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O Modelo Educacional Vigente

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Quando a escola pública foi perdendo a sua essência em qualidade, numa ação que o tempo revelou como um projeto deliberado de esvaziamento, foi cedendo espaço ao ensino privado que ensejou o surgimento de cursinhos pré-vestibular, os quais se instalaram  com a promessa de suprir as deficiências do alunado, frente ao exame vestibular.

As siglas eram curtas e diversas,  emergindo  a nível estadual, regional e nacional, disputando o mercado entre eles, cada um com uma proposta  diferenciada  de qualidade,  onde o instrumental tecnológico que ia surgindo servia de suporte para o marketing e a competitividade, como prova de  vanguarda e excelência. 

Paulo Freire

A ditadura houvera mudado a Lei de Diretrizes e Bases em função da ideologia conservadora instalada com o golpe de 1964,, enquanto isso  a escola publica sonhada e idealizada  por Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire começou  a se esvaziar, pois “aquilo era coisa de comunista”. 

Anísio Teixeira

                                                 

Em Recife, na Rua Corredor do Bispo, surgiu o famoso ESUDA, em Fortaleza surgiram os cursinhos Ésio Pinheiro e Jurandir Picanço, em Campina Grande o CPUC, na Parahyba o 2001, CA e CPU entre outros. 

Todas essas instituições,  ao longo do tempo, foram sucumbindo e cedendo espaço a outras iniciativas, cada vez mais modernas e  mercantilizadas, voltadas  para a formação de vestibulandos vitoriosos, terminando por serem gradualmente engolidos pelas empresas escolares, que nasceram mesclando  o segundo grau com universidades particulares e já formando a sua clientela.

Hoje são empresas onde os alunos são apenas números e uma tropa de estudantes  de elite, escolhida a dedo, funciona como poli position do exame vestibular, servindo de vitrine para o marketing empresarial.  Via de regra são agraciados com bolsas de estudo generosas e competem, cabeça a cabeça com a concorrência, cada vez mais acirrada.

A pandemia revelou aos pais de alunos, mesmo àqueles mais presentes na vida escolar dos filhos,  como modéstia à parte  somos eu e Gorette, que o recurso  das plataformas digitais, a principio  embrionárias, foram  antecipadas  de forma açodada, em prejuízo dos alunos e do professorado, pois nem um nem o  outro estava devidamente preparado para a mudança brusca, não  dispondo  sequer   do aparato  digital  para ministrar as aulas à distância.

O resultado é que tivemos um ano literalmente perdido, onde o colégio faz que ensina  e o aluno faz  que aprende.

Pelo lado financeiro as mensalidades continuaram a ser pagas de forma integral,  até que a Assembleia Legislativa provocou  o debate, numa iniciativa  da deputada Estela Bezerra e dos  deputados  Adriano Galdino, Lindolfo Pires e Ricardo Barbosa.

Considerando que os colégios tiveram uma redução de custos de funcionamento nas tarifas de água e esgotos, eletricidade, redução de mão de obra com vigilância e do próprio corpo docente, nada mais justo que esses custos fossem deduzidos das mensalidades, num percentual proporcional ao porte da empresa escolar, ficando obviamente os colégios maiores com maiores percentuais de desconto. 

Essa solução se não foi a ideal, foi a possível e foi ai que as instituições educacionais precipitaram as malfadadas aulas digitais, para retornarem à integralidade da cobrança.

Tenho ouvido todas as manhãs através dos jornais televisivos um mantra que soa como uma ameaça: “La vem o ENEM!” 

Os mais entrados na idade como eu,  devem lembrar da nossa infância, quando éramos ameaçados por: lobisomens, almas penadas, mulas sem cabeça, dona fulorzinha ou caipora como queiram,  lobo guará etc.? 

Hoje o objeto do terror é o ENEM e nós temos dito à nossa filha Maria Rita: não estude para fazer ENEM e sim para aprender. Se você aprender bem, podem concursos de qualquer naipe que você passa, inclusive no ENEM.

Outro aspecto do lado mercantil é que empresas escolares passaram a produzir seu próprio material didático e, o alunado que  recebe os livros comprados a preço elevado, sequer tiram da embalagem  durante todo ano, ou talvez não sejam  sequer  motivados a fazê-lo.

O aparelho celular, através das plataformas, “assassinou” os livros, que mesmo assim fazem parte de uma operação casada, ou seja, ou compra o material escolar caro, mesmo que não use, ou não poderá matricular o filho. “O sistema não permite!”

O aluno da escola privada transformou-se em número e a escola numa linha de montagem, onde o objeto é o lucro. Recebe uma educação segmentada e não um aprendizado amplo que lhe alargue os horizontes e permita uma visão de mundo de 360,° como a dinâmica cultural está a exigir num crescendo, a cada ano que passa.

Todo esse cenário nos encoraja a  exigir do estado nacional, políticas públicas de educação de qualidade, ministrada por docentes qualificados e regiamente pagos, ao invés de ficarmos na mendicância do FUNDEB,  que além de ser concedido como migalha, é atacado com frequência  por um Ministro da Economia que só tem compromisso com a féria da banca internacional.

É por essas e outras que temos dito que é preciso que o povo se decida a construir nesse e em outros anos, os seus caminhos e destino. Não vai ser nada fácil mas é  possível sim.

Darcy Ribeiro

Consulta: Assembleia Legislativa da Paraíba;

Fotografias: pensadpr.com.br;

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2 COMENTÁRIOS

  1. No artigo MODELO EDUCACIONAL VIGENTE o “camarada” João Vicente Machado, faz um acérrimo diagnóstico sobre a educação brasileira, suas problemática, seus desafios e perspectivas e, ao final faz uma síntese notável e apoteótica:
    “… Todo esse cenário nos encoraja a exigir do estado nacional, políticas públicas de educação de qualidade, ministrada por docentes qualificados e regiamente pagos,ao invés de ficarmos na mendicância do FUNDEB” …

    … “ Economia que só tem compromisso com a féria da banca internacional.“

    Você disse tudo que era preciso abordar sobre o tema, amigo João Vicente. 👏👏👏 Parabéns.

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