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Apresentação do livro: Conversas com a morte

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Em outubro de 2014, por ocasião do I Simpósio de Direito Constitucional de Lavras da Mangabeira, uma promoção da Secretaria de Cultura do Município que teve uma vasta programação e diversos nomes respeitados no mundo jurídico, além do lançamento do livro do professor de Direito e Assessor Jurídico da Universidade Regional do Cariri – URCA, Jorge Emicles Pinheiro Paes Barreto. Obra que tive a honra de apresentar. As páginas estavam carregadas de sentimentalidade, questionamentos, medos e a realidade da vida quando estamos prestes a nos despedir dela. Trago hoje aos leitores do nosso site a apresentação que fiz com muito prazer e emoção:

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Jorge Emicles, a quem carinhosamente o chamamos de Jorgito, sempre sonhou em ser escritor. Desde cedo buscou o conhecimento, investiu nos estudos e sempre levou a sério sua carreira profissional, investimento feito, sucesso garantido. Realmente, depois de formado nosso jovem alcançou altos postos e altos cargos. Atitude nada convencional para os jovens de sua época.

Escrever sua história de vida é sempre gratificante, principalmente quando somos bem sucedidos nos nossos projetos de vida. Mas, escrever sua história de vida a partir da experiência com a morte anunciada, quando se está convivendo com essa possibilidade diariamente, não é nada fácil, pois bem, este livro foi escrito a partir da experiência do nosso jovem escritor e, profissional bem sucedido que ante da notícia da sua morte descobriu que era covarde demais para morrer e medroso demais para viver.

 

Diante de tal realidade deparou-se com uma vivência repleta de valores, conhecimentos e conceitos, e viu que para enfrentar a realidade precisava esvaziar-se de tudo, descobriu também, que não seriam os medicamentos que lhe devolveriam o vigor da vida, mas, a renovação mental, e para isso era preciso alcançar o equilíbrio. Ele não tinha muitas escolhas agora era mudar ou morrer, ou, mudar para viver. E como viver? E como morrer? Porque viver não era mais uma questão de tempo de existência, mas da qualidade dela. E como esvaziar-se de antigos valores que estavam tão enraizados no seu ser? Na realidade o esvaziamento não era livrar-se de tudo, mas duvidar deles, fazer uma verdadeira varredura, vendo o que realmente lhe servia e o que poderia ser jogado fora pela sua inutilidade. Ele precisava mesmo era de uma renovação, e, somente, através da negação e da contradição ele conseguiria construir um novo homem, um novo ser. Era morrer para ressuscitar, não a morte física do homem, era morrer o velho para renascer o novo.

Numa longa e penetrante viagem pelo seu interior pode vislumbrar todos os lugares dantes percorridos, todas as experiências vividas e todas as lições aprendidas. Delas a mais fascinante foi o poder, mas, o poder de transformar as coisas, de cria-las, ou recria-las. O verdadeiro Poder do Criador. Não que ele não tenha experimentado o outro lado do poder, o poder mundano, aquele que causa guerras e destrói que nos cega e nos corrompe, aquele que se repete a séculos, fugindo da realidade numa sucessiva capacidade de ludibriar as massas para alcançar seu objetivo. Jorgito, nosso protagonista, teve a oportunidade de experimentar os dois e de vencer sua tentação imunizando-se dos tenebrosos venenos palacianos, e pondo a prova seu espirito superior. Percebeu que o tempo não existe, mas era preciso transpô-lo, que a vida se resume em símbolos, e que seus verdadeiros inimigos foram aqueles que se dizia amigo, que abraçava e elogiava. Entendeu que a proximidade com o anjo da morte e o monologo com ele o livrou de um fim iminente, e teve a certeza que as coisas são efetivamente como são, e, não, como pretendemos que elas sejam.

A partir da tenebrosa experiência novos métodos de vida foram surgindo, mas, pôde ver, também, que a sabedoria antes adquirida não era suficiente para bem vivê-la. E que esvaziar completamente seu ser renegando valores e coisas era impossível, pois, a essência do ser deve ser preservada. Novas atitudes deveriam ser adotadas, então, ele se despiu de todos os conceitos, valores e alegorias que diariamente usamos como disfarce social.

Para o autor enfrentar a realidade do diagnóstico, a frieza técnica dos profissionais da medicina, a enganosa publicidade e a corrupção do Sistema Único de Saúde – SUS lhe encheu de revolta, embora tenha sido beneficiado viu que muitos pagaram com a própria vida este processo de anomia social. Agora ele estava sozinho e vivendo num mundo completamente diferente daquele que vivera desde a sua mais branda infância.

Para continuar vivendo teve que enfrentar a morte, enfrentar a sociedade e enfrentar a si mesmo, e numa solitária viagem dentro de si e em busca de si, foi se libertando de tudo, de todas as correntes e amarras que estavam presas ao seu calcanhar, escravizando e matando seu corpo para depois possuir sua alma, e num corajoso grito de liberdade pôde livrar-se de tudo e nascer de novo. Numa verdadeira metamorfose da vida e sempre em busca de ser feliz mergulhou profundamente na escuridão de suas entranhas e no momento de grande lucidez presenciou a mutação e a dor se encontrando num abraço de êxtase.

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