Por: João Vicente Machado
Diante da difícil situação em que nos encontramos, resolvi estabelecer um comparativo entre os extremos, mesmo contrariando o pensamento de Dom Helder Câmara que disse um dia: “os extremos se tocam.” Lênin, por sua vez, afirmou: o esquerdismo é a doença infantil do comunismo. Mesmo assim, resolvi confrontar dois extremos, que a rigor são dois postulados econômicos de uma mesma matriz de pensamento.
Um dos extremos é a figura amorfa de Paulo Guedes, enquanto o outro extremo é John Maynard Keynes, a meu ver, de maior envergadura intelectual. Escolhi dois economistas liberais sim, para não ser taxado de tendencioso, em virtude de ser um socialista convicto, Marxista/Leninista, que entende estar do lado certo da história.
Não me venham argumentar que eu comparei coisas diferentes, pois ambos são economistas liberais, um com formação em Cambridge no caso Keynes e o outro, Paulo Guedes, com formação em Chicago, portanto um legitimo Chicago Boy, a escola neoliberal de Friedrich Hayek e Francis Fukuiama.
Procurei por curiosidade, algum livro escrito por Paulo Guedes, mas confesso que não encontrei. O meu desejo era ilustrar a postagem com cada um deles ao lado da sua obra, mas não me foi possível. Pelo visto Paulo Guedes não tem obra alguma que o credencie como pensador econômico.
Vamos então ao comparativo proposto, objeto deste texto:
Keynes foi discípulo de Adam Smith e David Ricardo, os pais do modelo econômico liberal, enquanto Paulo Guedes é discípulo menor de Milton Friedman e Francis Fukuyama.
Por ocasião da grande depressão econômica de 1929, que teve como epicentro os Estados Unidos, o economista inglês John Maynard Keynes foi convidado pelo governo daquele pais para emprestar os seus conhecimentos profissionais e em lá chegando, com o respaldo político do presidente Rooselvet, definiu como objetivo a imediata intervenção do estado na economia, na contramão de todo receituário liberal.
Entendia ele que, nenhum ente privado se interessaria em investir, quer pelo volume do investimento, quer pela falta de perspectiva de retorno, sequer de médio prazo e somente o estado poderia fazê-lo. O resultado é de conhecimento de todos: Os Estados Unidos se recuperaram e o modelo usado por Keynes foi incorporado à política do New Deal, aplicada naquele país entre 1933 e 1937, além de servir de paradigma para a política de bem estar social, utilizada pela social democracia da Europa do pós-guerra, ou seja, foi um extremo que deu certo.
Paulo Guedes, por sua vez, surgiu na avalanche mais conservadora da história do Brasil, ocorrida com a fatídica eleição de Bolsonaro e vem se notabilizando como o arauto do apocalipse econômico. Até o presente momento tem se notabilizado pela destruição literal da nossa economia com a venda de ativos para pagar despesas correntes.
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Paulo Guedes |
O serviço da dívida pública tem consumido metade do orçamento anual, em detrimento do nosso desenvolvimento, em todos os setores da economia, com o desmonte total da estrutura de um país que eles receberam como a 6° economia mundial e com R$500 bilhões de reservas em caixa. Além disso, tem sido responsável pela geração constante de crises e pelo terrorismo social, desrespeitando o pacto federativo, com a conivência de alguns estados governados por políticos oportunistas, incautos, despreparados e entreguistas. Paulo Gudes esteve pelo Chile e como um dos donos do Banco Pactual, foi coparticipe da derrocada da previdência daquele país, um receituário que ele trouxe para o Brasil com a reforma da previdência.
Concluímos lembrando mais uma vez que enquanto Keynes tirou a economia dos Estados Unidos da pior crise da sua história, com a intervenção enérgica do estado, visando desenvolver um mercado interno através de emprego e renda, Paulo Guedes por sua vez, quer varrer o estado da economia, para segundo ele, moderniza-lo.
Entre as duas teorias de uma mesma escola e por motivos óbvios, eu fico com o pressuposto Keynesiano, e você?
Fonte: O Capital; Ideologia Alemã/ Karl Max
O Estado e a Revolução; Esquerdismo doença infantil do comunismo/ Lènin
Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda/ Keynes
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