Por: Flavio Ramalho de Brito
Os quarenta anos da morte de Vinicius Moraes motivaram, em 2020, uma série de registros, na mídia em geral, sobre a obra e a vida do poeta carioca. Mas, em outubro, um acontecimento deu um destaque mundial ao nome de Vinícius. Nos primeiros dias do mês, o Papa Francisco editou a sua encíclica “Fratelli Tutti” (Todos Irmãos) que trata da Fraternidade e da Amizade Social. No documento, o Papa argentino, o mais importante líder do mundo atual, abre o tópico “Uma nova cultura” com as palavras de Vinícius de Moraes no “Samba da Benção”:
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida”
Essa não é a primeira vez que o “Samba da Benção”, fruto da fecunda parceria de Vinícius com o violonista Baden Powell, tem repercussão universal. Em 1966, a música, com o título “Samba Saravah”, interpretada pelo cantor e compositor francês Pierre Barouh, fez parte da trilha sonora do filme “Um homem e uma mulher” (Une homme et une femme) do diretor Claude Lelouch. O filme recebeu vários prêmios, dentre eles a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Um trágico episódio acabou afastando Vinícius dos palcos da Argentina. Em 1976, nos primórdios da ditadura militar argentina, o pianista Tenório Jr., que acompanhava o poeta, saiu do hotel deixando um bilhete avisando que iria fazer um lanche e comprar remédios. Confundido com um opositor do regime, o pianista foi sequestrado, torturado e morto nos cárceres da repressão argentina. Seu corpo nunca apareceu.