A Caatinga é um ecossistema genuinamente brasileiro, comparando-se ligeiramente às savanas africanas, que se caracteriza por apresentar forte presença de arbustos com galhos retorcidos, com folhas pequenas e raízes profundas. Com o objetivo de evitar a perda de água por evaporação, a vegetação costuma perder quase que totalmente as folhas em épocas de seca. As famílias mais abundantes na Caatinga são as cactáceas e as bromeliáceas.
A vegetação da Caatinga apresenta características de adaptação ao longo período de seca e grande diversidade de espécies vegetais, muitas delas endêmicas (desenvolvem-se apenas nessa região). A vegetação da Caatinga apresenta três estratos:
a) arbóreo: com espécies que variam entre 8 e 12 metros de altura;
b) arbustivo: com espécies que variam entre 2 e 5 metros de altura; e c) herbáceo: com espécies com altura abaixo de 2 metros.
Essas características botânicas nada mais são do que adaptações às condições do clima semiárido, que predomina no sertão nordestino, que apresenta médias de temperatura superiores a 25 °C, chuvas em pouca quantidade e de forma irregular, em geral nos meses de verão, onde é registrado índices pluviométricos entre 300 mm e 1.800 mm por ano, com média de 850 mm/ano.
Além da biodiversidade, a Caatinga é rica em afloramentos rochosos e serras, serrotes e montanhas, que conferem a esse bioma riquezas cênicas de notável beleza, que atraem milhares de turistas.
Na caatinga vivem quase 28 milhões de pessoas, das quais boa parte delas é carente e precisa dos recursos naturais para sobreviver. Esse fato aliado à implantação de grandes projetos, como a exploração da vegetação nativa para produção de carvão, são fatores que fazem com que grande parte desse ecossistema já tenha sido alterado.
O desmatamento ilegal e a caça predatória são os principais desafios impostos ao poder público para a conservação da Caatinga. Incentivar o turismo sustentável, criar unidades de conservação, disciplinar o processo de ocupação da região, garantindo a sustentabilidade do uso dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida da população local, são ações que garantirão benefícios para o desenvolvimento econômico da região.
Outro desafio enfrentado pelo poder público para garantir a conservação da Caatinga é a desertificação, causadas pelas as atividades agropecuárias insustentáveis, que provocam a salinização de solos por irrigação, o sobrepastoreio e o esgotamento do solo pela utilização intensiva e insustentável dos recursos hídricos por procedimentos intensivos e não adaptados às condições ambientais, além do manejo inadequado da agropecuária. O desmatamento não autorizado também está associado à desertificação.
A desertificação é o fenômeno que corresponde à transformação de uma determinada área em deserto. De acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a desertificação é “a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas”.
O termo desertificação tem sido muito utilizado para a perda da capacidade produtiva dos ecossistemas causada pela atividade humana. Devido às condições ambientais, as atividades econômicas desenvolvidas em uma região podem ultrapassar a capacidade de suporte e de sustentabilidade, provocando o esgotamento do solo, transformando-o em terras estéreis, causando erosão genética da fauna e da flora, extinção de espécies e proliferação eventual de espécies exóticas, geralmente mais adaptadas às mudanças ambientais.
Deste modo de vegetação e a escassez das chuvas deixa o solo árido e sem vida, dificultando a sobrevivência das espécies vegetais e animais, bem como da espécie humana. Os moradores, agricultores e pecuaristas da Caatinga geralmente abandonam essas terras e vão procurar outro lugar para viver, podendo provocar o êxodo rural e aumentando a população das grandes cidades. A migração das populações para os centros urbanos, a pobreza, o desemprego e a violência, são as consequências mais funestas da desertificação, que gera um desequilíbrio entre as diversas regiões mundiais, uma vez que as áreas suscetíveis à desertificação encontram-se em regiões pobres, onde já há uma desigualdade social a ser vencida.
Esse aspecto seco da Caatinga pode trazer certa confusão para aqueles estudiosos do georreferenciamento, caso não conheça a região. A mesma mata verde viçosa no inverso, apresenta característica seca e aos olhos dos filtros do georreferenciamento poderia transparecer degradação em um período para outro. Pode até ser considerado anedótico, mas muitos técnicos neófitos do georreferenciamento deve ter caído nessa armadilha, que denota também que o georreferenciamento deve ser sempre acompanhado de uma análise objetiva.
Embora a Caatinga seja um importante ecossistema, alguns estudiosos consideram que ela seja o bioma mais negligenciado com relação formulação de políticas públicas relacionadas à sua conservação e proteção.
O estímulo à criação de reservas particulares do patrimônio natural (RPPN) e a implantação de projetos de manejo florestal sustentável pelos proprietários de áreas da Caatinga, para a conservação de áreas florestadas, seriam importantes iniciativas para conferir maior proteção a este bioma, além de trazer recursos financeiros aos agricultores.