fbpx
29.1 C
João Pessoa
InícioLuiz Célio RangelCIÚME: Doença ou excesso de amor?

CIÚME: Doença ou excesso de amor?

- PUBLICIDADE -

O Cancioneiro Popular Brasileiro, mais especificamente a Música Sertaneja, possui um número incontável de canções que falam sobre “sofrência”, a qual pode estar relacionada a dor de cotovelo, brigas de amor e ciúmes. Aí vem a pergunta:  O ciúme é uma doença ou excesso de amor?

- Publicidade -

Na cultura latina, infelizmente, é relativamente comum associar o ciúme a uma manifestação clara de amor e cuidado entre parceiros de um relacionamento afetivo; uma afirmação em nada verdadeira.

O ciúme é uma reação psicológica que envolve múltiplos aspectos, geralmente associada a insegurança, a baixa autoestima e como salvaguarda do afeto pessoal, numa tentativa desesperada de manter uma relação considerada importante, seja ela afetiva, familiar ou entre amigos. 

A forma mais comum de ciúmes acomete, indistintamente, homens e mulheres. Desse modo, o ciúme nasce de um medo quase inexplicável de perder a atenção e o interesse da pessoa amada, como também de ficar sozinho ou de partilhar o afeto. 

De forma geral, sentir ciúmes é algo natural, uma herança deixada pelos nossos ancestrais. O homem primitivo sentia ciúmes de sua parceira e inquietava-se face a possibilidade de que seus filhos não fossem legítimos e, assim, protegia sua linhagem. A mulher primitiva também sentia ciúmes do parceiro e de suas crias, por medo de ser abandonada.

Até mesmo alguns animais de estimação podem apresentar comportamentos possessivos e reações muito simulares ao “ciúme”. Isso pode ocorrer quanto a um espaço, a uma pessoa, a outro animal ou a um objeto. Questões emocionais, relacionadas à instabilidade e insegurança, faz com que o animal possa desenvolver reações agressivas.

Todos nós, profissionais da saúde mental, psicólogos, psicanalistas e psiquiatras estamos acostumados a lidar com casos de ciúmes – tema frequente em sessões de psicoterapia, que acarreta muito sofrimento tanto para quem o sente, quanto para quem é vítima de uma pessoa ciumenta.

A maioria dos especialistas que estuda o ciúme afirma que isso tem a ver com o medo de perder.  Mas perder o quê? A pessoa ou o que ela representa emocionalmente para você? Será que o ciúme não tem a ver com o apego excessivo a uma pessoa?

Acredito que tem muito a ver com o que você prioriza em sua vida; quando você coloca em outra(s) pessoa(s) o centro do seu bem-estar, a serenidade, a segurança, o e senso de valor próprio.  Isso poderá se tornar uma obsessão pelo outro, como se esse outro tivesse que ser sua propriedade. Dessa forma, entende-se que esse sentimento está relacionado ao desejo de exclusividade. 

A Psicanálise acredita que o ciúme se torna patológico (doentio) a medida em que um, ou os dois do par afetivo, tem conflitos relativos à fase edípica não resolvidos. Portanto, o ciúme normal adoece contaminado pela fixação nos conflitos edípicos não integrados e superados. Essa patologia se estende desde as queixas expressas no ciúme delirante até as atuações extremas, os crimes passionais.

São muitos os casos de pessoas que se veem obrigadas a abandonar velhas amizades, velhos hábitos, renunciar sonhos, estudos e empregos por imposições ciumentas de seus parceiros. Isso acompanhado de desconfianças e controle sobre suas vidas que, invariavelmente, culminam em discussões, algumas marcadas pela violência verbal ou mesmo física.

O que falar, então, da violência moral ao ter sua privacidade violada, ao ter bolsos e bolsas revirados, celulares vasculhados à procura de nomes e chamadas de números desconhecidos, e-mails devassados e constantes exigências de explicações para qualquer atitude que seja julgada como suspeita pelo outro?

A boa notícia é que a construção de um projeto de vida é uma tarefa para a vida inteira, pois ela parte de um ponto em que o autoconhecimento, a conscientização e a vontade de mudar são capítulos indispensáveis para a construção de um passaporte capaz de redefinir nossas vidas, nossas posturas emocionais e comportamentais. Qualquer tempo será o tempo certo para uma mudança de vida.

DICAS PARA O CONTROLE DE CRISES DE CIÚMES

1. ANALISE AS RAZÕES E OS MOTIVOS DE SEUS CIÚMES

Qual é a situação que despertou esse sentimento? 

Por que e de que você sente ciúmes? 

Aconteceu algo no passado para você se sentir assim? 

Importante: Se não houver consciência de que o ciúme pode estar em excesso, é pouco provável que a pessoa vá em busca de ajuda. ⠀

2. TRABALHE A CONFIANÇA NO RELACIONAMENTO 

Você confia no seu parceiro(a)?

Caso você responda “não” a essa questão, o melhor a fazer é conversar sobre isso. Exponha seus pontos de vista ao parceiro ou parceira, e os fatos que causam desconfiança, mas saiba, desde já, que não é possível mudar as pessoas. Tudo o que você pode fazer é expressar os seus sentimentos e observar a reação dele(a).

3. VIVA NO TEMPO PRESENTE E NÃO NO PASSADO.

Se você já experienciou uma traição, é natural ficar com alguns receios. Entretanto, é imprescindível se libertar do passado. 

É importante não trazer as inseguranças provenientes de outros relacionamentos para a relação atual. Se perceber que não consegue superar essa situação traumática do passado, recomendamos buscar ajuda de um psicólogo

4. APRENDA A DEMOSTRAR O AMOR DE FORMA DIFERENTE 

O ciúme, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não é uma expressão de amor, e sim uma forma de possessão. Certamente você presenciou ocorrências de casais que brigaram em um local público por causa de ciúmes. Esta é a verdadeira face do ciúme:  visão egocêntrica e desrespeitosa. Em contraste, o amor ideal: altruísta, benevolente, magnânimo e romântico.  

5. FORTALEÇA O SEU AMOR-PRÓPRIO

Mais uma vez, reforça-se a importância da autoestima, do amar a si mesmo acima de tudo. Desde os tempos imemoriais a Bíblia nos ensina: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Mateus-22:39. 

Não se trata narcisismo ou egocentrismo, mas sim de respeito consigo mesmo. 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com moderação e controle, e em raras ocasiões, uma pequena cena de ciúmes pode ser considerada indício de zelo e um sinal de que o parceiro ou a parceira tem importância, jamais uma prova de amor. Isso porque o ciúme é um sentimento egoísta, ou seja, é voltado para si mesmo, sinônimo de posse, propriedade e medo de perder a pessoa amada. 

Em casos patológicos, uma pessoa ciumenta é comparável a um prisioneiro que carrega uma amarga dor em seu peito, sofre a todo instante com as sombrias desconfianças de que pode ser traído ou mesmo abandonado pelo outro, o que caracteriza um sentimento voltado para si, para sua dor, para seu orgulho, portanto, um sentimento doentio. 

Busque ajuda psicológica: A terapia de casal pode ser uma alternativa para relacionamentos sufocados pelos ciúmes; uma excelente ferramenta que auxilia no processo de resolução dos conflitos internos e ressignificação da forma como nos relacionamos. 

Relacionados

16 COMENTÁRIOS

  1. Acho que tudo na vida tem a medida certa. Demonstrar zelo pelo outro, até mesmo com bom humor pode ser saudável. Mas quando extrapola a ponto de causar desconforto e conflitos já passa a ser doentio. Demonstra que a pessoa tem problemas com a autoestima e que precisa de ajuda para não oprimir o outro. Relações tóxicas são sempre permeadas por excesso de ciúme. Dessas estou fora!

  2. Luiz Célio Rangel, hoje esmerou-se em produzir um artigo polêmico sobre o ciúme.
    Opiniões diversas são manifestadas e cada um procura se auto analisar sobre viver o seu amor de maneira harmoniosa.
    Parabéns Célio, pela qualidade e profundidade do texto.

  3. Agradeço igualmente aos amigos FRANCISCO SANTANA, R.MOISÉS, MÁRCIO SANTOS, PROFESSORA GIL, Mª DO CARMO PESSOA e SÕNIA RANGEL – leram o texto pelo site e deixaram seus comentários pelo meu Facebook

    Á SOCORRO ESTRELA, FÁTIMA ALMEIDA, CLEONEILTON LOPES, NILMA LIMA, RAFAEL WANDERLEY, MÉRCIA SANTOS, PAULIENE PAIVA, REGINA HELENA, JACY ALBUQUERQUE, LÊLA TAVARES, DORIÉLIO BARRETO, MARCO TÚLIO DUARTE, CLAUDIO FILLARDI, TEREZA BENEVIDES, JOÃO PAULO PINTO, LUCINHA NOVAIS, DÉBORA FERNANDES, HERBET AGUIAR, JOSÉ HELÁDIO, THIBÉRIO PESSOA, GORETE CAROCA, CÍCERA MONTENEGRO, LYSSANDRA QUEIROGA, JUAREZ OLIVEIRA, NILMA LIMA, GERLANE VINAGRE a minha gratidão, pois também leram o texto pelo site e deixaram seus comentários pelo meu whatsApp

  4. Gratidão pelo texto-presente. O ciúme dentre os demais arroubos humanos é o mais utilizado para justificar o feminicídio. Luís Célio Rangel nos conduz com profundidade e inteireza para uma reflexão subjetiva. Um tema que mexe com os sentimentos, remexe as memórias e convida os leitores a ressignificar as demonstrações de afeto. Envie o artigo para as amigas e conhecidos todos se sentiram tocadas com o desvelamento do ciúme.

  5. Célio meu amigo querido, obrigado por mais um excelente texto para reflexão e ressignificação de comportamentos e atitudes! Bastante esclarecedor! Penso que ciúmes é uma doença, e em demasia, se torna um destruidor de relacionamentos! Gratidão por compartilhar conosco seu conhecimento 🙏

  6. Gostei muito do texto Celio, realmente o ciume nao é amor e se chega a ser uma constante vigia na vida do outro, já é doença, e quando tem crimes Estao mais doentes, patologico total.
    Amor é benigno e nao faz mal ao outro.
    Obrigado por compartilhar excelente texto q faz reflexionar nas relaçoes patologicas e nas de amor tb!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ajude o site João Vicente Machado

spot_img

Últimas

Espelho

Almas divididas

Mais Lidas

error: Conteúdo Protegido!