O fantasma da Vale

Mais uma vez a sombra da morte se espalha pelas sub-bacias do Rio das Velhas na região de Itabirito e Ouro Preto, região metropolitana de Belo Horizonte em Minas Gerais.

Mais uma vez, a mineradora Vale é a protagonista desse sinistro espetáculo, a pouco mais de um ano da catástrofe de Brumadinho, já no esquecimento das autoridades ambientais do Brasil e até da população.

Dessa feita a ameaça é tripla, com mais de 55 milhões de m3 de rejeitos de minério de ferro acumulados em três barragens: FORQUILHA I, II e III, volume equivalente à acumulação de água no complexo Gramame/Mamuaba.

Sobre a segurança das três barragens citadas, representantes da Vale afirmaram perante uma CPI, em maio de 2019, só poder garanti-la dali a três anos a partir daquela data. Uma declaração oficial como essa, ensejaria no mínimo a imediata interrupção dos trabalhos de mineração, até que o reparo das barragens se concretizasse.

Agora, segundo noticia veiculada no g1.com.br, soa o alarme de evacuação da população da área, confirmando-se a crônica de uma catástrofe anunciada, sob a égide da impunidade conferida às catástrofes antecedentes, pelas quais a Vale foi premiada com o indulto, em detrimento do passivo ambiental, econômico, social e financeiro.

O Rio das Velhas é o maior afluente do Rio São Francisco, o lendário Rio da Integração Nacional, fonte de suprimento de água em todo seu curso e que também nos serve de fonte de suprimento de água através do PISF.

A escória mineral alcançará sem dúvidas o curso do Rio das Velhas chegando à barragem de Três Marias e dai ao curso do São Francisco. Portanto “não perguntemos por quem os sinos dobram. Eles dobram por nós”.

Não se tinha notícia de que a Vale, enquanto Empresa Estatal privatizada por Fernando Henrique Cardoso, tivesse provocado tamanha desordem. Esse fato desmascara a decantada capacidade e eficiência da iniciativa privada cantada em verso e prosa. Não é bem assim, nem tudo que reluz é ouro!