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Nem tudo está perdido!

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A visão que tínhamos sobre o século XXI – especialmente aqueles que nasceram nas últimas décadas do último – era bem dicotômica: seria um mundo futurístico onde alcançaríamos uma sociedade evoluída e sábia, ou algo caótico e desolado pela incapacidade humana de saber utilizar de forma sustentável os recursos naturais. Estamos chegando na terceira década deste já “não tão novo século” e penso que adiamos um pouco mais estes cenários que permeiam nossa imaginação. 


O que nos parece existir são um pouco mais de peças organizadas do quebra-cabeça que forma a evolução social humana, e outras que desde que abrimos a caixa ainda não parecem se encaixar em nenhum lugar.


Se pensarmos, por exemplo, nos efeitos do aquecimento global – desde de 1988 em Toronto até os dias de hoje – avançamos fortemente no enfrentamento dessas alterações climáticas causadas por nós mesmos, mesmo com todo negacionismo e outras falácias que buscam descontruir o que as Nações Unidas vem desenvolvendo.


Trazendo este tema para a realidade paraibana, nos últimos 10 anos construímos o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAE/PB) e instituímos o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (PROCASE), iniciativa coexistente entre o Governo do Estado e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). 


Definimos o primeiro como a sistematização do conhecimento técnico-científico que fora organizado de maneira a orientar gestores públicos na implantação de estratégias que buscam reduzir os efeitos do câmbio climático em nosso território. Um dos fatos mais importantes do PAE/PB é que ele foi construído a várias mãos. Participaram cientistas, técnico e representantes da sociedade civil organizada do nosso próprio Estado, é nossa gente buscando o que é melhor para gente!


Já o PROCASE, em súmula, é a materialização de diversas metas estabelecidos no PAE/PB. O lapso temporal entre os dois é basicamente de 03 anos, considerando a realidade brasileira, podemos dizer que foi quase uma resposta imediata.


Desde 2014, o PROCASE vem atuando na área da Paraíba mais susceptível a desertificação, consequentemente, aquela com maior vulnerabilidade ambiental. Sua forma de atuação se faz pelo fomento ao desenvolvimento sócio econômico das comunidades rurais, permitindo que produção agrícola e não-agrícola (artesanato, turismo rural, etc.) possam ser desenvolvidas de forma sustentável respeitando os princípios da convivência com o semiárido. 




Um exemplo bem emblemático é o fomento ofertado à caprinocultura de leite pelo PROCASE. Ao invés de apenas fornecer matrizes e reprodutores de melhor aptidão aos seus beneficiários, o projeto se preocupou em entregar um aparato de tecnologias que permitiram o desenvolvimento real da convivência com o semiárido, a saber:

Implantação de campos de palma e espécies forrageiras adaptadas;
Instalação de barragens subterrâneas e sistemas de irrigação localizados;
Distribuição de equipamentos para conservação de forragem (silos e enfardadeiras);
Assistência técnica de base agroecológica.


Com isso, houve o estímulo ao semi-confinamento dos rebanhos, que por sua vez, reduziu a prática de soltar os animais nos remanescentes de vegetação nativa. Com o melhor valor agregado aos seus produtos, o agricultor e a agricultora reduziram a necessidade do extrativismo para complementação da renda, reduzindo a pressão por recursos naturais. Nestes 06 anos de atuação, o PROCASE atendeu mais de 21.000 famílias do semiárido paraibano. 


Interessante que não só a Paraíba realizou esse tipo de estratégia para o enfretamento às mudanças do clima. Outros Estados do Nordeste brasileiro desenvolveram seus PAE, como também, executam projetos de desenvolvimento rurais sustentáveis com o FIDA.


 Em tempos de renovação de governos municipais, recomendo aos eleitos e ao secretariado que vos assessora buscar inspiração em planos e projetos como estes citados para traçar o caminho da gestão ambiental local. Como bem se diz: As pessoas vivem nos municípios, é nele que as coisas acontecem!


Desta maneira, vejo que não vivemos o mundo ideal de sabedoria plena e convivência harmônica, mas nos distanciamos daquele em que o caos impera. 

Faço uma alegoria sobre como vejo o momento em que nossa sociedade vive em relação ao processo de mudança de paradigma para um mundo mais sustentável: Imaginemos uma casinha velha que passa por uma grande reforma.

 Em algum momento do processo já não conseguimos ver mais a antiga residência, como também não aquela que será considerada nova.  As coisas parecem confusas, porém ao olhar o projeto estabelecido e não se distanciar do mesmo, é possível ter a certeza que logo teremos um novo lar, onde desfrutaremos de bons momentos e enfrentaremos, junto com os nossos, dos desafios que sempre existirão.




Fontes:
https://www.fida.org.br/
https://www.procase.pb.gov.br/
https://paraiba.pb.gov.br/diretas/secretaria-de-infraestrutura-dos-recursos-hidricos-e-do-meio-ambiente/programas/pae-pb

 

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1 COMENTÁRIO

  1. A seca é um fenômeno natural contra o qual não podemos lutar. Ser contra a seca no semiárido é uma atitude igual a ser contra o gelo nas calotas polares, o frio intenso na Sibéria e a neve nos Alpes suíços.
    O que podemos fazer para conviver com as secas é conviver com o problema e desenvolver mecanismos para tanto.
    Thiago Silva nos dá uma amostra disso no seu propositivo artigo.

    “Não é só falar em seca,
    Não é só seca no sertão”

    Fausto Nilo.

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