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O poder de Rubens Ometto sobre Bolsonaro

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Nós temos insistido na tese de que o poder de mando é uma prerrogativa dos detentores do capital, que ditam as regras a serem aplicadas pelos governantes liberais por eles eleitos, tanto na gestão da macroeconomia como na divisão e nas relações de trabalho.

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A recorrência dessa afirmação as vezes pode soar exagerada ou maçante, mas de fato é o reflexo de uma dura realidade em qualquer país em que a política liberal esteja implantada, onde  os ditos representantes do povo uma vez eleitos para o parlamento, assumem o governo, mas nunca assumem o poder.
Em se tratando do chamado poder executivo, o procedimento não é diferente e sempre haverá necessidade de um presidencialismo de coalisão, sem o qual as condições de governabilidade serão praticamente impossíveis.

A imprensa oficial abriu manchetes generosas para a recente visita do empresário Rubens Ometto ao Palácio do Planalto, ele que é dono da rede de postos Shell no Brasil, e um amigo e apoiador de primeira hora de Jair Bolsonaro, o qual ajudou a eleger e que por hábito, visita anualmente para tratar de assuntos de interesse do grupo econômico que dirige.
Citaremos apenas o destaque dado por um dos  órgãos da imprensa escrita oficial que é a revista ISTO É, alinhada desde o nascimento com a ideologia de direita. ISTO É noticiou através da coluna de Leandro Mazinni a seguinte manchete:

“O poder de Ometto sobre Bolsonaro: presidente e cinco ministros   recebem no Palácio DO PLANAUTO O Controlador da Cosan que  bate ponto anualmente no terceiro andar para tratar  de assuntos de interesse do grupo.”

A visita de qualquer cidadão ao seu governante é um direito constitucional e não teria nada demais se ocorresse  nas Condições Normais de Temperatura e Pressão – CNTP. Porém não é isso que acontece, há visitas e visitas!

Para àqueles que ainda não têm conhecimento, o grupo Cosan é Excelência em Energia e Logística e é dirigido por Rubens Ometto que desde 2019 faz uma visita anual ao presidente da república,  este ano ocorrida no dia 10 de agosto passado, com uma forte demonstração de prestígio.
A pauta não foi divulgada, mas a musculatura do staff presidencial que o recebeu é a comprovação da importância conferida ao ilustre visitante, de causar inveja aos governadores de estado e prefeitos das maiores cidades brasileiras.

Além de Jair Bolsonaro, inquilino eventual do Palácio do Planalto, estavam presentes os ministros Ciro Nogueira da Casa Civil, Paulo Guedes da Economia, Teresa Cristina da Agricultura, Tarcísio Freitas da Infraestrutura e Bento Albuquerque das Minas e Energia, cada um deles gestor de pastas que guardam afinidades com os interesses de Rubens Ometto, que provavelmente foi cobrar a fatura eleitoral  ao vivo, com a autoridade de quem realmente detém o poder.

Ometto, além de um grande produtor de etanol, é um dos maiores distribuidores de combustíveis fosseis do país, além de controlador através de concessão, de uma grande parte da malha ferroviária brasileira e também proprietário de grandes empresas no ramo do agronegócio.
Talvez seja esse cidadão um dos protagonistas da ideia de reajuste dos combustíveis e lubrificantes atrelados à cotação do dólar, responsável pelos aumentos semanais nos preços dos combustíveis e derivados.

A grande coincidência nisso tudo é que na semana anterior, o presidente da república editou e enviou ao congresso uma Medida Provisória que disciplina o transporte ferroviário de cargas, com a benesse de uma longa concessão de 99 anos, prorrogáveis por mais 99 e pelo que se sabe Ometto está interessado no negócio.
São aproximadamente 200 anos de concessão que alcançará a quarta geração da poderosa família Ometto.

É assim e sem maiores alardes, que o capital opera para usufruir o máximo do aparelho de estado em benefício próprio, tal qual sanguessugas. Ou você procura aprofundar o seu conhecimento nesse mecanismo de apropriação dos ativos públicos e de exploração de mão de obra, ou vai viver a vida toda colocando o seu destino em mãos de “mitos” salvadores, até mesmo mitos de pés de barro da qualidade de Jair Bolsonaro.

Tomamos outro exemplo como é o caso do rei da soja Eraí Maggi, o maior sojicultor do país com mais de 530 Km2  plantados.

Para que não percamos a ideia de grandeza, a área de plantio ocupada pelo chamado rei da soja, tem uma extensão mais ou menos igual a toda área territorial do município de Campina Grande, em torno de 600 Km2. Compreendeu?

O sucateamento acentuado da nossa indústria de transformação oportunizou a grande ascensão do agronegócio e os titulares desses empreendimentos têm ascendido na escala de prestigio junto ao governo federal, como verdadeiros salvadores da nossa balança comercial, cuja pauta atual é quase totalmente composta por comodities. Outro exemplo é o de José Carlos Bunlai, o chamado rei do gado no Brasil, com fazendas em Corumbá no Mato Grosso do Sul e um rebanho bovino com mais de 200 mil cabeças.

Ambos são produtores em larga escala, tanto na produção de soja como na criação de bovinos, com  forte influência na política estadual e federal.

Eraí Maggi é primo de Blairo Maggi que foi governador do Mato Grosso do Sul entre 2003 e 2010 e é o expoente político de um verdadeiro império econômico com forte influência no congresso nacional onde os rumos da política macroeconomia são delineados.

Para não prosseguir citando nomes de estrelas de outras constelações econômicas, haja vista o raciocínio ser o mesmo, vamos abreviar e, mutatis mutandis, elencar as denominações das bancadas no congresso nacional que articulam  o jogo de influencia na política e na economia.

Existem constituídas informalmente como:
01- Bancada agropecuária (207): cujas atividades já foram descritas anteriormente, juntamente com a,
02- Bancada do boi;
03- Bancada da bola (14)
04- que galvaniza os interesses do mundo dos esportes, com foco no sub mundo do futebol;
05- Bancada da bala (14): que defende o armamento civil, a flexibilização nas leis que regem a aquisição de armas e é contra a política de desarmamento;
06- Bancada evangélica (197): que defende os interesses religiosos, com foco nas seitas pentecostais fundamentalistas;
07- Bancada das empreiteiras e construtoras (226): que defende os interesses do mundo da construção civil;
08- Bancada empresarial (208): segundo se comenta e pela movimentação dos seus componentes trata – se da bancada mais importante do congresso nacional;
09- Bancada dos direitos humanos (23): é a mais incompreendida e defende os direitos fundamentais dos seres humanos;
10- Bancada da mineração (23): que cuida da exploração e da extração mineral;
11- Bancada sindical (43): que cuida dos interesses do mundo do trabalho;

A colcha de retalhos partidária que se desenha acima, nos dá uma ideia de como as coisas se processam para que ninguém imagine que o que nos acontece é obra do acaso ou castigo divino. Pelos números exibidos a bancada empresarial somada com as demais bancadas do parlamento totalizam 971, quando o total de parlamentares totaliza entre deputados e senadores, 513 + 81= 594. Isso que pode parecer um paradoxo, mas a figura anterior esclarece.

A discrepância é porque os deputados e senadores podem pertencer a uma ou mais bancadas simultaneamente como por exemplo: agronegócio, + boi, + empresarial, + bala, + mineração, ou seja, um parlamentar vale por 5.
Diante dessas informações dá para perceber a larga vantagem conferida ao capital e como o jogo é muito duro para com o mundo do trabalho. É uma correlação de forças desigual no âmbito do congresso, e é obvio, ululante, que o trabalhador não terá condições de enfrentar pela via eleitoral, todo esse esquema adredemente armado para derrota – lo sempre.

Os números que se seguem resumem todo nosso raciocínio sobre a correlação de forças entre o capital e o trabalho dentro do parlamento. Enquanto o orçamento do agronegócio foi  sancionado pelo presidente da república com o valor de  RS$28,7 bilhões, o mesmo orçamento reservou para  a  agricultura familiar,  apenas R$2,5 bilhões em ambos os casos com cortes. Já sei, já sei, você vai alegar  o papel e a importância  do agronegócio para a balança comercial, todavia é bom não esquecer  que 75% do alimento que chega na nossa mesa, é produzido pela agricultura familiar. Inclusive o alimento  dos barões do agronegócio. Entendeu?

Quando vemos o trabalhador entusiasmado com a perspectiva de alcançar alguma conquista por menor que seja, sugerimos muita cautela e clareza de que a via eleitoral  não dará  acesso pleno às políticas públicas do estado. A eleição liberal pela ótica do mundo do trabalho tem como  objetivo maior a  acumulação de forças para enfrentamento dos  embates futuros.

 

 

Consulta: ISTOÉ

Brazil Jounal

Correio Braziliense

Muvuca Popular

Compre Rural.com/rei-do-gado

Congressoemfoco

 

Fotografias: Rubens Ometto: protagonista de uma história de sucesso (jornalcana.com.br)https

www.muvucapopular.com.br

www.comprerural.com/rei-do-gado

congressoemfoco.uol.com.br/

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