momentos já vividos. Sentar para apreciar um luar especial, na verdade todos são especiais, escutando uma boa música, quem sabe a música que embalou nossos sonhos, nossos bailes, nossas festas… Tomar uma taça de vinho à luz do luar também faz parte da vida que pode se tornar encantadora.

Algum leitor pode até achar que isso é uma grande bobagem, se você pensa assim, acredito que você poderá estar no grupo dos que têm contribuído para que o amor morra. Sabemos que, fisiologicamente, envelhecemos, e que, naturalmente, não poderemos continuar tendo as lindas noites de amor, embaladas com música, ou profundos sussurros de amor de uma grande noite de sexo. Mas será que o amor é só sexo? Se assim for, o amor só vai durar enquanto, fisiologicamente, podemos ter uma vida sexual ativa?

Não é esta imagem de amor a que me refiro aqui, mas para quem pensa que o sexo está diretamente relacionado ao amor, esse amor já veio ao mundo natimorto. Por alguma razão que não consigo compreender, talvez pela minha “condição feminina”, é a motivação que faz com que, no meio dessa vida escolhida para ser vivida a dois, um dos parceiros, na grande maioria o homem, sente a necessidade de trair. Por conta dessa traição aquela árvore que se tornara frondosa, que além dos frutos nos oferecera também a sua sombra, começa a ficar fraca e vai enfraquecendo, até que, se não morrer, se torna insignificante.

Relacionamentos de 30, 40 ou 50 anos, não são mais tão comuns de se ver. Tantas foram as mulheres que tiveram um longevo casamento e me ensinaram que isso não significa nem amor nem felicidade. Viveram até o ultimo dia de suas vidas ao lado de seus companheiros, mesmo tendo a dor da traição permanecido constante em suas vidas. Quantas mulheres não passaram pelas mesmas dores de um casamento cheio de traição, desrespeito e desconsideração. Era costume, tempos atrás, as mulheres, durante o resguardo, o repouso pós-parto, precisarem ficar 30 dias reservadas das funções mais árduas do lar, até mesmo porque uma criança, naquela época, merecia mais cuidados que hoje. Estamos falando de um tempo que as vacinas eram raras ou inexistentes, e a mortalidade infantil altíssima. Nos parece algo longínquo, mas a vacina contra a pólio, por exemplo, só veio a ser desenvolvida em 1955, antes do nascimento de muitos de nós. Questões como formas corretas de higienização não eram conhecidas, por exemplo, a tesoura com que se cortava o cordão umbilical da criança sequer era esterilizada.

Mas não eram apenas os males da infância que tinham ampla disseminação, infecções sexualmente transmissíveis, não eram preocupação dos homens, e as mulheres, que pouco ou nenhum conhecimento tinham sobre o tema, se submetiam àquele homem, que, tantas vezes costumava ter relacionamentos íntimos com várias mulheres. Com raríssimas exceções, essa esposa, poderia falar que estava com algum “incômodo”. Falar desse tipo de intimidades não era assunto para ser tratado, e, dependendo do nível econômico dessa mulher, não tinha acesso a nenhum tratamento de saúde. A Sífilis reinava dentre as infecções sexualmente transmissíveis. Para se ter uma ideia, antes de me casar, nos idos anos de 1980 tive que fazer este exame antes de meu casamento. O cuidado com esse tema foi criado a partir da realidade das mulheres da idade de minha mãe. Meu pai, como tantos a teve e a transmitiu.

Outra realidade das mulheres desse tempo a que me refiro, principalmente nas cidades e sítios no interior, era que todas as vezes que uma mulher estava no período do resguardo, sempre se contratava (contratar é um termo mais refinado que estou dando), na verdade, uma comadre, uma moradeira ou uma irmã, vinha assumir o cuidado com a casa da parturiente, com a casa e com os filhos. Como curiosa das questões da mulher no interior, conheço inúmeros casos de homens que, como não podiam se aproximar, sexualmente falando, da esposa, se aproximavam destas mulheres que vinham “tirar o resguardo” da dona da casa, e se tornavam amantes daqueles homens. Tinha-se como algo normal, mas não consigo deixar de considera-los desrespeitosos e sem o mínimo de carinho pela esposa.

Quando se pergunta “Como morre o amor? ” Respondo: lentamente. Morre pela falta de respeito, pela falta de um olhar de admiração, morre por falta de uma carícia no rosto que começa a demonstrar as rugas que trazem memórias do sofrimento e do tempo, morre pela falta do elogio dos cabelos brancos, que modela aquele rosto que continua lindo e traz à lembrança a beleza da juventude. O amor morre, quando você não lembra do aniversário do parceiro ou parceira, quando você esquece de chegar em casa com uma rosa ou uma flor encontrada no capim por onde passou. O amor morre quando a mentira passa fazer parte do relacionamento; quando não se confia, os olhares já não se encontram, as mãos já não são sentidas, o suspiro, já não tem mais sentido.

Por quem suspiras? Se choras, as lágrimas são de alívio ou sofrimento? Saudades do que se foi ou do que não vive?
A parte mais triste dessa “morte” é continuar a viver com esse parceiro ou parceira, pela dependência financeira, pelos dogmas da religião que insiste em pregar que “o que Deus uniu o homem não separa”, sem se importar com a saúde mental daquela mulher, que por essas mesmas razões acredita que não pode deixar aquele homem, por falta do apoio da família, que tem, na separação de uma filha, uma vergonha que não pode ser enfrentada.

Ainda é triste, a situação da mulher que se submete as humilhações de não poder defender os direitos de seu corpo, seu bem mais sagrado que Deus nos deu. É triste essa história quando é repassada pelo exemplo, que mesmo com o amor morto, precisa-se viver essa união.

 

As mulheres são seres frágeis? Perante a lei ainda são. As Leis são feitas e aprovadas na sua grande maioria por homens. E por isso, a mulher não tem as garantias necessárias de sua sobrevivência pessoal nem financeira para criar seus filhos, longe de uma relação abusiva. Ainda, lembrando, que somos pessoas independentes e que só nós podemos tomar as decisões necessárias par que tenhamos uma vida melhor. Se for o caso, de não podermos sair de uma relação, por questões até mesmo de saúde do parceiro, busquemos ajuda e não esqueçamos de viver. Afinal, Deus nos quer felizes!

Contudo, ainda cultivemos e acreditemos no amor.

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