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A Vida e Morte – Estágios de nossa Existência.

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Caro leitor, o tema desta semana, foi escolhido para que pudéssemos, de alguma forma, contribuir com aqueles que têm dificuldades de enfrentar uma das delimitações de nossa vida: a morte. Não sou tanatologista (quem se especializa no estudo da morte), mas é um assunto que, como espírita, abordamos, de certa forma, com mais leveza. Não entenda que não sofremos com a morte, ou que o sentimento de pesar não nos atinge. Apenas, entendemos que a morte não é o fim de nossa existência, é a morte apenas do corpo, esta casa que nos abriga e que, portanto, precisamos cuidar.

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No outro extremo, o nascimento, vem repleto de alegrias e preparações para enxovais, arrumações do quarto para o ser que chegará à Terra. A maioria dos pais não têm noção do que significa termos sidos escolhidos por aquele que geramos (ou acolhemos), na maioria das vezes com muitos anos de espera e esperança de recebermos o pequeno que com certeza mudará nossa vida por completo. Precisamos lembrar que este pequeno é um velho companheiro de luta que recebemos como um membro da família e que teremos todos a missão de cuidar, amar e, com nosso amor, mesmo sendo um filho que se torne uma pessoa complicada e difícil, ensinar, aprender e resolver questões que ficaram pendentes. Por isso nos é ensinado que é a família nossa primeira escola.

 

Até aqui não estou dizendo nenhuma novidade, não é? Mas nos é ensinado a amar a conviver e com ou sem dificuldades, aprendemos que um dia nossa missão acabará e teremos que voltar a pátria espiritual, de onde viemos e voltaremos tantas vezes quanto necessário para nosso aprendizado como espirito. Dizemos que um dia todos nós seremos anjos. Claro que seremos, mas até atingirmos essa classificação, muito temos ainda que aprender.

Como sabemos que não estamos preparados para a morte, vemos em cada família, em cada membro, a sua forma de enfrentar a partida de um ente querido. Nos Espiritas não falamos exatamente de morte, como a maioria se refere, mas de desencarne. Chamamos assim, porque temos a certeza que vida continua. O que morre é nosso corpo, nossa morada que nos foi dada, como primeiro presente de Deus, para realizarmos nossa missão.

Missão essa que é exatamente o limite que determina nossa volta. Só Deus é capaz de saber o dia, a hora e os segundo de nosso retorno. Mais ninguém. Ao escrever sobre esse tema, gostaria de dar um exemplo nosso, muito pessoal, que agora, compartilho com vocês com a mais pura serenidade.

Nossa mãe, foi uma dessas mulheres que vieram ao mundo com o objetivo de receber como filhos, cinco espíritos, mas um, de uma barriga gêmea, cumpriu sua missão, seis meses depois de seu nascimento, e voltou a pátria espiritual. Faço questão de passar alguns detalhes dessa história, porque acredito que o exemplo, possa ajudar a muitos que não compreendem a morte. Falamos que minha mãe teve um grande amor em sua vida, meu pai. Falamos de um grande amor, mas não foi uma vida cheia rosas e realizações. Os filhos, que ela soube a duras penas criar, mostrando o que é respeito, dignidade, honestidade, paciência e compreensão, não lhes deram muito trabalho, mas nosso pai foi um dos homens mais fascinantes que conhecemos, mas exatamente por isso, causou à nossa mãe muita tristeza e desgosto. Se separaram, mas depois de 25 anos separados, ele conversando comigo, ainda queria comemorar as bodas de ouro. Nunca deixaram de ser amigos, ela nunca deixou de rezar por ele, mas parte da vida de casados, viveram separados. Não tentem entender essa situação, nem estou fantasiando. Tudo isso, é pura verdade. No dia que ele a viu no hospital, após ter passado alguns dias na UTI, teve alta, para ir para o apartamento, e ele a visitou. Ficou tão chocado, que saiu de lá, e tivemos que levá-lo a outro hospital, e daquele dia em diante, ele não foi mais o mesmo, vindo a desencarnar exatamente após nove meses e dois dias depois dela.

Mas é sobre os dias que ela permaneceu doente que eu gostaria de falar de nossa experiência. Ela desenvolveu a doença de Alzheimer, que se agravou após uma cirurgia de vesícula. Quando saiu do hospital, já não era mais a mesma. Todos as fazes da doença se desenvolveram, e após uma queda, que culminou com a fratura de um fêmur, o estado de saúde dela se agravou, vindo a desencarnar após um ano de sofrimentos.

Quanto aos seus ensinamentos para nós e seu aprendizado, só um grande observador pode descrever. Essa experiência, que com os ensinamentos da Doutrina dos Espíritos complementada com o Evangelho de Jesus me fez ter uma vivência de muitos dos estudos e ensinamentos.

Nossa mãe, por ser uma dessas sertanejas forjada na riqueza e dessa, para a pobreza, como a maioria de nós, tinha um apego muito grande a todos seus bens. Por pequenos que fossem, não confiava em ninguém, de forma que quando tivemos de colocar cuidadoras em sua casa, foi um verdadeiro dilema. Depois de muita conversa e explicações, ela foi aceitando. E, por fim, já não tinha mais apego nenhum aos seus móveis, roupas e a casa. Foi uma mulher muito religiosa, ainda chegou a ser noviça para se tornar freira. Saiu do convento, mas nunca deixou sua religião e de propagar sua fé. Sim, vamos ao primeiro ensinamento: o desapego.

Em Mateus 19:21 – O jovem pergunta a Jesus, o que devia fazer para ser perfeito, Ele respondeu: “vai vende tudo que tens e segue-me”. Essa parábola, tem muito a nos ensinar sobre o apego. E não diz respeito só ao apego aos bens materiais, mas, apego a tudo que entendemos como nosso. Não somos donos de nada, apenas estamos administrando o que Deus nos deu por empréstimo. Nesta categoria, também está incluído nosso corpo. Mas qual a consequência em nossa partida – desencarne, do apego? Considerando os bens materiais, nosso apego pode ser tão grande, que, por ocasião da morte, quando o Espírito se desliga do corpo físico, sendo uma pessoa com profundo apego ao corpo, como muitos que vivem para o aperfeiçoamento deste, pode ocorrer, que o espirito, segue o corpo até ao túmulo e lá permanece observando toda decomposição, e passando por extremos sofrimentos.

Se esta mesa fixação mental de apego, for por exemplo, aos móveis da casa, ao carro, à propriedade, à casa, pode ocorrer por exemplo, no caso da casa, que o Espírito não permite que a casa seja vendida, seja ocupada por outras pessoas, acontecendo os casos das chamadas “casas mal-assombradas”.

Entretanto, gostaria, neste artigo, de falar um pouco mais da morte dos entes queridos e da reação familiar. Se é de nosso conhecimento, que ao nascermos, temos como destino final a morte, mesmo que façamos todas ás plásticas, sejamos adeptos dos maiores tratamentos que a ciência pode nos disponibilizar, ao final de nossa missão e de nosso fluido vital, já falado aqui anteriormente, precisamos partir.

O posicionamento da família, neste momento é de fundamental importância para a preservação da vida e da partida de nossos entes queridos. Em muitos casos, queremos tanto que aquele ente permaneça em nossa vida, que esquecemos os sofrimentos que alguns procedimentos podem causar em seu organismo. Foi pensando neste momento tão delicado na vida do paciente e da família que em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) conceituou e posteriormente em 2002, atualizou o conceito de “Cuidados Paliativos”, que consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida de pacientes e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais e psicológicos e espirituais “ (OMS, 2002).

Apesar de parecer uma conotação negativa ou passiva do termo, o tratamento paliativo deve ser eminentemente ativo, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, em que algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para alcance do controle de sintomas. Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessária a adoção precoce de condutas terapêuticas dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente frente a sua situação de incurabilidade.

Tive a oportunidade de assistir palestra de uma das médicas pioneiras desse tratamento no INCOR, e acreditem, se eu tivesse o conhecimento que obtive naquela palestra desse tipo de cuidado, e sabendo que nossa mãe não tinha mais possibilidade de cura, teríamos evitado tanto sofrimento a ela. É claro que estávamos tentando fazer de tudo para que ela permanecesse conosco mais um tempo. Contudo, depois do depoimento daquela médica, me pareceu egoísmo de nossa parte, tentarmos oferecer tantos procedimentos, quando sabíamos que ela não conseguiria se recuperar.

Acho que todos já ouviram falar da melhora da morte, não? Sabe qual a explicação espiritual para essa melhora? – A família fica tão apegada àquele ente, pedindo e rogando que ele fique, que ele melhore mesmo com suas funções já exauridas, que os amigos espirituais prestam o socorro no desenlace do paciente. Precisam que a família se afaste para que o paciente seja espiritualmente desligado de seu corpo, e para que finalmente se desligue espirito e matéria. Assim, vem uma melhora repentina, todos os familiares voltam para casa aliviados, convictos de que a melhora repentina seja prolongada e os Amigos socorristas, fazem o desligamento. Sessa o sofrimento do corpo físico e dependendo do quadro da enfermidade e do paciente, ele segue sua caminhada no mundo espiritual.

Sabemos que existe uma diferença de procedimento no paciente acometido de câncer. Segundo o Dr. Paulo Cesar Fructuoso em sua obra –“Câncer – Aspectos históricos científicos e espirituais”, publicado o ano de 2020, diz:

Pelo espiritismo sabemos que a saída do veículo carnal, após o suspiro final, ocorrerá pelo adormecimento com duração variável de acordo com a forma de desenlace e a bagagem que cada um aloque no arquivo da consciência. E, aqueles que souberem resignar-se perante a ação pedagógica e purificadora do câncer, desfrutarão, diante da vastidão cósmica a perturba-los o olhar, uma maior serenidade. Chega o momento da percepção dos espíritos extraterrestres que aguardam o seu despertar. Não somente os amigos e entes queridos, mas também as equipes médicas encarregadas do completo desligamento em trabalho sublime e abnegado, pois para cumprir sua missão, precisam mergulhar no fluido cósmico denso que caracteriza a psicosfera de um planeta de provas e expiações.

Para concluir o caso de nossa mãe, ela só partiu quando todas as desavenças da família haviam sito resolvidas. E, que toda família estava ali reunida em plena harmonia. Ela voltou para UTI, mas pedi que todos fossem se despedir dela naquela tarde. Quando todos saíram, eu sussurrei no ouvido dela. “Mãe, siga seu caminho, ficaremos todos bem. Sua missão terminou, siga em paz, a senhora já sofreu muito. Vai sob a proteção de Deus”. Naquela mesma noite ela partiu para sua verdadeira casa, ao lado de seus entes queridos, que naquela noite, a recebiam com muita alegria.

 

Caro leitor, espero que possamos ter contribuído sem magoar, o significado da morte perante a vida. Vida que recebemos em abundância.

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