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Sabedoria Popular Merece Crédito?

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A sabedoria popular talvez seja a forma mais antiga de apropriação do conhecimento humano e é isso que o dicionário informal nos ensina:

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“É o saber que permite discernir qual o melhor caminho a seguir, a melhor atitude a adotar nos diferentes contextos que a vida nos apresenta, a partir do conhecimento próprio e rotineiro do povo.”

A sabedoria popular é filha da convivência de muitas gerações com a natureza e muito tem contribuído, mesmo que de forma empírica, para o desenvolvimento científico e filosófico da humanidade. Nesse sentido, nunca é demais relembrar a experiência de Evangelista Torricelli matemático italiano, e a sua descoberta da sensação da pressão atmosférica, culminando com a invenção do barômetro, instrumento muito usado nos dias de hoje  para a previsão e o prognóstico do clima. 

Outro italiano, Galileu Galilei, considerado o pai da física moderna, foi autor de alguns experimentos, entre eles a observação do movimento pendular, que foi usado depois para medir o tempo, quando da descoberta do relógio de pêndulo. 

        

Fatos como esses, mudaram o rumo das ciências físicas e determinaram profundas transformações, ensejando outras criações cientificas em benefício da humanidade.

Apesar do saber cientifico de ambos, as suas descobertas revolucionárias foram experimentais, o que demonstra claramente que não se pode, por hipótese alguma, desprezar a sabedoria popular que é real, embora não tenha registro em livros. Quando isso acontece, permite que nos questionemos sobre as limitações que todos os seres vivos têm e muitas vezes não querem aceitar. O humano como primata que é, enxerga limitação em todos os animais, menos nele, por nunca lembrar que é também  um animal  limitado. 

Essa é uma particularidade que se verifica em todos os segmentos do conhecimento humano, no campo da engenharia, das ciências médicas, do direito etc.

No tocante à engenharia, entendemos que a sabedoria popular tem resgatado ao longo do tempo, o sentido prático do verbete, em que a palavra composta engenharia, deriva de engenhar, de criar.

Pedro Leandro

No nosso caso, e como  engenheiro que somos, durante toda nossa vida profissional, convivemos com artífices superdotados do nível de: Severino Benicio de Santana de Cajazeiras; Chico Amorim, e Apolônio Ferreira de Medeiros de Sousa; Luiz Correia, Chico Morais e Sólon Bezerra de Patos, Manoel Prudêncio de Campina Grande, Pedro Leandro da Parahyba e João Cula de Guarabira, entre outros. 

Nesse mesmo campo da engenharia, existe também o fenômeno dos localizadores de água subterrânea para indicando  o local mais provável e adequado para perfuração de um poço bem sucedido. O único instrumental de que dispõem, é uma forquilha de marmeleiro, com a qual conseguem apontar o local quase exato da perfuração. (veja no vídeo)

De todos os citados, alguns mal sabiam assinar o nome. Todavia eram e alguns ainda são, dotados de inteligência privilegiada, de senso crítico aguçado, além de apurada criatividade, chegando até ao invento de equipamentos mecânicos e máquinas diversas para uso cotidiano no próprio trabalho na CAGEPA.

No campo da medicina e devido a carência de médicos, conheci farmacêuticos que exerciam com muita competência o seu mister  de manipuladores de fármacos e extrapolando atuavam como médicos, especificamente em clínica geral como bons  generalistas.

José Linhares

Falaremos aqui daqueles  que chegamos a conhecer  ou que tomamos conhecimento através de informações de pessoas idôneas como foi  o caso de:  José Gonçalves Linhares em Lavras da Mangabeira, Cândido Lavor em Jucás, ambas cidades do Centro Sul e Sul do Ceará; Ovídio Duarte em Serraria e Hermes Lira em Pilões na Paraíba, berço do famoso Beato Zé Lourenço.  Esses homens salvaram muitas vidas e sempre tiveram dos seus munícipes o reconhecimento, a consideração, o respeito e a gratidão.

 

Elesbão Crispin

Ainda na esfera do campo médico, haviam os dentistas práticos que mesmo sem estudo da anatomia da cabeça, tinham um papel semelhante ao dos farmacêuticos e alguns deles viravam protéticos práticos. Conheci Elesbão Crispim lá em Lavras da Mangabeira e região e tive informações    da minha sogra que é de Serraria, da existência de um protético de Solânea, cujo nome era Dão, o qual prestava serviços nas cidades próximas tanto em extração de dentes como em prótese dentaria. 

Nas Ciências Jurídicas tivemos os exemplos de alguns Rábulas famosos, que exerciam a prática do direito e tinham por definição do seu oficio o verbete: 

“Rábula ou provisionado no Brasil , era o advogado  que, não possuindo formação acadêmica em Direito (bacharelado), obtinha a autorização do órgão competente do Poder Judiciário (no período imperial), ou da entidade de classe (primeiro do Instituto dos advogados ; a partir da década de 1930 da OAB), para exercer, em primeira instância, a postulação em juízo.”

Rábulas famosos:

Luís Gama

Luís Gama – ex – escravo, considerado “o maior abolicionista do Brasil”, responsável pela libertação de mais de 500 escravos; Evaristo de Morais – bacharelou-se aos 45 anos, quando já era famoso criminalista; Floro Bartolomeu – líder da Sedição de Juazeiro em 1914 e, entre os mais recentes eu citaria o meu inesquecível amigo Wilson Sá em Lavras da Mangabeira; e Til Capoeira que era álter ego do advogado e tribuno  Raymundo Asfora em Campina Grande.

Wilson Sá

Os profissionais das respectivas áreas, muitos deles com pós doutorado, via de regra sempre ofereceram resistência às opiniões desses superdotados, negando-lhes credibilidade na eficiência daquilo que faziam e fazem, segundo eles por falta de titulação e de  comprovação cientifica. 

A verdade é que não reconhecem a limitação inerente à mente humana e esquecem que com todo cabedal científico que possuem, são seres limitados cuja mente não alcança toda amplitude da mãe natureza. 

Fossemos aqui apresentar exemplos de todas as ações deles nos faltaria espaço para tanto. Citarei apenas o caso de um deles, fato conhecido de muitos, merece destaque:

Contam que em num dos muitos viadutos de São Paulo, localizado na zona oeste da cidade, na região de Osasco, uma mega carreta que vinha de Santos trazendo uma carga pesada de equipamentos eletromecânicos, engavetou na laje superior do viaduto, travou o veículo obstruindo o trânsito.

O motorista aflito, assistido por alguns transeuntes curiosos, os quais nunca faltam, discutia a melhor forma de desentalar o carro, quando um trabalhador braçal da conservação das rodovias que assistia à discussão sugeriu: “reduz a pressão dos pneus à metade e quando o veículo sair tu completas a calibragem naquele posto de gasolina próximo”

Caminhão entalado na zona oeste de São Paulo

Todos se entreolharam intrigados com a forma criativa de um operário simples, sem escolaridade para  apresentar uma saída muito espirituosa para um problema complexo. Os legalistas, se presentes, teriam subestimado o operário e talvez tivesse gastado horas para desobstruir a rodovia a procura de uma comprovação cientifica.

De nossa parte podemos afirmar que nunca duvidamos do saber popular que muitas vezes nos intriga. O que fazemos, ao invés de desclassificar, é nos abraçar com a nossa limitação e ir procurar na ciência uma resposta, nem sempre encontrada.


A famosa Usina de Delmiro Gouveia em Paulo Afonso

O maior exemplo da sabedoria popular nacional, é sem dúvidas a Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso que não surgiu como é hoje. Ela surgiu de uma  mente visionária,  foi idealizada e construída por um cearense da cidade do Ipu, chamado  Delmiro Gouveia.

A fotografia nos mostra o embrião de tudo que ainda está no mesmo local e funciona graças ao carinho e o respeito que todo corpo gestor e técnico da CHESF sempre devotou à usina histórica que alimentava uma fábrica de linhas de propriedade de Delmiro, objeto da cobiça do imperialismo inglês suspeito de envolvimento no assassinato de Delmiro Gouveia.

   

Consultas: Memória de muitos amigos; acervo mental próprio; depoimento de Francisco Wanderley Junior e dona Ana Maria Carvalho Wanderley;

Fotografias e Videos: Gabarito Rodoviário;

  Conheça o homem que encontra água em baixo da terra

 Luiz Gama –  Arquivo para Relógio Carrilhão – Kukos

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4 COMENTÁRIOS

  1. Dona Dinalva, como era conhecida popularmente, ou madrinha Dinalva como alguns a chamava, era parteira afamada na região leste do município de Serraria. Até onde sei, sem nenhum estudo ou qualquer conhecimento das letras, auxiliou muitas mulheres de sua comunidade e comunidades vizinhas a darem a luz a seus rebentos. Dentre as histórias que ouvi minha mãe contar sobre dona Dinalva, era comum ela relembrar: se a mulher iria demorar pra ter outro filho ou se seria próximo ao rebento que acabará de pari. Era conhecimento empírico que ficou com dona Dinalva e que não foi passada pra outra que desse continuidade a seu trabalho de parteira. Em partes talvez por não ter voluntárias, mas muito mais provável, a melhora no serviço público hospitalar e maternidades na zona urbana, oferecendo maior segurança e dispensado as parteira daquelas épocas. Mas ainda hoje em dia, impera o sentimento de gratidão pra aquela mulher que prestou serviço exemplar, principalmente por seus afilhados que vieram ao mundo pelo auxiliou de suas mãos.

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