O Lendário Maradona

                                            

Por João Vicente Machado

A Argentina é pródiga em produzir figuras humanas míticas em vários segmentos: artístico, político, religioso, esportivo, social etc.

A primeira figura mítica de que se tem noticia na Argentina, foi o general José Francisco de San Martin y Matorras, grande líder libertador do sul das Américas e figura fundamental na independência da Espanha, não somente da Argentina, mas também com participação pessoal na independência do Chile e do Peru, ao lado de Bernardo O’ Higgins.

Nessa época e ao norte do continente sul, lutava outro libertador, Simon Bolívar, que tinha como companheiro de lutas o brasileiro pernambucano general José Inácio de Abreu e Lima.


A segunda figura mítica da Argentina foi do campo da música e foi personificada por  outro expoente  lendário,  chamado Carlos Gardel, que oficializou o Tango mundialmente  como música nacional argentina.

                     

A terceira figura mítica argentina foi no campo da política e não foi um ídolo sozinho e sim um casal: o general nacionalista Juan Domingo Peron e Maria Eva Duarte de Peron, que os argentinos ainda hoje tratam por Evita.

             

A política Argentina, produziria a quarta figura que foi um ícone mundial,  da maior força mítica de toda América Latina e talvez do mundo. À sua época, foi odiado por poucos, idolatrado por muitos e reconhecido por todos e a quem o mundo e a América Latina consagrou. Malgrado ser médico, foi como filósofo, teórico marxista e revolucionário que se consagrou. Ernesto Guevara de La Serna, carinhosamente chamado Che Guevara.

                

A Quinta figura mítica é plural e em número não quantificado, um produto da cruel ditadura militar. Tinham presença cotidiana na Praça de Maio em frente à Casa Rosada, sede oficial do governo argentino.

Eram todas elas femininas e mães, as Mães da Praça de Maio, que a crueldade da ditadura proclamou como Las Locas da Plaza de Mayo. Clamavam por justiça e reivindicavam pelo menos os corpos dos filhos mortos e desaparecidos nas masmorras da ditadura, denunciando ao mundo o regime cruel de exceção que o pais portenho atravessava.

            

A sexta figura mítica e o ídolo mais recente, é de uma simplicidade franciscana e de muito carisma  no mundo religioso e fora dele, que vem revolucionando a prática do evangelho em todo mundo e lutando contra uma resistência ferrenha e uma oposição interna corporis cerrada, que não lhe dá trégua.

José Mário Bergoglio, ou simplesmente o Papa Francisco que eu chamo de Chiquinho é um mito internacional, que com a sua prática humilde de verdadeiro cristão, em que demonstra na prática os verdadeiros ensinamentos do Cristo, vai acabar  levando um ateu que sou eu,  de volta para a igreja. 

                  

Por fim, os muitos ídolos do esporte, começando pela  tenista  Gabriela Sabatini, para chegar à grande escola de ídolos que é o futebol.



A escola futebolística Latino Americana tem na Argentina e no Brasil os seus celeiros de maior expressão, sem desmerecer os demais países do continente, com os seus ídolos. 

Das 21 copas do mundo de futebol  disputadas,  o Uruguai ganhou 2,  o Brasil ganhou 5 e a Argentina ganhou 2, num total de 9 copas.

Embora o número de atletas qualificados esteja concentrado em maior número na Argentina e no Brasil, os demais países, como já dissemos, também produziram seus ídolos.

O México produziu o goleiro Carbajal e o atacante Hugo Sanches; A Colômbia produziu Carlos Valderrama e Faustino Asprilla; O Chile produziu Elias Figueroa e Ivan Zamorano; o Paraguai produziu o goleiro Chilavert e Romerito; o Uruguai produziu o fantástico goleiro Rodolfo Rodriguez, Obdulio Varela, nosso maior calo, Pedro Rocha, Schiaffino, outro calo nosso, Francescoli, Diego Forlan, Cavani, e Luiz Suarez; o Peru produziu Teófilo Cubillas, Hugo Sótil, Hector Chumpitaz e Paolo Guerrero.

Em se tratando de Brasil e Argentina é uma tarefa difícil nominar todos os craques produzidos, pela quantidade enorme de bons jogadores que tiveram e que continuam a revelar

Que me perdoem os demais,  mas vou me ater a dois ou três de cada país, no máximo cinco atletas de cada lado e não vou me prender a  detalhes  da  vida privada de nenhum deles, a não ser o mínimo minimorum necessário.

Comecemos pelo Brasil de caboclo de mãe preta e pai João, um grande celeiro de memoráveis craques, desde tempos ancestrais, mas dois deles fizeram a diferença: Garrincha e Pelé.

Foram dois jogadores excepcionais, craques na acepção da palavra, que provaram no jogo, em campo, essa afirmação.

Eram dois atletas que desequilibravam, ambos com estilos diferentes, mas que se completavam quando jogavam juntos. Tivemos ainda Didí, Rivelino, Romário Zico, Gerson e Tostão,  todos eles notáveis e muitos outros craques que o espaço não permite citar.

A Argentina por sua vez produziu também uma dupla de jogadores excepcionais, que foram Alfredo Di Stéfano e Diego Armando Maradona, para citar os dois ídolos máximos e as maiores expressões futebolísticas daquele país, sem esquecer-se do lendário goleiro Carrizo, Roberto Perfumo, Daniel Passarela, Fernando Redondo e Gabriel Batistuta entre outros.

Quando comecei a me interessar por futebol, lembro-me de Di Stéfano já jogando pelo Real Madrid, onde se consagrou e foi um ídolo inigualável. Nessa época o futebol era transmitido pelo rádio e só era possível vê-lo nas chamadas naturais do cinema. Era de fato muitíssimo habilidoso, um craque na acepção da palavra que se naturalizou espanhol e chegou a ser presidente de honra do Real Madrí. 

Até o surgimento de Maradona e Pelé, era considerado o maior jogador da Argentina e do Mundo.        

Maradona eu vi jogar pela televisão e todos vocês também devem tê-lo visto. Baixinho, mais ou  menos 1,66m, atarracado, centro de gravidade baixo e por isso com uma estabilidade de solo como poucos têm, uma habilidade com a bola nos pés, que parecia amarrada com um cadarço à sua chuteira.

Uma impulsão inigualável que fez com que ele em 10,6 segundos arrancasse mais ou menos da linha intermediária e em linha reta,  passar por 6 ingleses, fazer o gol que a FIFA considerou como o gol do século. Quem conhece futebol minimamente, sabe do que eu estou falando, sabe que não é fácil  e sabe também que uma jogada divina daquelas, só os gênios ou os Deuses do futebol como diria Nelson Rodrigues, têm condições de fazer. (Clique aqui e veja o gol).

Em se tratando de analisar o craque,  o senhor dos estádios, em sã consciência precisa mostrar mais alguma coisa? Como jogador foi perfeito,  mas não ficou por ai a sua contribuição ao mundo do trabalho, como exemplo de luta.

Aqui eu falo do menino pobre da periferia de Buenos Aires que encantou o mundo com a sua arte e colocou o seu prestígio a serviço da causa dos oprimidos.   Pôs-se em defesa dos excluídos e dos oprimidos, com uma consciência de fazer inveja a muito militante e dirigente partidário dito de esquerda. 

Aquela comoção na Casa Rosada no seu velório, segundo a imprensa só foi superada pelas exéquias dos  de  Juan Domingo Perón e Evita Perón, que como ele era de origem pobre e tinha uma empatia com o povo argentino que perdura até os dias atuais.

Como me comprometi, não vou falar da vida pessoal de Maradona. Para falar da sua dependência química eu teria de falar da dependência química de alguns dos nossos e mais, da dependência moral de outras pessoas, inclusive jogadores de futebol.

O povo sabe reconhecer seus defensores e por mais que eles sejam destratados, perseguidos, caluniados, cassados, escorraçados, terão sempre o reconhecimento e a gratidão generosa dos descamisados,  como dizia Evita Perón na abertura dos seus discursos.  

Requiescant in pace Dieguito Maradona! 

Consulta: Google.com; Wikipédia.com.br.

Fotografias:ptwikipedia.org;diariodopoder.com.br;correiodopovo.com.br;g1.globo.com;hojeemdia.com.br.

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