Reminiscências

Por: João Vicente Machado
    A data de ontem, dia 07 de junho, foi de um simbolismo muito forte para a nossa família e em particular para mim por dois motivos fundamentais. 

    O primeiro deles remonta ao ano de 1975 quando nascia o meu segundo filho de nome João Vicente Machado Filho e a quem chamamos carinhosamente de Joãozinho e que ontem, se vivo fosse, faria 45 anos de vida.

    Acometido de uma cardiopatia congênita contra a qual lutamos denodadamente, veio a falecer aos dezesseis dias de nascido, deixando um grande vazio e uma saudade que  perdura   até hoje e ainda não foi preenchido. 

    Ele estava situado cronologicamente entre Sérgio e Cristina e sempre que eles estão juntos eu vejo Joãozinho entre os dois.

    Pela sequência natural da vida são os filhos que sempre pranteiam os pais e os leva à sepultura ou à cremação. Todavia comigo o papel foi invertido e foi a mim como pai, que me coube a dolorosa tarefa de sepulta-lo. 

    Dizia o romancista e conterrâneo José de Alencar uma frase que eu sempre repito e que encerra o seu mais famoso romance que foi Iracema:   

…. “Tudo passa sobre a terra…”.

    O segundo fato marcante da data de ontem  foi o nascimento da minha filha mais nova  Maria Rita, em 07 de junho de 2005 e que ontem fez 15 aninhos, exatamente há 35 anos do passamento do irmão. 

    A data coincide com o meio de  uma pandemia que só permitiu comemoração virtual muito simples,  ocasião em que  ela recebeu as inúmeras  manifestações   dos nossos  amigos e dos amiguinhos  dela além de  tios, primos e irmãos, encerrando com o canto de parabéns   e o corte simbólico de um bolo, estritamente em família. 

   Os quinze anos representam uma celebração que ocorre em meio à adolescência, perpassando à infância e apontando para uma caminhada longa e cada vez mais difícil de construção de vida, atravessando o restante da adolescência e ingressando na  juventude em intensa atividade escolar e acadêmica.

Esse é um processo natural de formação da personalidade, de  acumulação de forças e conhecimentos para enfrentar  a estrada da  vida de forma altaneira e independente.

  Eu e Gorette, a mãe de Maria Rita, somos pais temporãos e tivemos de adaptar a nossa criação aos novos tempos sem, contudo, prescindir da matriz educacional em que fomos forjados.  

Sempre  conversamos muito com ela para auscultar as suas convicções, de modo a nos permitir  orientá-la cotidianamente para a arte de viver, dentro do respeito aos limites que a própria vida  nos impõe. 

Repetimos sempre para ela que a vida é feita de fases e de limites, no mais amplo sentido da palavra e que temos de viver e saber atravessar  essas fases boas ou más, sabendo que elas passam e que são  os limites, esses sim que sempre  nos acompanham ao longo da vida. 

Caráter, dignidade, integridade, humildade com altivez, solidariedade humana, e coragem são predicados fundamentais que o homem e a mulher de bem precisam cultuar para si em respeito aos seus antepassados e como exemplo à sua descendência. 

  Temos dado as informações necessárias que a nossa percepção alcança e apostamos na personalidade,  na inteligência e no bom senso de Maria Rita para manter a rota do bem como meta indeclinável de vida, vencendo sempre as  tentações que nos rodeia.

  Sempre dizemos a ela que tanto eu como Gorette somos passageiros e que ela precisa aprender a andar sozinha, palmilhar os caminhos da vida de maneira equilibrada  e  esperamos que ela apreenda esses ensinamentos que a experiência de vida nos legou.

   Por fim dizer da nossa consciência do dever cumprido e agradecer aos parentes, irmãos, sobrinhos e amigos nossos e de Maria Rita por tantas manifestações de carinho.

 


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