O termo “Síndrome Cabin Fever”, que em português se traduz por Febre de Cabine, refere-se àquela sensação de tédio, inquietação, irritabilidade e pouca tolerância que muitas pessoas sentem quando são forçadas a permanecerem por muito tempo em isolamento e/ou confinamento num mesmo local, seja em casa, apartamento ou escritório.
Inicialmente esta síndrome estava mais relacionada a sintomas pontuais, quando pessoas passavam dias, semanas e até meses isoladas, por conta do rigoroso inverno em países com influência do clima polar.
O isolamento social recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e efetivada pelos órgãos governamentais, com vistas ao controle da pandemia da Covid-19, fez com que o termo, CABIN FEVER, se tornasse mais conhecido, com sinais e sintomas mais visíveis e por conseguinte, com maior identificação diagnóstica.
A etiologia e nosologia (causas, origens, agravamento e classificação) da Febre da Cabine é muito pouco conhecida e pesquisada como síndrome – conjunto de sinais e sintomas que ocorrem a igual tempo e que norteiam uma ou várias manifestações clínicas.
Ainda não é uma doença, nem um diagnóstico reconhecido oficialmente. O Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT) é apresentado como critério diagnóstico na Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde – CID10 e no Manual Diagnóstico dos Transtornos Mentais – DSM-5.
O TEPT caracteriza-se por um conjunto de sintomas físicos e psíquicos que se manifestam após a exposição a um evento traumático grave.
Pelo que se dá a conhecer, pode até não ser uma condição real, mas os sentimentos negativos (tristeza, medo, hostilidade, frustração, raiva, desespero, culpa, ciúmes) registram grande pertinência e associação aos acontecimentos traumáticos do isolamento social.
O espantoso é que em média 04 entre 10 pessoas atendidas receberam essa diagnose: “Angústia, irritabilidade, tédio, inquietação e dificuldade de concentração”, que em decorrência do isolamento compulsório, os especialistas enquadram como sinais e sintomas da Cabin Fever.
O Dr. Paul Rosenblatt, psicólogo e professor da Universidade de Minnesota (USA), estuda a Cabin Fever entre adultos desde 2010 e afirma: “Há pacientes que absorvem esse estresse e revivem essas sensações instantaneamente e outros apresentam efeitos retardados, pós vivência de isolamento”.
Todos nós precisamos aprender a entrar e sair de um ritmo de vida diferente do qual nos habituamos a viver. O importante é encontrar o ponto de equilíbrio e reconhecer não ser preciso gostar disso, mas compreender que é isso o que temos para o momento.
Evitar ligar-se à mídia espalhafatosa também fará grande diferença.
Assim sendo, vamos contando os dias e as noites, com a esperança de que tempos melhores virão.
MEDIDAS SUGESTIVAS PARA VOCÊ ENFRENTAR O ISOLAMENTO
SOCIAL E ADAPTAR-SE AO NOVO NORMAL.
1. FAZER ADAPTAÇÕES EM SEU ESPAÇO VIVENCIAL
Se você está habituado a grandes ambientes, com trânsito por corredores e salas de uma empresa, recomendamos mesclar um pouco os espaços dentro de casa. A decoração e redefinição do uso dos ambientes domésticos irá ajudá-lo a adaptar-se melhor a essa nova situação.
2. ESTRUTURAR AS AÇÕES NO SEU DIA A DIA
Estabeleça uma rotina saudável. Recomendamos dar continuidade a sua vida rotineira, que possivelmente faria se não estivesse em isolamento social. Ter um horário definido para as refeições e uma hora de dormir pode ajudar você a permanecer no caminho certo.
Procure se levantar em horários próximos ao que fazia em um tempo de normalidade laborativa. Escolha o que vai vestir e nunca permaneça de pijama durante todo dia.
Planejar atividades e estabelecer metas diárias pode ajudar a manter-se motivado.
3. ENCONTRAR UM TEMPO DIFERENCIADO PARA VOCÊ
Lidar com as diferenças familiares no dia a dia pode desencadear algumas emoções negativas. Se houver uma parte separada da casa, faça desse ambiente o seu refúgio pessoal.
Permaneça ativo – física e mentalmente. Selecione álbuns de música e escolha bons filmes para ver. Ler é também um excelente passatempo. Você pode não saber exatamente o que fará no dia seguinte, mas vale viver bons momentos. Conhecer novos conceitos, redefinir antigos paradigmas, farão grande diferença em manter sua mente saudável e atualizada.
4. MANTER CONTATOS SOCIAIS
Conecte-se com seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Pesquisas feitas durante esse tempo de isolamento social revelam que estar socialmente conectado é de grande importância. Recomenda-se permanecer em contato com suas redes sociais, fazer contatos via celular, enviar mensagens por e-mails, etc. Interesse-se em saber como estão vivendo seus amigos e familiares mais distantes. Lembre-se: as pessoas estão assustadas. Uma palavra de conforto fará toda diferença, considerando que estamos todos no mesmo barco.
5. EVITAR CONFLITOS DE TODA ESPÉCIE
Se perceber que o isolamento social diminuiu sua tolerância, lembre-se, o exercício da tolerância, do acolhimento, do diálogo e das boas relações partem de decisões que tomamos ao longo da nossa vida. Praticar ações mais positivas e menos individualistas já representam um bom começo.
Lembrar sempre que:
· Classificar e julgar o outro estimula violência;
· Comparações são formas de julgamentos;
· Estimular a empatia e a compreensão que cada pessoa tem seu ponto de vista, evitará muitos conflitos;
· Não nascemos para sermos perfeitos, nascemos para sermos felizes;
· Por fim, se você sentir que o auto isolamento está causando um impacto muito negativo na sua saúde mental e gerando conflitos desnecessários, é aconselhável procurar um atendimento psicológico.
6. ESTIMLAR O SEU SISTEMA IMUNOLÓGICO
Os efeitos da mobilidade reduzida e da solidão sugerem maior suscetibilidade às doenças cardiovasculares.
A boa notícia é que uma alimentação saudável, dormir bem, praticar exercícios físicos e a correta suplementação de vitaminas, minerais e antioxidante (sob prescrição médica), são ações impactantes na melhora da resposta imunológica à vacinação, na diminuição do estado inflamatório crônico e na melhora dos diversos marcadores imunológicos de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e obesidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Síndrome Cabin Fever pode ser apenas uma reação temporária, uma resposta adaptativa e sem danos à saúde. Portanto, esteja atento a essas diferenças e, na dúvida, converse com um médico ou psicólogo especialista em doenças psicossomáticas.
Algumas pesquisas apontam que determinadas pessoas sentem insegurança em voltar à rotina, frequentar locais, tais como, shoppings, restaurantes e academias. É uma reação natural sentir receio e ansiedade ao pensar nesse retorno.
Estamos lidando com algo muito novo e ainda testando as saídas e recursos para o equilíbrio da saúde mental. É importante cada um poder avaliar os riscos reais, respeitando seu próprio tempo, mantendo o autocuidado e, principalmente, não permanecer em um isolamento emocional.
“Nos momentos de dificuldade de nossa vida, lembremo-nos que, na história da humanidade, o amor e a verdade sempre venceram”. (Mahatma Gandhi)
Revisão de Texto: Nilma Lima
Muito importante tratar desse problema que vem afetando muitos de nós nesse período. Saber o que está acontecendo com nós mesmos e como podemos enfrentar essa questão, é importante para podermos buscar nosso bem-estar. Parabéns!!
Super didático e auto explicativo. Retrata sintomas atuais desse momento de tanta oscilação que estamos vivendo.
Amei a utilidade dessas informações . De repente e não sem propósito estava passando por esse processo sem concientizaçao até ler esse texto . Gratidão
Vou compartilhar esse texto com meus amigos, pois já ouvi relatos de sintomas desta síndrome. Parabéns pelo texto.
Juliana Guedes- vêm se acentuando o aparecimento de muitas síndromes e doenças em razão do prolongamento da situação de Pandemia, que atravessamos. Fico preocupada com o pós- Pandemia, quantos efeitos retardatários teremos por vir. Obrigada pelas dicas de cuidados e pela energia sempre positiva.
Muito propenso esta síndrome no tempo que estamos vivendo. Este texto excelente nos mostra os cuidados devemos tomar. Através do conhecimento, esclarecedor vamos ter maior probabilidade de defesa na trajetória desta pandemia.
Tema muito pertinente. Vou compartilhar com os amigos e familiares.
Muito importante estas orientações para que possamos identificar e tomar medidas eficazes para enfrentarmos as adversidades nos tempos que vivemos e ao mesmo tempo termos uma expectativa positiva para os tempos futuros Amei a música de Guilherme.Muito oportuna!
Texto excelente, elucidativo e que traz sugestões aplicáveis e de grande portancia para todos.
Traz mensagens positivas e, no meu entender sinaliza para caso necessário buscar ajuda. Gratidão. Vou compartilhar
Apesar de viajar muito, amo minha casa, meus livros e minhas pesquisas, mas, quando fui obrigado pelas circunstâncias da pandemia me causou tensão e a sensação que nunca mais seremos os mesmos, ou, o mundo não será o mesmos e que preciso me reinventar. Obrigada pelas dicas.
O artigo, caiu como mão na luva para os dias atuais. De uma forma ou de outra estamos sendo afetados com a pandemia. E preciso ter sabedoria para conviver com tudo isso. Otimas sugestões dr Luiz Celio.
Excelente artigo.Retrata bem a situação atual que a humanidade está passando.Embora a situação seja de muita intranquilidade, vejo como oportunidade de crescimento, a humanidade estava muito vinculada a vida exterior, esquecendo de se interiorizar mais.Boas dicas dadas no artigo, viajamos quando lemos um bom livro, ao criarmos uma obra de arte, quer seja uma pintura, escultura ou uma bela partitura musical, um texto, nos sentimos felizes, e não custa nada essa felicidade… mas é uma das mais prazerosas, pois sai de dentro do nosso ser, não precisamos ir algures para sermos felizes e nos sentirmos plenos.
Muito interessante o tema e a forma como ele foi exposto.
Obrigado, doutor Luiz Célio.
Um texto necessário para essa época que estamos vivendo!! Obrigada, Seu Luiz Célio!👏👏👏