Por: João Vicente Machado
Em 1956 foi lançado um filme que nos serviu de inspiração, cujo titulo foi: “Assim Caminha a Humanidade” tendo como diretor o consagrado George Stevens. Era um drama/faroeste com um elenco de estrelas consagradas da época, como: James Dean, Elisabeth Taylor, Rock Hudson e Carroll Baker. O filme conseguiu mostrar, mesmo que de forma superficial, as contradições na convivência humana que, malgrado a permanente evolução e aperfeiçoamento, não têm movimento retilíneo uniforme, como aprendemos nos compêndios de física.
O modelo capitalista tem na sua essência as crises cíclicas decodificadas e ressaltadas por Karl Marx, consequência direta das contradições econômicas gestadas e albergadas no ventre capitalista igual à senoide acima.
Marx dedica o Capítulo XXV de O Capital, à Lei Geral da Acumulação Capitalista, onde ele aborda o estudo sistemático das crises cíclicas que se repetem de tempos em tempos na economia liberal, um projeto teórico que Marx não pôde concluir antes de se encantar.
Isso, contudo não nos impede de recolher elementos, tanto para questionarmos o credo liberal, como vários postulados capitalistas, como a famigerada lei da oferta e da procura que Marx demonstra que é enganosa, como para tentar entender a conexão entre o fenômeno das crises e às profundas contradições do sistema capitalista.
O mundo viveu recentemente uma avalanche eleitoral de direita, que entronizou figuras politicamente amorfas, insípidas e inodoras, a começar por Donald Trump na catedral do capitalismo que são os Estados Unidos.
Na sua fanfarronice crônica, os USA vêm ditando regras de comportamento macroeconômico ao mundo, regras essas “muito boas e eficientes,” mas quase nunca seguidas por eles que sempre preservam com muito zelo, tanto a sua (deles) economia estatal, quanto às suas mega empresas privadas.
A escalada mundial conservadora associada à eleição de Trump, estimulou a ascensão de partidos de extrema direita na Europa e principalmente na América Latina, alastrando-se como uma epidemia por países como Paraguai, Argentina, Guatemala, Honduras, Peru, Bolívia e notadamente a maior economia do continente, o Brasil.
O caso da EMBRAER no Brasil é um exemplo emblemático de como uma Empresa sólida que tinha um papel fundamental na nossa pauta de exportações pôde ser retirada sutilmente de cena sem chamar a atenção da opinião pública desinformada, e se constitui no pior exemplo de entreguismo do atual governo brasileiro.
A empresa que nasceu estatal teve seu controle acionário assumido pela BOING, numa transação que o DIEESE analisou e concluiu que era evitável.
Ao assumirem o controle levaram a EMBRAER para os USA e agora anunciam a sua morte com a perda de toda memória tecnológica nela desenvolvido.
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Donald Trump, Presidente dos USA |
A audácia dos neoliberais, dessa vez foi muito além daquilo que sempre fizeram à sorrelfa e que começou a provocar efeitos colaterais insuportáveis como foi o caso do Chile. A população daquele país andino, que desde 1963 viveu sob o tacão de uma constituição outorgada pela sanguenta e cruel ditadura de Augusto Pinochet, nesse ano de 2020 resolveu assumir o protagonismo da história, não aceitando mais a negação de direitos fundamentais ao ser humano.
Do fundo do poço resolveu peitar o governo que resistiu por quase um ano, até a contundente derrota que lhe impôs a massa, culminando no domingo passado, dia 25/10/2020, com a aprovação do plebiscito que permitiu rasgar a constituição outorgada, e aprovar a convocação de uma assembleia constituinte para elaborar uma nova carta, que poderá sepultar por longo tempo, os resquícios de uma das ditaduras mais cruéis que conhecemos no nosso continente.
No domingo passado a multidão que ocupou triunfalmente uma praça central de Santiago, não desagravou apenas o povo do Chile, mas lavou a alma de toda América Latina, apontando um facho intenso lavou as mágoas pertinentes apenas Chile
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Presidente Luis Arce da Bolivia |
A Bolívia que conviveu por quase um ano com as escaramuças do baronato de Santa Cruz de La Sierra, derrotou a extrema direita nas urnas e restabeleceu o estado democrático de direitos, graças ao poder de organização, à garra e determinação do povo boliviano.
Olhando mais uma vez para o gráfico da senoide, podemos afirmar que a curva passou por uma inflexão democrática ascendente apontando o fim de mais um ciclo opressor que se prenuncia como o restabelecimento pleno do estado democrático de direito.
Multidão que ocupou a praça central de Santiago
Ate quando? Ora, até quando o nosso nível de organização se sobrepuser ao arbítrio, que pode ser uma situação longeva ou efêmera! Assim caminha a humanidade!
Consultas: http://g1.globo.com/
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Fotografias: https://noticias.uol.com.br/;
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