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Minha terra tem palmeiras e canta sabiá,fado daqui não é o de lá

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Ai, esta terra ainda vai cumprir o seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal. No fundo nós brasileiros herdamos muito do sangue lusitano, como diz Chico Buarque, herdamos uma boa dosagem de lirismo, o sentimentalismo do sebastianismo, e a Sífilis, é claro. Os acontecimentos do mês de abril foram significativos para o Brasil e Portugal, tanto positivamente como negativamente tais fatos tiveram funções de abertura e fechamento na vida dos cidadãos em questão.

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O 1º de abril de 1964 foi um dia fechamento, consternação e opressão para a nação brasileira que mergulhou nos longos vinte anos de ditadura militar; dez anos mais tarde, em 25 de abril de 1974 foi o dia abertura, libertação e alivio para o povo português com a queda do regime ditatorial que oprimiu a nação portuguesa por 20 anos, enquanto, o Brasil amargava com as atrocidades do regime vigente no país, e Chico Buarque contente com as notícias vindas de além-mar cantou e exaltou a bravura do povo lusitano, desejando está nas comemorações para trazer sementes libertadoras para os brasileiros. Foi bonita a festa, pá, fiquei contente e ainda guardo renitente um velho cravo para mim (1974).

As léguas oceânicas que separam o Brasil de Portugal são as mesmas que separaram o sentimento de liberdade do povo brasileiro em relação ao povo português, num resgate politico e literário Chico Buarque traz a tona Fernando Pessoa e a frase gloriosa dos antigos navegadores, talvez os mesmos que chegaram a Terra de Vera Cruz e tomando o espírito da frase toma, também a consciência que era preciso navegar em busca de sementes revolucionárias, de coragem e de luta, traga novamente algum cheirinho de alecrim que ficou esquecido n’algum canto de jardim, temendo esta terra se tornar outra vez um império colonial.

Os sentimentos revelados através da música e da escrita como forma de protesto e de resistência não tardou a chegar cá, e o fado atravessou tanto mar e trouxe da velha corte sementes da Grôndola Vila Morena para as terras tropicais onde tem frondosas palmeiras e se ouve o belo canto do sabiá. A musa que inspirou Chico Buarque ao que parece foi a mesma que inspirou o poeta Gonçalves Dias em terras lusitanas, a musa que povoava os locais de exilio português. Tanto Chico Buarque quanto Gonçalves Dias nutriram sentimentos de saudade, liberdade e retorno a terra natal em português. A saudade em português tem outro significado.

A solidão do exilio é um fado que cisma em desfrutar com contentamento da grande festa de liberdade guardada no coração sereno e renitente que não percebe o canto do sabiá que repousa na flor do teu jardim, pois lá faz primavera, pá! Ao som de Guitarras e sanfonas
exalando cheiro de Jasmins que jorra feito fonte nas terras com primores e amores que já não se encontra cá.

Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida e nossa vida mais amores. Nossas festas não têm cravos e nem perfume de alecrim, nossas matas tem coqueiros, tem fontes e Carmim, quando terminar tua festa, pá! Vem correndo para ver se ainda sobra uma flor, uma estrela e uma esperança para mim.

 

Fonte: Imagem: Foto destaque

 

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1 COMENTÁRIO

  1. Mais uma vez Cristina nos presenteia com um ensaio muito simbólico.
    Dois cenários do mês de abril com o Brasil “fechando” em 1º de abril com o golpe militar de 1964 e Portugal “abrindo” no dia 25 de abril de 1974, com a revolução dos cravos que pôs fim à ditadura Salazar.
    Parabéns Cristina.

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