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A ressurreição do umbuzeiro

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 A Embrapa Semiárido, conjuntamente com a extinta Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, (EBDA) trouxe  à público  o resultado de uma pesquisa iniciada nos anos 1990, a qual  resultou na descoberta de quatro cultivares de uma variedade de umbu gigante, com produtividade  até 300% maior do que o fruto comum do umbuzeiro nativo, secularmente adaptado às condições edafoclimáticas da região agreste do semiárido, ou seja da caatinga. 

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Pelas informações do agrônomo aposentado José Dantas, um sertanejo de Santa Luzia, amante da terra e estudioso da flora da caatinga, a pesquisa se desenvolveu a partir da enxertia sucessiva que privilegiou os cultivares nativos, de frutos de maior dimensão, simultaneamente com o processo de  multiplicação  através de estaquia, até chegar ao exitoso resultado final.

             Umbuzeiro Nativo

Os novos cultivares foram batizados como BRS 48, BRS 52, BRS 55 e  BRS 68 e segundo os autores da pesquisa, ” suas características atendem a demandas importantes da cadeia produtiva, principalmente para o processamento nas agroindústrias  de: doces, geleias, sucos, picolés, sorvetes  e bebidas artesanais” 

                                   

A pesquisa é auspiciosa sob todos os aspectos, além  de economicamente   promissora, haja vista ser  o  extrativismo do umbu  uma das interfaces no conjunto de mecanismos de sobrevivência econômica  do sertanejo, na sua luta de convivência com o fenômeno natural das secas. 

Uma árvore pode produzir até 10.000 frutos/safra (fotos: João Martins)

O Umbuzeiro nativo foi cantado em prosa por Euclides da Cunha, naquela que consideramos uma das obras primas da literatura portuguesa de título Os Sertões, onde ele diz:

“É a árvore sagrada do sertão.  Sócia fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros. Representa o mais frisante exemplo de adaptação da flora sertaneja. Foi, talvez, de talhe mais vigoroso  e alto – e veio descaindo, pouco a pouco, numa intercadência de estios flamívomos e invernos torrenciais, modificando-se à feição do meio, desinvoluindo, até se preparar para a resistência e reagindo, por fim, desafiando as secas duradouras, sustentando-se nas quadras miseráveis mercê da energia vital que economiza nas estações benéficas, das reservas guardadas em grandes cópias nas raízes.” E prossegue:  “E reparte-as com o homem. Se não existisse o umbuzeiro aquele trato de sertão, tão estéril que nele escasseiam os carnaubais tão providencialmente dispersos nos que o convizinham até o Ceará, estaria despovoado.”

“É a árvore sagrada do sertão”

Numa pesquisa como essa, a grande pergunta que se faz, é sobre a relação que existe entre o cultivar nativo e o novo.

Do umbuzeiro nativo sabemos da sua adaptação às condições edafoclimáticas e a sua reconhecida e decantada adaptação às condições do semiárido. Todavia um dos fatores limitantes da sua propagação, tem sido a longa dormência da semente, que vai de 30 a 210 dias guardadas em recipientes de papel úmido.

Esse problema ainda presente, tem tido superado com um atalho através do uso  da enxertia e da estaquia, privilegiando os melhores e maiores frutos, práticas que segundo José Dantas prevalece nos novos cultivares resultantes da pesquisa.

Outro fato relevante, e que também tem sido objeto da pesquisa de Dantas,  é o uso de água salobra que predomina no subsolo do Seridó, como fonte de  irrigação do umbu gigante. 

Necessário se faz enaltecer o papel da Embrapa como centro de excelência e  de pesquisas diversas e os pacientes pesquisadores que compõem o seu corpo técnico e  fazem do seu oficio um sacerdócio na busca de aperfeiçoamento das diversas formas de convivência com as secas periódicas, um fenômeno natural com o qual estamos aprendendo, não a combater, mas  a conviver com elas.

Esperemos que a iniciativa seja bem sucedida como parece que foi e, que aumente a produtividade desejada e, simultaneamente iniciemos uma campanha para a salvação não somente do Umbuzeiro do Amor, um  cultivar nativo e reserva botânica, cuidando da sua preservação e a sua fitossanidade, inclusive contra a  maior das pragas que são os seres vivos, dentre eles o bicho homem.

Consulta; www.embrapa.br;

www.coladaweb.com;

www.sielo.br; 

informações do agrônomo José Dantas Neto.

Fotografias: jeremoabo.com.br;

g1.com.br;

jornalgrandebaia.com.br

;www2.cesb.br;umbufru.com.br;

mfrural.com.br;

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6 COMENTÁRIOS

  1. Zé Dantas, me sinto honrado com o teu comentário por saber-te um amante da terra. Te confesso que fui motivado a escrever esse texto muito mais para chamar àtençao de todos para o vetusto, querido é super resistente umbuzeiro nativo. Muito obrigado pelas informações que deram suporte ao artigo.

  2. Parabéns por abordar um assunto tão interessante, João Vicente,
    A RESSUREIÇÃO DO UMBUZEIRO, via melhoramento genético foi uma grande sacada, sob a tutela Embrapa Semiárido, mas como diz Zé Dantas "… é importante a revitalização do nosso umbuzeiro nativo"
    À propósito, sendo o nome YMBU de origem tupi-guarani, significa “árvore que dá de beber” – uma referência a sua característica de armazenamento de água na raiz, que faz o umbuzeiro ou imbuzeiro, sobreviver longos períodos de seca no seu habitat natural, a Caatinga.

  3. Caro amigo Luiz Célio Rangel, como já disse a Zé Dantas e enfatizo aqui, a minha motivação foi muito mais para chamar s atenção dos amantes da natureza para o lento e gradual processo de extinção do nosso querido umbuzeiro nativo.
    De resto te agradecer pelo prestígio da leitura e pelo pertinente comentário. Obrigado.

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