O engenho vinha sendo para mim um campo de recreio nas férias do colégio e da universidade. Fizera-me um homem entre gente estranha, nos exames, nos estudos, em casas de pensão. (José Lins do Rego).
No último sábado o Sitio Taquari foi uma verdadeira academia a céu aberto. A calçada da casa grande do saudoso Zé Cândido foi palco onde Batista de Lima homenageou seus ancestrais, lançou um livro e acendeu o fogo morto do velho engenho da sua infância, impregnando o ar com o cheiro do mel e do melaço e na sonoridade da rima, da prosa e da poesia fez todo o povo delirar. Naquela noite todo o ambiente foi contaminado de letras e de cultura.
Na rapaduridade da sua poesia, a maturidade do poeta fez homenagens em forma de poesias a todos que viveram por longos anos o cotidiano do engenho nas terras do Taquari. O canavial ganhou letras, as caldeiras ganharam rimas e dentro dessa engrenagem até as fornalhas acenderam outra vez seu fogo movido à poesia, crônicas e histórias que seu autor jamais esqueceu.
A algazarra dos trabalhadores, a alegria da meninada e o vai e vem das mulheres de braços fortes e mãos habilidosas puxavam o alfenim transformando as puxas em enormes cachos de rosas brancas, espalhadas num pano tão alvo como as nuvens do céu e tão cândido como o sobrenome do seu proprietário.
Foi na tibornada da vida, na batida do coração e no puxa-puxa das lembranças que o Batista de Lima trabalhou no engenho, ministrou aulas, fez discurso e poesia baseada na história que ficou gravada na sua memória esbanjando talento mundo afora.
Foram nas noites enluaradas, nas brincadeiras animadas e na poesia rimada que o poeta se inspirava e o homem se apaixonava. Fez da arte seu estandarte e da caneta seu bacamarte. Uma geração se foi, outra geração chegou, mas a terra permaneceu lá, sólida, firme e árida.