Por: João Vicente Machado
Nunca a importância da qualidade do voto foi tão necessária como nos dias atuais. Passamos pelo menos dois anos ouvindo os queixumes sobre a incapacidade do povo na escolha dos seus representantes e a ele, povo, foi creditado todo ônus do erro, naquela assertiva repetida: “o povo tem o governo que merece”.
Sou daqueles que não credita apenas ao povo esse erro capital, entendendo que a desinformação propositada sobre a vida política nacional, leva o povo ou a errar redondamente na escolha ou a acreditar piamente em ídolos de pés de barro, construídos pela imprensa oficial e nos últimos tempos pelas redes sociais que produziram escribas completamente orgânicos ao establishment, que se transformaram numa verdadeira milícia digital, usada como máquina de moer reputações, à soldo dos grupos econômicos e financeiros.
As elites sempre inculcaram na cabeça do povo que a política é merecedora de nojo e que “só estão envolvidos nela por considerá-la uma cachaça.” Quem não já ouviu essa frase?
Outra tática usada com frequência é a de demonizar a política como a última das atividades o que faz com que o populacho incorpore esse mantra e saia a repetir e praticar esse ódio inconsequente.
Vamos por parte:
01- Se é verdade que a política é uma cachaça ela é uma droga e como droga carece de tratamento, não de estímulo. Em primeiro lugar é preciso identificar se o fariseu é traficante ou dependente. Se for traficante vira um caso de polícia e se for dependente requer tratamento e em qualquer das hipóteses ele jamais iria querer esse mal par sua descendência.
Mas o que se vê é o contrario e basta olhar para as oligarquias da Paraíba para perceber que a política é hereditária e um legado que vai até a terceira ou quarta geração. Assim: o cara é senador, o filho ou parente é deputado federal, o outro é deputado estadual, o outro prefeito e o último vereador. Podem olhar de lado e conferir se não é!
02- Quando inculcam o ódio pela política e contaminam o povo, induzem a não votar, a anular o voto e o povo cai nessa tolice, mas no dia da eleição ele vota e é votado para eleger a si e aos deles, enquanto o povo fica sem representantes e vira presa fácil da dominação.
Dito isto é bom lembrar que no dia 15 de novembro próximo vão ser conjugados dois verbos: o verbo propor e o verbo comprar.
O verbo propor vem de proposta e é naqueles que propõem que seu voto pode valer quatro anos, permitindo acompanhá-lo de olhos abertos para cobrança e correção de rumo.
Se você conjugar esse verbo terá muito menos possibilidades de erros e estará exercitando um processo seletivo de evolução da classe política.
Se por outro lado você conjugar o verbo comprar, saiba que você transformou sua opção num negócio à vista, que valerá apenas um dia, mediante pagamento e isentará o seu comprador de qualquer compromisso por quatro anos, ou: (365 x 4) – 1 = 1459 dias, sem nenhum compromisso com você.
Nesse intervalo de tempo suas necessidades de emprego, salário, comida, educação, saúde, habitação, transporte e saneamento básico dependerão dos humores de quem lhe comprou e mais ninguém.
Por isso esteja atento e aprenda a ouvir o canto da Sereia sem se atirar n’água. Elas cantam bonito e são sedutoras mas poderão lhe levar para u fundo do mar.
Pense nisso!
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
Bertolt Brecht