Nos dias atuais, tornou-se comum ver médicos, dentistas, psicólogos, advogados, engenheiros e outros profissionais, aposentados por idade e/ou tempo de serviço, exercendo suas atividades laborais em local próprio ou como empregados.
A continuidade do exercício profissional pós aposentadoria está relacionada ao desejo de permanecer produtivo à sociedade, de ocupar o tempo ocioso de forma criativa e até mesmo como terapia ocupacional – um aporte à qualidade de vida. Dessa forma, cria-se um misto de alegações associadas ao equilíbrio socioeconômico ou como complemento dos rendimentos advindos da aposentadoria. Nesse contexto, a população brasileira está envelhecendo, um reflexo da “revolução da longevidade” – a maior conquista social do século XXI.
A sociedade capitalista, muitas vezes, compreende o envelhecimento como um “problema”. Campanhas publicitárias subliminares disseminam estereótipos que estimulam a exclusão do profissional idoso do mercado de trabalho, às vezes grandes especialistas são banidos do exercício de sua profissão. O capitalismo selvagem impõe regras inflexíveis de produção, de agilidade e de modernidade. O idoso, por questões bio-psico-fisiológicas, pode apresentar algumas limitações ou pequenas dificuldades adaptativas, mas isso não o impossibilita de realizar seu trabalho com eficiência e eficácia.
O envelhecimento humano não deveria ser visto apenas pela ótica da cronologia (da idade), é necessário ter a percepção de diversos outros aspectos, dentre os quais se destaca o caráter social acerca da senescência, isto é, todas as alterações que ocorrem no organismo humano ao decorrer do tempo, que não configuram doenças. Muitas pessoas têm dificuldade de vivenciar tranquilidade e harmonia na “terceira idade”, justamente por não encarar esse momento de forma realista, reconhecendo suas limitações e suas potencialidades.
Nos países asiáticos a velhice é sinônimo de experiência e sabedoria. Via de regra, as pessoas idosas são tratadas com atenção e respeito. De modo oposto, as sociedades ocidentais contemporâneas incentivam a cultura utilitarista, a qual reduz as relações humanas como se fossem transações comerciais. O contraste entre o indivíduo como ser biológico e ser social configuram situações ambivalentes na legislação vigente, gerando entraves na modernização da legislação trabalhista, conservadora, que penaliza o idoso com plena capacidade laborativa.
O envelhecimento é um processo que deve ser vivenciado de uma forma saudável e autônoma o maior tempo possível. É recomendável que a pessoa idosa exerça a plenitude de sua cidadania, se envolva na vida econômico-social, política, cultural, religiosa, laboral e civil, para que envelheça de uma forma integrada e participativa.
SENILIDADE E DEPRESSÃO
É importante diferenciar os termos senescência e senilidade, ainda que ambos estejam relacionados ao envelhecimento. A SENESCÊNCIA circunscreve todas as alterações presentes no organismo humano que não configuram doenças: cabelos brancos, queda de cabelo, rugas, perda do viço da pele, perda da massa muscular, etc. A SENILIDADE está ligada aos fenômenos do envelhecimento sob o olhar da geriatria, são alterações decorrentes de doenças como hipertensão, diabetes, insuficiência renal, doença pulmonar, depressão dentre outras.
Uma vida apática, improdutiva, isolada, com problemas de comunicação e conflitos familiares pode contribuir ou desencadear um processo de angústia reativa, melancolia ou mesmo depressão.
A sintomatologia da depressão pode variar em função dos indivíduos e pode ser causada por várias outras doenças, geralmente coexistentes. Dessa forma, no momento da consulta ou acolhimento da pessoa idosa, o profissional de saúde deve estar atento para alguns sinais e sintomas que sugerem possíveis diagnósticos de Transtorno Depressivo, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Melancolia como:
• Fadiga matutina • Ansiedade • Retardo psicomotor • Redução da afetividade • Intranquilidade ou nervosismo • Alteração no ciclo do sono (e vigília) • Alteração do apetite (habitualmente com anorexia) • Múltiplas queixas somáticas mal sistematizadas • Falta de interesse nas coisas que antes lhe agradavam • Queixas acentuadas de anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) • Distúrbios do comportamento, da conduta e da cognição.
Quem não gostaria de chegar à velhice apenas apresentando as mutações da senescência?
É fato que sofremos interferências genéticas e ambientais ao longo da vida, pois assumimos escolhas que irão interferir em nosso processo de envelhecimento.
Algumas pessoas têm dificuldade de vivenciar tranquilidade e harmonia na “terceira idade”, justamente, por não encarar este momento de forma realista, reconhecendo as suas limitações em decorrentes da senilidade.
Algumas orientações para um estilo de vida saudável podem impactar de forma positiva no envelhecimento:
TRABALHE SUA AUTOESTIMA: Muitos idosos, ao longo da vida, apresentam alterações no humor e/ou problemas de baixa autoestima, gerando isolamento social.
Os cuidados com o corpo e com a mente oportunizam uma visão positiva sobre a própria existência. A prática de atividades físicas associada a meditação, relaxamento guiado e/ou ao yoga, tai chi chuan, ouvir música, dançar, assistir filmes e ler com regularidade, podem ajudar a elevar a autoestima e consequentemente melhorar o humor.
Uma vida social participativa também pode afastar os efeitos da solidão e melhorar a qualidade de vida.
MANTENHA HÁBITOS SAUDÁVEIS: Saudáveis ou não, os hábitos, mais cedo ou mais tarde, irão refletir em nossa saúde. O tabagismo e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas são dois grandes parceiros do envelhecimento insalubre, assim como os alimentos fast-food – comida barata e de fácil preparo, mas desprovidos dos nutrientes básicos para o bom funcionamento do corpo humano.
LIVRE-SE DOS VENENOS DA ALMA: Evite beber qualquer um dos (sete) terríveis venenos que possuem efeito lento, mas fatal: EGOÍSMO, AVAREZA, INVEJA, ORGULHO, DESAMOR, IGNORÂNCIA e FALTA DE FÉ. Além disso, evite nutrir pensamentos negativos, conduzir a vida com base em crenças limitantes, ter medo de mudanças e/ou aprender coisas novas, viver ancorado ao passado ou ao futuro e não demonstrar gratidão.
PROCURAR ACOMPANHAMENTO TÉCNICO-ESPECIALIZADO: Apesar da Geriatria ser uma das mais jovens especialidades médicas, o acompanhamento médico especializado (geriatria, psicogeriatria e medicina ortomolecular) e psicológico do idoso é imprescindível, visto que, esse combo multiprofissional atua na prevenção, estabilização e cura das doenças da velhice.
A SOBRAE (Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento), uma sociedade sem fins lucrativos, constituída por uma equipe multiprofissional especializada em saúde do idoso, tem por objetivo entender melhor o processo de envelhecimento e as medidas preventivas possíveis para retardá-lo, de modo a preservar a qualidade de vida.
Vale a pena visitar seu site: https://www.sobrae.com.br
Ademais, se pudéssemos escolher, certamente, não passaríamos por momentos de sofrimento. Viver reclamando nada resolve. Se algo não está “de boa” em sua vida, foque em resolver essas pendências. Lembre-se: A vida é uma luta renhida que aos fracos abate e aos fortes exalta – Gonçalves Ledo.
“Levanta a cabeça, sacode a poeira, e dá a volta por cima”, vida que segue.
Revisão de texto: Nilma Lima