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Ser mãe de autista é ser uma mãe leoa

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O mês de maio está acabando, mas ainda há tempo de fazer uma homenagem as mulheres que se dedicam a missão da maternidade, seja lá qual situação, forma ou maneira se manifeste.

Como também prometido aos leitores, sempre que possível, iria utilizar da minha coluna para refletir junto a vocês temas relacionados ao autismo. Nada mais justo que focar o texto desta semana naquelas mulheres que além dos desafios e felicidade de se criar um filho ou filha, agregam a complexidade de buscar o entendimento do universo TEA.

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Convivo diretamente com uma destas, e mais recentemente estou tendo a oportunidade de trabalhar com outra, além daquelas que conheço a partir de intercâmbios em eventos e reuniões sobre autismo.

Essas mulheres se autodenominam “mamães leoas”. A alusão com a rainha das savanas não está diretamente ligada a alegoria da nobreza, mas sim, da coragem e resistência a tudo e a todos para criar e defender suas crias. É bem sabido por todos, que estas felinas são o núcleo do bando. São elas que caçam e criam os filhotes, além de defendê-los de todo tipo de ameaça direta.

Realmente, se você tiver a oportunidade de conhecer mais de perto essas gatas de duas patas vai perceber que existe um quê de diferente nelas.

As mamães leoas possuem uma sensibilidade exacerbada, reconhecem o perigo de itens distribuídos pela casa que normalmente um olho destreinado não consegue ver. Reflexos aguçados permitem realizar tarefas ao mesmo tempo que observam as aventuras que se metem seus filhotes, como por exemplo, tentar escalar a estante ou a geladeira. Nas situações mais extremas, possuem uma força e destrezas cabíveis aos atletas de alta performance.

A capacidade de comunicação é outra qualidade aguçada. Sabem identificar as alterações mais sutis de ânimo, bem como, lidar com momentos de euforia e agressividade que os pequenos podem apresentar algumas tantas vezes por dia. Tenha certeza de que existe um “dialeto de olhares e expressões faciais” que só elas entendem e conseguem reproduzir.

A capacidade de se adaptar e superar as limitações impostas é algo notável. Normalmente criam seus filhotes sozinhas, pois o indivíduo progenitor tem um péssimo hábito de fugir do bando quase sempre que as situações se complicam. Levar para médicos e terapeutas, cozinhar uma alimentação especial, limpar bagunças causadas pelos filhotes, se dedicar a participação em alguma associação de apoio a causa, estudar e se manter atualizada sobre novos tratamentos, ao mesmo tempo que dão conta de um emprego é realidade da maioria destas mães. Como dão conta? Só elas sabem.

Palestra ofertada sobre autismo ( momento anterior a pandemia). Percebam a ausência dos “papais leões”, triste constatação.

A ferocidade que defendem suas crias pode parecer, aos mais desavisados, pura grosseria de mulheres que não sabem se portar em público. Querido leitor, se coloque um pouco no lugar delas, e entenda que mesmo com todo avanço conquistado na inclusão social dos autistas, ainda se fecham muitas portas para eles, sendo o preconceito, às vezes travestido de desconhecimento, a maior ameaça à sobrevivência da prole.

Claro que não são de ferro, e normalmente no silêncio da noite, enquanto os leõezinhos dormem, elas se permitem voltar a ser gente, e expõe suas fragilidades, medos e angústias. Lágrimas enxutas, se recompõem, e voltam a ser o que são: guerreiras.

Na próxima vez que faças contato com umas dessas mulheres, tente lembrar desse texto. Observe-a como um antigo naturalista inglês que na savana africana passava horas tentando entender o comportamento animal, buscando explicações para o que presenciava. Dessa forma, igualmente aos pesquisadores, desenvolverás afeto e respeito, que coincidentemente, é o que normalmente as mamães leoas querem e precisam.

Momento de interação entre a a mamãe leoa e sua filhote. Que continuem a ter a garra de superar as adversidades e consigam contribuir o máximo possível no desenvolvimento e qualidade de vida dos seus queridos filhos e filhas. A minha mais profunda admiração por todas vocês. Fonte: Arquivo pessoal. 

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