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Crônicas de mortes anunciadas

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Mais um ministro da saúde é nomeado num governo que tem 26 meses de empossado, ou seja, 54% do mandato. A média de permanência no cargo é de apenas 6 meses e 15 dias para cada ministro.

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Fui indagado por Zé Neto Machado, um sobrinho que mora em Lavras da Mangabeira CE, sobre o conceito que eu teria do  recém-indicado ministro da saúde, um médico de tradicional família paraibana, com inserção de outros representantes na área de saúde, e no seio da qual temos alguns amigos.

Respondi a ele que pelas informações de pacientes, como médico, trata-se de  cardiologista competente e  um profissional  muito conceituado.

 O Novo Ministro da saúde e o presidente Bolsonaro

 Avalia-lo como gestor nesse momento em que assume um ministério tão  importante, seria precipitado. Todavia  diante das condições que lhe estão sendo  impostas  pelo presidente da república, com o aval do filho senador de quem dizem ser amigo, o recém escolhido  tem tudo para ser mais um fracassado, aliás o quarto ministro da saúde  fracassado. 

Quem teve a oportunidade de avaliar a atuação de cada um dos ministros que  o antecederam no cargo, deve ter  percebido que  quem  quer que aceite assumir essa pasta  e que tenha projetos em mente,  terá de conviver com o pior dos ambientes de trabalho, sujeito a interferências e regras bolsonarianas. 

A conversa que tive  com o meu sobrinho  foi  pela manhã e logo após  o meio dia, ouvimos um comentário do jornalista Valdo Cruz no telejornal  Hoje da rede globo de televisão, dando conta que  em reunião  do indicado com a equipe ministerial e quando   perguntado sobre  a sua (dele)  política para a saúde,  teria respondido: “a política de saúde não é do ministro, é do presidente!.” Mais não disse, nem lhe foi perguntado!

A partir de então foi que nos decidimos a apresentar aos leitores a nossa modesta opinião sobre o desenrolar dos fatos, começando por uma  pergunta básica.

Qual é mesmo a função de quem assume um ministério ou uma secretaria de estado?  

A resposta é muito simples: o ministério da saúde tem como norte o plano de governo do chefe do executivo, o qual foi eleito com uma proposta  pactuada com o povo  e foi, ou deveria ter sido, incorporada ao seu  projeto de governo referendado nas urnas.

Na ausência de um compromisso formal assumido pelo presidente com a nação, não há condições de implantar um projeto administrativo improvisado, que não dialogue com as aspirações do povo.  È exatamente isso que falta ao governo Bolsonaro, o maior exemplo de outsider político oportunista da nossa história.

Como Bolsonaro  surgiu por acaso, vindo de mandatos bisonhos, na crista de uma onda mundial  conservadora  que assolou o mundo, não trouxe consigo nada além do projeto ultraneoliberal que foi obrigado a seguir 

Na sua passagem pela câmara federal por  sete mandatos seguidos, apresentou apenas três projetos que não foram aprovados, segundo os seus pares, por inconsistência e falta de prioridade, o que atesta um mandato opaco de um deputado federal sub – medíocre, ou seja abaixo   da média.

A  facada de Bolsonaro

Durante a campanha eleitoral fugia de todo e qualquer debate e culminou com um misterioso “atentado à canivete,” com fortes indícios de farsa, o qual   terminou lhe afastando de qualquer atividade política durante  a campanha, nos dois turnos da eleição de 2018.

Para a campanha eleitoral, foi montado  um aparato cibernético, orientado a partir  dos Estados Unidos sob a consultoria do homem que fizera Donald Trump vitorioso, Steve Bannon. A ideia contou com uma legião de robôs que disparava centenas de Fake News por minuto nas redes sociais, espalhando mentiras e construindo um ídolo de pés de barro numa pratica fraudulenta que acabou influenciando decisivamente o resultado do pleito. 

Mas voltemos ao tema central para levar aos leitores algumas informações sobre o maior programa de saúde pública do mundo que è o SUS, do qual muito se fala e  que  poucos conhecem as entranhas.

  

Como aluno da Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, acompanhei  de perto a gestação desse projeto que foi fecundado no ventre fértil daquela instituição, pelo tirocínio de dois estudiosos, pesquisadores da mais alta capacidade cientifica, sob a coordenação de Sérgio Arouca e Frederico Simões Barbosa, (de quem fui discípulo) dois dos mais experientes médicos sanitaristas do Brasil.

Finalmente, o que é e como funciona o SUS?

“O Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído pela Constituição Federal de 1988 para atender ao mandamento constitucional que classifica a saúde como um direito de todos e dever do Estado, regulado pela Lei nº. 8.080/1990. A partir da sua criação, toda a população brasileira passou a ter direito à saúde universal gratuita, financiada com recursos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, em conformidade com o artigo 195 da Constituição. A Constituição também estabelece cinco princípios básicos que norteiam o SUS juridicamente, são eles: universalidade (artigo 196), integralidade (artigo 198 – II), equidade (artigo 196 – “acesso universal e igualitário”), descentralização (artigo 198 – I) e participação social (artigo 198 – III).”

Não iremos nos ater a operação detalhada do SUS até porque o espaço é exíguo, no entanto iremos fazer referência aos cinco princípios básicos,  para ilustrar o   nosso raciocínio.          

O SUS é uma concepção de prestação de saúde mundialmente reconhecida, que poderia ser usado por qualquer país que tenha governantes comprometidos com a saúde do seu povo, podendo ser  comparado a um sapato que cabe em qualquer pé,  inclusive no pé de Bolsonaro que teima em andar descalço. Um governante sensato, não somente  acataria  e adotaria a filosofia do SUS, como revigoraria a sua estrutura, fortaleceria seu orçamento, capacitaria ainda mais os seus técnicos e aplicaria ipsis liters a política de saúde proposta com a garantia de uma prestação  de qualidade. 

Se o atual presidente não faz isso, ou é por medo da pressão do empresariado médico, dono dos planos de saúde que querem ver o fim do SUS para garantir o domínio do mercado, ou por outra é por inapetência, indiferença, omissão, falta de clarividência, insensibilidade e desrespeito à nação.

Olhando os cinco princípios do SUS citados anteriormente, temos a certeza que Jair Bolsonaro sequer leu o programa como era da sua obrigação e irá continuar como o  brincante do pastoril, fazendo tropelias, mungangas e humor escrachado,  zombando da grande  vitima do seu “governo”  que é povo.

Se o governante maior pensa dessa forma, se  sabota a vacina, se não respeita os protocolos da ciência, será que  um  ministro que assume declarando: “a política de saúde não é do ministro. É do presidente” vai agir de forma diferente, mesmo que tenha boas intenções e pense em contrário?

A magnitude dessa pandemia teria de ter a unidade a  harmonia das  três instâncias de governo:  federal, estadual e municipal,  em respeito ao  pacto federativo e não da maneira desastrosa, desordenada  e atabalhoada da  autoridade  maior que é  o presidente  da republica que dá um mau exemplo.

O vírus teria de ser enfrentado na origem para que o isolamento funcionasse com mais eficiência e eficácia, com protocolos  menos traumáticos. Para tanto o SUS dispõe das Unidades de Saúde da Família-USF, Unidades de Pronto atendimento, UPA– além das unidades móveis do SAMU.

Ao contrário disso, resolveram se entrincheirar nos hospitais e esperar o vírus como se fosse uma emboscada, armados apenas do improviso.  Uma tocaia montada por um pistoleiro, armado de espingarda de soca, enquanto o inimigo perambula pelos campos, disseminando  o contagio. Essa atitude nos levou a essa situação dramática de colapso, com as pessoas morrendo à míngua nos corredores dos hospitais, para  angustia e  desespero de médicos, paramédicos e pessoal de apoio, impotentes por não conseguirem uma prestação de saúde digna do ser humano. Não se enganem o corpo médico e pessoal de apoio também sofre e sofre  muito!

É esse o quadro desesperador que vivemos à espera da vacina, seguidamente sabotada pelo presidente da república e o seu governo, situação que precisa ter um paradeiro, diante de mais de 292.000 mortos.

Com relação aos reflexos na economia, eles são inegáveis e inevitáveis. Ora, o isolamento pressupõe restrições às atividades laborais que são plenamente possíveis de serem compensadas. Como?

Ao governo federal que tem ou deveria ter controle sobre o orçamento da União e a quem cabe formular políticas públicas de saúde e provisionar os recursos para a execução tripartite, união x estados x  municípios,  redirecionaria  parte dos recursos destinados ao serviço da divida pública, bancando um rigoroso e eficiente lockdown de 30 dias. Tudo isso  paralelamente  a um agressivo programa vacinal que abrangesse toda população. Seria o estancamento da infectação numa ponta e a imunização vacinal na outra, simples assim!

A indústria e o comércio  teriam recursos disponibilizados pelo governo federal, dono da chave  do cofre,  para pagar a folha de  salário dos seus empregados no período do isolamento de trinta dias  e uma anistia única de algumas despesas correntes com impostos e tarifas   obrigatórias. 

Para isso precisaria de um governante decidido e corajoso para encarar a resistência e os maus humores dos grupos econômicos obcecados por lucro, com coragem de encarar todas as pressões, consciente que vidas humanas estão acima de qualquer bem material, portanto não têm preço.

Esse proselitismo exibicionista de Jair Bolsonaro é apenas uma pantomima para alimentar o ego dos 22% de fundamentalistas que ainda acreditam nele e o seguem. 

Para encerrar, cito uma velha frase lá do império romano, proferida em latim pelo  senador e tribuno Cícero, a um outro senador romano  habitué em lhe infernizar na tribuna, de nome  Catilina. Disse ele:

“Quousque tandem abutere Catilina patientia nostra”

Até quando Catilina abusarás da nossa paciência!

Consulta:www.poder360.com.br;

saudeestadao.com.br;

femama.org.br;

 Fotografias:blogs.oglobo.globo.com;correiodobrasil.com.br;sindsaude.com.br;                

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2 COMENTÁRIOS

  1. De forma didática e conhecimento.do tema em pauta, o texto esclarece para mim e creio que para muitos um tema que é de suma importância se inteirar já que diz respeito a crise que se abateu sobre o país detonando o nosso bem maior que é A SAÚDE: O que é o SUS? QUAIS OS PRINCÍPIOS QUE O NORTEIAM ? A partir desse conhecimento, podemos avaliar o quanto são cruéis e venais os politicos deste país. Quanto podiam fazer para minorar a vida do povo no que concerne a saúde! Então com Jair Bolsonaro a ferida passou a ser exposta e sangrar. Ele chegou ao desplante de planejar acabar com o SUS.Com seus direitos assegurados o povo não estaria agora morrendo à mingua sem ar, nas filas dos hospitais. É um pecado que clama aos céus e pede a Deus vingança.
    Quanto ao novo ministro que ainda nao assumiu por motivos escusos, eu o julgo a partir de quem o indicou citando o velho provérbio:" Dize-me com quem andas que te direi quem és "

  2. Agradecemos a Anita Machado pelo estímulos expresso no comentário.A nossa intenção é contribuir para um melhor entendimento da economia para permitir a interpretação dos fatos econômicos que envolve os da nossa classe.
    Decodificar o abstrato que oculta a verdadeira face da exploração de classe é o nosso propósito.

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