Por: João Vicente Machado
Antes mesmo do anúncio oficial da pandemia que atravessamos, o Brasil já vinha se debatendo com uma crise econômica crescente, com reflexos profundos no mundo do trabalho e os últimos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, revelam nitidamente essa dura realidade, nos deixando incrédulos quanto aos rumos da macroeconomia.
A cada três meses, a pesquisa citada entrevista 211 mil domicílios de todo território nacional, levando em conta localização e classe social, com coleta de informações sobre trabalho e renda, entre outras informações importantes.
Os números se referem ao trimestre encerrado em agosto deste ano e apontam um recorde histórico no país, mesmo diante das pressões do governo federal e da sua equipe econômica que têm obrigado todos os órgãos oficiais de pesquisa e monitoramento a maquiarem seus números sob pena de demissão dos gestores. INPE, IBAMA, IBGE, BACEN,PGR, têm sido obrigados a falsear estatísticas para não arranhar a já desgastada imagem do governo.
Sabemos da aridez dos números para muitos e da impaciência em analisá-los, todavia não temos como raciocinar sem a ajuda deles. Senão vejamos:
41,1% da população declarou-se ocupada, mesmo sem ter renda fixa ou quaisquer direitos assegurados, o que em números absolutos representa 38,8 milhões de trabalhadores. O universo sem carteira assinada revelou um novo recorde de 11,8 milhões de brasileiros, com aumento 5,9% em relação ao mesmo trimestre de 2018. Os ditos trabalhadores por conta própria, aí contabilizados ambulantes, motoristas de aplicativo, os biscateiros diversos, entregadores por aplicativo nos chamados deliverys da vida, representam 24,3 milhões de brasileiros vivendo de “bico”.
Se juntarmos tudo isso, teremos em números oficiais do próprio governo, um universo de quase 75 milhões de pessoas entre subempregados e desempregados o que convenhamos, é um número alarmante.
Falar em crescimento da economia e retomada do desenvolvimento num cenário econômico desses, é acreditar demais em fada, duende, mula sem cabeça, caipora ou dona fulorzinha, entes fantásticos do mundo da ilusão.
Com a última taxa de juros definida pelo Copom em 2,25%/ano, se o objetivo da redução foi estimular o mercado interno voltar a consumir e reativar a economia, a previsão não tem se confirmado e pelo visto, mesmo que os juros caiam a 0,00%, o mercado interno onde o salário é a base, com esse exercito de desempregados e subempregados não reagirá.
O que temos assistido é o sinistro fechamento do médio e pequeno comércio que sucumbiu sem ajuda oficial durante a pandemia o que nos induz a pensar que pelo visto estamos distantes de uma consistente recuperação econômica que reconduza o país à sua condição de 6° economia do mundo conquistada no governo Lula e perdida pelo desastre econômico provocado por Paulo Guedes.
O renomado economista e professor da UNICAMP Márcio Pochmann, apresenta um resumo ainda mais preocupante no seu Twiter @MarcioPochmann, que merece ser visto.
Referências: Hora do Povo: home/política e economia;
DIEESE; @MarcioPochmann;PNAD.
DIEESE; @MarcioPochmann;PNAD.
Fotografias e gráficos: Subeemprego Archives – Reconta ai