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A importância estratégica da Ucrânia

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A partir do fim da II guerra mundial o mundo tem assistido conflitos diversos, alguns deles isolados, de maior ou menor magnitude, sem uma explicação convincente. A única explicação divulgada por grande parte da imprensa era a bipolarização causada pela guerra fria. Mas a imprensa oficial alinhada e aliada, nunca se dispôs a levantar o tapete e publicizar a origem real desses conflitos.

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A II guerra mundial teve como gatilho a invasão da Polônia pelas forças nazifascistas no ano de 1939, iniciando um grande confronto com os países capitalistas centrais, capitaneados pela potência de então que era a Inglaterra, que tinha  como aliado de guerra num primeiro momento a França. (que depois seria invadida e dominada pelos nazistas).

A princípio, esses dois países subestimaram o poderio bélico da Alemanha e ao pressentirem a forte ameaça de derrota militar para os países do eixo, mudaram a estratégia de indiferença, resolvendo matar dois coelhos com uma só cajadada. Naquela ocasião haviam uma  ameaça pairando no ar e ameaçando a Europa, por extensão o mundo, que eram o nazifascismo com uma ideologia  de  extrema direita. A outra possível ameaça ao establisment era a Rússia, com uma proposta de desenvolvimento econômico inclusivo,   considerada uma  ameaça ao liberalismo.


Então os aliados  resolveram  cozinhar o galo em fogo brando e deixar as duas ameaças se consumirem. Certo? completamente errado!

Os Alemães haviam assinado um tratado de não agressão com a Rússia que devastada pela guerra civil interna precisava ganhar tempo para preparar o mínimo em armamento que lhe permitisse a reação. Os russos adotaram uma postura inicial aparentemente pacífica por entenderem que tanto os países aliados quanto os países do eixo, não morriam de amores por ela e estavam de olho no petróleo russo o que foi confirmado pela invasão da Polônia, que  era um grande corredor estratégico para os propósitos alemães.

A invasão da Rússia, como ela própria esperava, acabou acontecendo e os países do eixo passaram a assistir de camarote os resultados da guerra, torcendo para que os dois se consumissem na frente oriental que era  a prioridade econômica  número 1 de Adolf Hitler.

Como a II guerra era de fato uma disputa de mercado, os Estados Unidos que estavam a milhares de quilômetros de distância do cenário de guerra, aguardaram indiferentes com as burras cheias de divisas, a oportunidade de assumir de uma vez por todas, a hegemonia política e econômica mundial, o que acabou acontecendo.

A aposta foi um equívoco tanto para a Inglaterra como para a Alemanha porque a Rússia, diante da ameaça, atraiu as forças do eixo para o seu território e recuou destruindo tudo, deixando uma terra arrasada sem água nem alimento para o exercito invasor nazista.

Com a chegada do inverno, um velho aliado russo desde os tempos de Napoleão Bonaparte,  conhecido como o General Inverno, incorporou sua “tropa climática” às forças do exército vermelho comandadas com muita competência pelo General Zhukov e mergulharam naquilo que o povo soviético ainda hoje chama com muito orgulho,  de Guerra Pátria.

Depois de várias batalhas sangrentas e encarniçadas os russos inverteram a correlação de forças e  avançaram  numa contraofensiva incontida, libertando um a um os países invadidos, inclusive abrindo os campos de concentração e libertando as vítimas da crueldade das câmeras de Gás em que foram executados: ciganos, negros deficientes físicos, homossexuais e judeus. A fatura de guerra foi muito alta para a Rússia, pois além da devastação material, perderam  em combate mais de 25 milhões de vidas humanas  que lutavam no heroico e invicto  exército vermelho.

Nessa contraofensiva a Rússia conseguiu dois resultados   importantes: o primeiro foi atrair os Estados Unidos para a liça, já que estavam assistindo a guerra de camarote, vista pela visão panorâmica do general MacArthur, através do elegante  óculos ray-ban. Paralelamente a essa inércia dos aliados  e como protagonista da frente oriental, a Rússia  se obrigou a montar  um poderoso arsenal  que lhe permitiu   virar a potência bélica  na qual se transformou depois da guerra.

O segundo fato importante foi conseguir uma vitória maiúscula e consagradora na frente oriental e  vencer a guerra mais encarniçada da história com os poucos  recursos que tinha e sem ajuda,  livrar  o mundo do fantasma da opressão nazifascista.

A reação Russa fez com que a Inglaterra fosse buscar Winston Churchill, para virar chanceler e se transformar em herói de uma guerra em que pouco lutou, ou seja um herói de chegada, que correu atrás do prejuízo junto com os Estados Unidos, evitando um avanço ainda maior do exercito vermelho.

A partir de1945, com o fim da guerra quente e o início da chamada guerra fria, os Estados Unidos-USA que já eram detentores de um grande poderio militar, sem prejuízo e sem dívidas de guerra, passaram a pregar uma política de controle unilateral de armas nucleares, para  daí em diante impor a sua hegemonia  na defesa dos seus interesses e  a sua vontade.

A Rússia a partir de então se organizou como  União das Republicas Socialistas Soviéticas-URSS e para se defender,  teve de suspender temporariamente o plano  de construção  do socialismo,  que no futuro lhe traria problemas internos.

A prioridade do momento, era produzir armas para a sua defesa no confronto direto com os USA que a cada instante se tornava mais iminente e ameaçador. A partir de então entra em cena um verbete novo denominado geopolítica que por definição é:

“Geopolítica é um ramo de estudo da Geografia que busca interpretar os fatos atuais e o desenvolvimento dos países, através das relações e estratégias entre o poder político e os espaços geográficos destas nações.”

É fácil perceber que onde tiver uma guerra aí estará uma motivação econômica interna ou externa corporis em jogo. É preciso termos a clara compreensão de que economia é a força motriz que move a polia da história.
Um escritor estadunidense de nome Leo Huberman, escreveu um livro traduzido para o português em 1969, que já alcançou a 22° edição, que nos ajuda a compreender melhor a economia politica.

O título do livro é A História da Riqueza do Homem, que  tornou-se maldito no seu próprio país  pelo fato de surgir logo na catedral do capitalismo, com uma escrita simples e inteligível e com revelações contestatórias inéditas naquele país.

Huberman faz uma interessante narrativa histórica à luz da economia e uma narrativa econômica através da história. É uma leitura indispensável.

A sua teoria é contrastante com a bíblia do capitalismo liberal de autoria de Adam Smith, cujo título é A Riqueza das Nações livro de cabeceira de 09 entre 10 estadunidenses.

A obra de Smith foi lançada em 1776, 42 anos antes do nascimento de Karl Marx que aconteceu em 1818. Mesmo assim, a cronologia desencontrada não impediu o disparate de um sansei de nome Kim Kataguire, deputado federal por São Paulo sobre um hipotético encontro de Smith com Marx onde  debateram muito  sobre o materialismo dialético.

Mal terminada a II guerra mundial os Estados Unidos criaram em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte-OTAN, agregando a ela todos os seus aliados de guerra mais próximos, aos quais deve ter dito: olha, essa turminha aqui tem aquele lema dos três mosqueteiros: “um por todos e todos por um!”

A composição inicial da OTAN era capitaneada pelos USA e mais: Reino Unido, França, Canadá, Itália, Noruega, Países Baixos e Bélgica, sede da OTAN. A esses países foram se somando novos aliados à medida em que crescia a tensão entre as duas potencias e a correlação de forças se alterava.

Cá pra nós, convenhamos que essa aliança não foi criada apenas para narrar as fases da guerra, porque nesse convento não existia freiras. Podemos perceber perfeitamente esse detalhe pela própria composição dos aliados e as suas posições geográficas estratégicas. Esses são os ingredientes da geopolítica que o interesse ditou e continua ditando no cenário mundial.

A URSS devastada como estava, se deu conta da estratégia e numa resposta retardada em 6 anos, criou em 1955 com o mesmo propósito o Pacto de Varsóvia estabelecendo uma aliança entre os países socialistas do leste europeu com sede em Moscou, tendo como componentes: Hungria, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Bulgária Tchecoslováquia.

As duas guerras que aconteceram logo no início da década de 1950, tiveram como cenário o sudeste asiático, mais precisamente a Coreia e o Vietnã, dois países divididos, onde a disputa territorial foi o pretexto para a disputa geopolítica debutante. De um lado da refrega os USA e do outro lado a China e a URSS. Em que pese o conflito ideológico interno entre a China e a URSS, os dois países se somaram tanto em defesa da Coreia como do Vietnã por entenderem que o alvo principal seria eles com a perspectiva de instalação de uma base militar estadunidense no sudeste asiático.

A fragorosa derrota dos Estados Unidos no Vietnã, para onde foram enviados mais  600 mil soldados estadunidenses no ápice da guerra, o obrigou a uma mudança de estratégia que passou a ser usada a partir de então.

A formação de lideranças pelos USA que passaram a atuar no Irã, no Iraque, na Líbia, na Polônia etc tinha o propósito de fomentar o conflito interno e quando os USA perdiam o controle sobre esses líderes adotavam a política de terra arrasada, usada em diversos países produtores de petróleo na Europa, no Oriente Médio e no Golfo Pérsico.

Bin Laden, Reza Palev, Sadan Hussein, Mohamed Kadhafi, foram lideranças criadas pelos Estados Unidos e que depois se tornaram malditas e foram eliminadas.
Na sequência ocorreu a debacle da URSS que voltou a ser Rússia, abandonou o socialismo com o consequente desmonte do Leste Europeu.

As mudanças introduzidas por Mikhail Gorbachev na Rússia não tiveram caráter de unanimidade e dividiram a opinião pública interna da Rússia e  demais  aliados. URSS que vive hoje a ressaca do “fenômeno” Gorbachev, despertou para a possibilidade de uma alteração na geopolítica internacional desfavorável aos seus interesses. Vladimir Putin que hoje é o chefe de governo russo e que foi chefe da KGB o serviço secreto da antiga URSS, como conhecedor da geopolítica estadunidense, tem forte interesse na manutenção do equilíbrio geopolítico da área, principalmente dos ativos russos espalhados pela região, além do receio de que uma base militar dos USA venha a ser instalada na área em conflito.

Portanto nessa questão da Ucrânia há algumas controvérsias e a primeira delas é que a Ucrânia não faz parte da OTAN. Então o que faz a OTAN nesse imbróglio? No território da Ucrânia existem vários ativos russos instalados desde quando ela fazia parte da federação russa, inclusive oleodutos importantes que abastece por exemplo a Alemanha. Dá para perceber que esse conflito é eminentemente geopolítico, daí o acirramento crescente dos ânimos que toma um rumo muito perigoso.

Na Rússia, o emprego da política de terra arrasada é impraticável e pode levar o mundo a uma III guerra mundial. Aguardemos!

A música que se segue tem um simbolismo inesquecível para aqueles mais entrados na idade como eu que passaram pelo golpe militar de 1964. Nas salas de cinema solfejávamos a música com a boca fechada e isso deixava os esbirros da ditadura tresloucados sem saber para onde  ir. è uma melodia imortal!

 

Consultas: Documentário WINTER ON FIRE, UKRANE’S FIGTH FOR FREEDON;Geopolítica: o que é, origem, significado e conceito – Significados;

Fotografias:https://nauchuzdes.ru/istoriya/ege-po-istorii/dati-sobytiya-isorii-ro;Alianza militar OTAN adopta himno oficial | Actualidades Online; Invasão da Polônia e o início da Segunda Guerra Mundial (historiadomundo.com.br);; Entenda o conflito envolvendo Ucrânia e Rússia – 17/07/2014 – UOL Notícias;

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