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Atrás do Trio Elétrico também vai quem já morreu

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Estamos em um período bastante apropriado para pensar nas cinzas, não as utilizadas por algumas denominações cristãs para sinalizar o fim do carnaval e o início da quaresma. Essas servem para nos lembrar que a vida, como o carnaval, é passageira e todas as fantasias, ao final, se transformam em cinzas.

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Estou falando como está em Genesis (3:19), “Es pó e ao pó voltarás”. Voltaremos, sim, a ser pó, mas até isso acontecer, como fica a fase de transição do nascimento, ao túmulo? Parece um assunto meio mórbido, para ser tratado exatamente, no período de

Oh! Quanto riso, oh, quanta alegria!

 Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando

Pelo amor da Colombina

No meio da multidão”

(Composição: Zé Keti-Pereira Mattos)

Exatamente por vivermos este período, de tanta alegria, muitas vezes falsa, que resolvemos trazer a esta coluna um pouco de reflexão para o que chamamos de apego. Pode até ser o apego de um amigo espiritual menos esclarecido que se afez a nós durante a folia de Momo, e que, após o período da festa, faz com que comecemos a não nos sentir muito bem. Pode ser também, o apego que desenvolvemos pelas coisas materiais, que ao longo da vida vamos acumulando. Nos considerando os eternos donos de “minhas terras”, “minha casa”, “minha mulher”, “meu marido”... e, como nos sentimos donos de tudo, não queremos nunca perder nada. E, para não perdermos nada, somos capazes de tudo!

A doutrina Espírita, nos explica a sucessão das existências. Sem termos a noção certa do tempo que estamos na Terra, as leis divinas que já descumprimos, vamos mudando, aprendendo através de erros e acertos até que nosso espirito se aperfeiçoe o suficiente para não precisarmos reencarnar/nascer, em corpos densos como os que nos envolvem hoje no planeta Terra.

Existe uma outra marchinha de carnaval de Caetano Veloso que diz: “atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu… Nós, espíritas, podemos dizer: atrás do trio elétrico também vai quem já morreu. Sim! Quem tem visão mediúnica, consegue identificar os espíritos, ainda perdidos, na busca de beber, fumar e cantar nos carnavais. Ligam-se mente a mente ao corpo espiritual dos vivos, aproveitando toda a sua energia. Esse tipo de fenômeno, chamamos de obsessão: ou seja, uma perfeita sintonia do espirito do desencarnado com a alma do vivo, em perfeita simbiose. Eles gostam das mesmas coisas, estão na festa, na avenida, atrás do trio elétrico, com o mesmo objetivo. Desta forma, o folião corre o risco de ficar ligado, e, de acordo com a causa dessa simbiose, pode surgir problemas mais sérios, envolvendo casos relacionados à saúde. Ou seja, a obsessão resulta de uma união ,por afinidade, de ambos os parceiros.

É importante ressaltar que essa forma de simbiose, ou, como chamamos, de obsessão, pode acontecer de vivo para morto; de morto para vivo e de vivo para vivo. Vamos aos detalhes e exemplos;

Quem ainda não ouviu falar das “Casas Mal Assombradas”? Antes do advento da televisão e da internet, e, quando poucos sabiam das notícias pelos jornais; a maior fonte de informação era obtida oralmente, pelos vizinhos, amigos e familiares que, à noite ou no final da tarde, sentavam nas calçadas e ali, se comentava de tudo. Desde o nascimento do filho de alguém, da mulher que traia o marido, do marido que tinha casos fora do casamento, do compadre que estava doente, dos rapazes que se alistavam no exército, e, por que não, também falar das coisas “sobrenaturais”.

As crianças, apesar do medo, não saiam de perto, para não perderem nada daqueles assuntos. Quando se fala de mula sem cabeça, de aparições dos mortos, dos sinais que apareciam nas casas após o falecimento de alguém, tudo era compartilhado. Muita coisa diferente do tempo atual, sobretudo o modo de tratar as crianças. Acredito, que crescemos acostumados com as dificuldades, e fatos corriqueiros da vida porque tínhamos um contato com os as situações reais sem os filtros que os pais de hoje, sabiamente, põem na criação de seus filhos.

A nossa abordagem, com relação ao apego, envolve todas essas questões. Precisamos ficar atentos para não nos tornarmos escravos, não só dos desencarnados, como também dos vivos e, ainda mais grave, dos bens materiais que nos foram concedidos usufruir durante esta estadia no plano terrestre, e não nos tornemos seres tão apegados que, ao deixarmos nossos corpos, voltemos para os lugares onde vivemos, na ilusão de que ainda pertencemos àqueles lugares, e que os laços que outrora nos prenderam ainda existem. Se tudo nos é dado por empréstimo, devemos deixar quando partimos.

Exemplifico: aconteceu com um médium, amigo nosso, que resolveu comprar uma cadeira antiga. Gostou de uma certa cadeira numa loja de móveis usados, mas decidiu não comprar a peça. Ao chegar em casa, a dona da cadeira já estava esperando por ele e muito revoltada dizendo que a cadeira era dela. Observem essa situação. Este Espirito, não poderia mais estar neste ambiente, uma vez que seu corpo já havia sido devolvido à terra. Ao invés de seguir sua caminhada espiritual, fixou sua mente nos objetos que mais gostava em sua casa. Isso, pode acontecer com as louças, as casas, e, em casos mais graves, com as pessoas.

Presenciamos muitos casos de casais que ao se separarem, por ocasião da morte, e não conseguirem deixar o companheiro ou companheira seguir sua caminhada. Isso não acontece apenas pelo lado da pessoa que partiu, também se dá pelo lado do ente querido que permaneceu na Terra. A força do nosso pensamento é tão grande, que podemos atrair para junto de nós, as pessoas, e, por apego, segurá-las junto a nós. Essa, é a obsessão de vivo para morto. Esse tipo de apego, provoca enorme sofrimento ao familiar que partiu, não deixando que ele siga sua caminhada de aprendizado no mundo espiritual, ou, até mesmo, o impedindo de ser levado a um hospital para o cuidado e o refazimento do seu períspirito.

As obsessões só acontecem com seres da mesma sintonia, ou por cobrança de casos do passado. Podem ser tratadas pela terapia na casa espirita, que envolve reuniões de desobsessões, passe magnético e água fluidificada. A obsessão pode acontecer por um amor possessivo, por ódio, e outros sentimentos capazes de ligar dois seres. Em muitas situações, apenas a água fluidificada e o passe, não são suficientes para que aquele irmão em sofrimento compreenda a sua situação. Se faz necessário que haja a compreensão daquele fato, que geralmente, precisa haver o perdão de ambos os casos.

Durante meu primeiro estudo na casa espirita, uma de nossas facilitadoras, nos contou o caso de um homem, que desencarnara havia 30 anos. A família, como forma de homenageá-lo, construiu um monumento à beira da estrada, mas que ficava em sua propriedade. Como foi um homem muito conhecido, cada vez que as pessoas, amigas ou parentes, passavam no lugar, lembravam-se dele, o que o atraia para o referido monumento. Ele passou 30 anos em sofrimento, já que a família não conhecia nenhum médium a quem ele pudesse pedir socorro. Somente após esse tempo, um neto nasceu com capacidade mediúnica, e foi a esse neto a quem ele pediu para que aquela espécie de tumulo fosse retirada dali, para que ele pudesse seguir sua trajetória como espirito.

Estes relatos, caros leitores, trago apenas para que repensem sua forma de viver por aqui e o apego que desenvolvem em relação às coisas e às pessoas. Nascemos inteiramente despidos, e, ao voltarmos, só levamos nossos atos, atitudes e sentimentos adquiridos e tomados durante nossa passagem. Sejamos leves, e tenhamos consciência, que tudo que temos é por empréstimo de Deus e, da mesma forma que Ele nos dá, pode nos tirar.

E, para concluir, o Carnaval – assim como a vida “mundana” que representa antes dos 40 dias de introspecção propostos pela quaresma, pode ser vivido com alegria e sem necessidades de fugas de “tentações”. As tentações do carnaval, assim como as da vida são feitas para serem vividas, e que possamos aprender e crescer a partir das experiências adquiridas. Não sejamos puritanos, ou até mesmo elitistas. Vivamos e deixemos viver a festa do povo, mas sem nunca esquecermos que a vida, como o carnaval, é passageira e que as consequências de nossos atos nesses período podem nos acompanhar por mais tempos que desejamos.

Que a Paz seja nossa meta a cada dia de nossa vida!

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