O que você está vendo acima é a capa de um antigo disco de vinil Isto É Renato e seus Blue Caps, um dos mais emblemáticos álbuns da chamada Jovem Guarda, o movimento musical brasileiro que acompanhava a revolução desencadeada no mundo pelos Beatles. Das doze músicas do disco de Renato e seus Blue Caps, lançado em 1965, nove eram versões, a maioria dos Beatles. Olhem para capa do disco, mostrada em seguida, lançado nos Estados Unidos, no mesmo ano, pela orquestra dos irmãos Les Elgart, trompetista, e Larry Elgart, saxofonista. Alguma semelhança?
Como o disco da orquestra dos irmãos Elgart não sairia no Brasil a filial brasileira da Columbia Records (CBS) usou a foto de um disco da matriz norte-americana, mudando apenas as legendas e colocando-a na capa de um disco de Renato e seus Blue Caps, um conjunto (como então se dizia) ainda não conhecido nacionalmente e que somente faria um grande sucesso a partir, exatamente, deste disco.
Naquela época, este tipo de plágio dificilmente seria identificado. Hoje, isso seria impensável. Com os instrumentos de busca disponíveis na internet, dos mais simples aos mais sofisticados, cópias de frases curtas, ou mesmo de textos longos, são imediatamente reconhecidos pelas ferramentas de busca existentes nos navegadores de internet.
O plágio sempre existiu. A exposição de algo, que não é da autoria de quem expõe, sem o devido destaque de que aquela peça, trecho ou extrato de obra não é seu, se configura em um ato de plagiar. Independentemente das implicações jurídicas que possam advir do plágio de uma obra, eu que acredito que o que seja o mais doloroso para o plagiador é a execração pública a que ele é submetido, a desconfiança e o descrédito sobre tudo que ele faz, a partir da descoberta do plágio, uma situação que resvala para chacota, como ocorreu, faz pouco tempo, com uma “quase autoridade da República”.
Há poucos meses, um “quase ministro da Educação” foi desmascarado pela descoberta de que um seu trabalho para obter um título acadêmico havia utilizado partes substanciais de um trabalho de um profissional da área, sem lhe dar os devidos créditos.
Na música popular, vários casos escabrosos de plágio são conhecidos. Nos anos 1970, dois casos de plágio foram emblemáticos. Love Story, um filme que fez muito sucesso naqueles anos, tinha a música tema “Where do I begin” praticamente copiada da modinha “Ontem ao Luar”, de Catulo da Paixão Cearense.
Johnny Mathis – “Where do I begin”
Marisa Monte – “Ontem ao Luar”
O caso da música “Taj Mahal”, de Jorge Benjor, surrupiada pelo inglês Rod Stewart, foi ainda mais grave. Era quase acintoso, e a música de Rod Stewart atingiu um sucesso mundial. Benjor achava, inicialmente, que Stewart havia gravado a sua música. Rod Stewart afirmou, depois do escândalo, que teria sido um “plágio inconsciente”.
Um dos casos mais escandalosos de plágio foi o de “Juazeiro”, música de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. Nos Estados Unidos e na França foram feitas gravações com outros títulos e sem qualquer crédito aos seus compositores:
“Juazeiro”, com o título “Wandering Swallow”, e com a autoria atribuída a Harold Stevens e Irving Taylor, por Peggy Lee
“Juazeiro”, com o título “La Voyageuse”, com a cantora Renée Lebas