![]() |
Bolsa de Valore Nova York |
Por: João Vicente Machado
Não tenho formação em economia, mas a necessidade de escapar de muitos daqueles que dão plantão na corte do neoliberalismo, me obrigou a estudar economia política para tentar decifrar o “enigma da pirâmide” que querem nos empurrar goela abaixo.
Deparei-me ontem com uma noticia dando conta de um fabuloso ganho de capital obtido por um mega milionário estadunidense, sem o menor esforço físico ou mental para consegui-lo, resultado da venda de ações hipervalorizadas no mercado de capitais de Nova York.
A economia clássica que é majoritariamente ministrada nas universidades e que conta com o aval de economistas ortodoxos orgânicos ao establishiment mundial, está em festa e lambendo a cria do bilionário”felizardo”, único ganhador da fortuna anunciada.
Por sua vez, o grupo minoritário heterodoxo que faz o contraponto ao conservadorismo liberal e enxerga a vida com uma visão mais holística e tem se contraposto a essa polêmica econômica secular, questionando veementemente esse módus operandis profundamente contraditório e excludente da maioria.
A economia ortodoxa que tem como ideólogos mais consagrados os britânicos Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus, associa o olhar neoclássico à visão keynesiana da macroeconomia para cultuar o Deus mercado e a sua “mão invisível”, em confronto com as ideias com a as ideias heterodoxas minoritárias no âmbito acadêmico. Ela introduz e propõe a visão marxista consorciada com os pressupostos keynesianos, alem da economia austríaca da escola de Viena, que enxerga na subjetividade das escolhas humanas um fator de dificuldade de enquadramento da economia em algoritmos de mercado, nem sempre eficientes e corretos.
As contradições do capitalismo emergem a cada dia e colocam os neoliberais ortodoxos de calças curtas e sem explicações para determinados “fenômenos” escandalosos como o dessa semana, que envolveu o mega empresário estadunidense Jeff Bezos presidente da CEO Amazon na segunda feira passada.
![]() |
Jeff Bezos |
Sem o mínimo esforço de produção econômica ele teve o seu capital aumentado na bagatela de 13 bilhões de dólares, (bilhões com b de bola) em um único dia, numa tacada no mercado de ações, para integralizar a seu rico dinheirinho.
Segunda feira passada as ações da Amazon tiveram um aumento de 65% no mercado de capitais em a informação é que o aumento foi devido ao crescimento de vendas online em decorrência da pandemia do covid19.
A matéria publicada no site (prefiro sitio) Fortune, informa ao mundo que esse ganho fantástico de capital incorporou-se ao patrimônio do bilionário, aumentando-o para os U$189 bilhões atuais, valor maior do que o patrimônio de várias empresas como a Nike, cujo capital é de U$ 122 bilhões.
Não podemos deixar de fazer algumas indagações para suscitar o debate sobre a essência desse feito:
- Qual foi a riqueza real gerada com esse astronômico ganho de capital, numa simples operação realizada num simples apertar de dedos?
- Qual foi o número de pessoas beneficiadas com essa fantástica quantia?
- Essa fortuna inerte guardada em um banco comercial, vai ficar ali guardada ou movimentar-se freneticamente mundo afora a procura de outro ganho gigantesco sem nenhum esforço e sem produzir nada?
- Quantos empregos irá gerar essa operação, se os ortodoxos sempre cantam em prosa e verso a capacidade que tem o capital de gerar empregos?
- Qual teria sido mesmo a origem do covid-19 que antecipou em décadas a entrada em cena da inteligência artificial que já estava na estufa e de efeito tão nocivo ao mundo do trabalho quanto foi a automação para o mundo fabril?
- Além de Jeff Bezos quantas pessoas ganharam mais com esse montante fabuloso?
- Em quanto teria aumentado a infraestrutura necessária ao desenvolvimento como a cobertura de saneamento básico ou a construção de casas populares em áreas carentes do nordeste brasileiro?
- Enfim, quem gera riqueza é o capital ou o trabalho? A ala ortodoxa neoliberal diz que é o capital e por sua vez os heterodoxos marxistas provam que é o trabalho. Eu me acosto à corrente heterodoxa e acho que o trabalho é a força motriz da geração de riqueza, transformando bens primários em bens de consumo.
Referências: Karl Marx, O Capital, edição condensada porGabriel Deville; revista fortune; economista João Pedro Stedile.
Fotografias:CNet;tinsid.com.br