Síndrome Cabin Fever (Febre de Cabine)

O termo “Síndrome Cabin Fever”, que em português se traduz por Febre de Cabine, refere-se àquela sensação de tédio, inquietação, irritabilidade e pouca tolerância que muitas pessoas sentem quando são forçadas a permanecerem por muito tempo em isolamento e/ou confinamento num mesmo local, seja em casa, apartamento ou escritório.

Inicialmente esta síndrome estava mais relacionada a sintomas pontuais, quando pessoas passavam dias, semanas e até meses isoladas, por conta do rigoroso inverno em países com influência do clima polar.

O isolamento social recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e efetivada pelos órgãos governamentais, com vistas ao controle da pandemia da Covid-19, fez com que o termo, CABIN FEVER, se tornasse mais conhecido, com sinais e sintomas mais visíveis e por conseguinte, com maior identificação diagnóstica. 

Os registros de nossos atendimentos psicológicos online durante o período de pandemia, precisamente de março a dezembro de 2020, demonstram que as pessoas que não tinham o hábito de trabalhar em “home office”, apresentaram maior probabilidade de desenvolver esta síndrome. Os primeiros sinais se dão a conhecer pelo aparecimento da sensação de desconforto generalizado ou mal-estar psico-bio-fisiológico. Somam-se a isso, todos os diálogos internos ocasionados por pensamentos ruminantes que podem potencializar emoções negativas durante a fase de isolamento social.

A etiologia e nosologia (causas, origens, agravamento e classificação) da Febre da Cabine é muito pouco conhecida e pesquisada como síndrome – conjunto de sinais e sintomas que ocorrem a igual tempo e que norteiam uma ou várias manifestações clínicas.

Ainda não é uma doença, nem um diagnóstico reconhecido oficialmente. O Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT) é apresentado como critério diagnóstico na Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde – CID10 e no Manual Diagnóstico dos Transtornos Mentais – DSM-5. 

O TEPT caracteriza-se por um conjunto de sintomas físicos e psíquicos que se manifestam após a exposição a um evento traumático grave.

Pelo que se dá a conhecer, pode até não ser uma condição real, mas os sentimentos negativos (tristeza, medo, hostilidade, frustração, raiva, desespero, culpa, ciúmes) registram grande pertinência e associação aos acontecimentos traumáticos do isolamento social.

O espantoso é que em média 04 entre 10 pessoas atendidas receberam essa diagnose:                     “Angústia, irritabilidade, tédio, inquietação e dificuldade de concentração”, que em decorrência do isolamento compulsório, os especialistas enquadram como sinais e sintomas da Cabin Fever.

O Dr. Paul Rosenblatt, psicólogo e professor da Universidade de Minnesota (USA), estuda a Cabin Fever entre adultos desde 2010 e afirma: “Há pacientes que absorvem esse estresse e revivem essas sensações instantaneamente e outros apresentam efeitos retardados, pós vivência de isolamento”.

Todos nós precisamos aprender a entrar e sair de um ritmo de vida diferente do qual nos habituamos a viver. O importante é encontrar o ponto de equilíbrio e reconhecer não ser preciso gostar disso, mas compreender que é isso o que temos para o momento.

O “remédio” mais eficaz para essa síndrome psicossomática será sempre ocupar a mente e o corpo em atividades prazerosas, buscar contatos virtuais com familiares, amigos e, quando necessário, procurar a ajuda de profissionais da saúde mental para uma escuta psicológica. É igualmente importante a conscientização de que por mais tempo que perdurar essa pandemia, um dia irá terminar e com ela todos esses transtornos, aos poucos, irão desaparecer.

Evitar ligar-se à mídia espalhafatosa também fará grande diferença.

Assim sendo, vamos contando os dias e as noites, com a esperança de que tempos melhores virão.

MEDIDAS SUGESTIVAS PARA VOCÊ ENFRENTAR O ISOLAMENTO

SOCIAL E ADAPTAR-SE AO NOVO NORMAL.

 1.      FAZER ADAPTAÇÕES EM SEU ESPAÇO VIVENCIAL  

Se você está habituado a grandes ambientes, com trânsito por corredores e salas de uma empresa, recomendamos mesclar um pouco os espaços dentro de casa. A decoração e redefinição do uso dos ambientes domésticos irá ajudá-lo a adaptar-se melhor a essa nova situação.

2.      ESTRUTURAR AS AÇÕES NO SEU DIA A DIA

Estabeleça uma rotina saudável. Recomendamos dar continuidade a sua vida rotineira, que possivelmente faria se não estivesse em isolamento social. Ter um horário definido para as refeições e uma hora de dormir pode ajudar você a permanecer no caminho certo.

Procure se levantar em horários próximos ao que fazia em um tempo de normalidade laborativa. Escolha o que vai vestir e nunca permaneça de pijama durante todo dia.

Planejar atividades e estabelecer metas diárias pode ajudar a manter-se motivado.

3.      ENCONTRAR UM TEMPO DIFERENCIADO PARA VOCÊ 

Lidar com as diferenças familiares no dia a dia pode desencadear algumas emoções negativas. Se houver uma parte separada da casa, faça desse ambiente o seu refúgio pessoal.

Permaneça ativo – física e mentalmente. Selecione álbuns de música e escolha bons filmes para ver. Ler é também um excelente passatempo. Você pode não saber exatamente o que fará no dia seguinte, mas vale viver bons momentos. Conhecer novos conceitos, redefinir antigos paradigmas, farão grande diferença em manter sua mente saudável e atualizada.

 

4.      MANTER CONTATOS SOCIAIS

Conecte-se com seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Pesquisas feitas durante esse tempo de isolamento social revelam que estar socialmente conectado é de grande importância.  Recomenda-se permanecer em contato com suas redes sociais, fazer contatos via celular, enviar mensagens por e-mails, etc. Interesse-se em saber como estão vivendo seus amigos e familiares mais distantes. Lembre-se: as pessoas estão assustadas. Uma palavra de conforto fará toda diferença, considerando que estamos todos no mesmo barco.

 5.      EVITAR CONFLITOS DE TODA ESPÉCIE

Se perceber que o isolamento social diminuiu sua tolerância, lembre-se, o exercício da tolerância, do acolhimento, do diálogo e das boas relações partem de decisões que tomamos ao longo da nossa vida. Praticar ações mais positivas e menos individualistas já representam um bom começo.

Lembrar sempre que:

·         Classificar e julgar o outro estimula violência;

·         Comparações são formas de julgamentos;

·      Estimular a empatia e a compreensão que cada pessoa tem seu ponto de vista, evitará muitos conflitos;

·         Não nascemos para sermos perfeitos, nascemos para sermos felizes;

·         Por fim, se você sentir que o auto isolamento está causando um impacto muito negativo na sua saúde mental e gerando conflitos desnecessários, é aconselhável procurar um atendimento psicológico.

 6.      ESTIMLAR O SEU SISTEMA IMUNOLÓGICO

Os efeitos da mobilidade reduzida e da solidão sugerem maior suscetibilidade às doenças cardiovasculares.

A boa notícia é que uma alimentação saudável, dormir bem, praticar exercícios físicos e a correta suplementação de vitaminas, minerais e antioxidante (sob prescrição médica), são ações   impactantes na melhora da resposta imunológica à vacinação, na diminuição do estado inflamatório crônico e na melhora dos diversos marcadores imunológicos de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e obesidade.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Síndrome Cabin Fever pode ser apenas uma reação temporária, uma resposta adaptativa e sem danos à saúde. Portanto, esteja atento a essas diferenças e, na dúvida, converse com um médico ou psicólogo especialista em doenças psicossomáticas.

Algumas pesquisas apontam que determinadas pessoas sentem insegurança em voltar à rotina, frequentar locais, tais como, shoppings, restaurantes e academias. É uma reação natural sentir receio e ansiedade ao pensar nesse retorno.

Estamos lidando com algo muito novo e ainda testando as saídas e recursos para o equilíbrio da saúde mental. É importante cada um poder avaliar os riscos reais, respeitando seu próprio tempo, mantendo o autocuidado e, principalmente, não permanecer em um isolamento emocional.

 

“Nos momentos de dificuldade de nossa vida, lembremo-nos que, na história da humanidade, o amor e a verdade sempre venceram”.        (Mahatma Gandhi)

                                                                                                               Revisão de Texto: Nilma Lima

  

 

 

 

 

 

 

 

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