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Por: João Vicente Machado
O golpe
Com a extinção do BNH em 1986, o saneamento básico ficou sem identidade e sem um endereço. Perambulava de Ministério em Ministério, até o inicio dos governos Lula/Dilma, que através do PAC, injetaram um volume significativo de recursos que permitiu um grande salto de qualidade no saneamento básico.
Agora, no governo do ex capitão, novamente o saneamento básico voltou a ser o primo pobre das ações de governo, com a velha desculpa da falta de recursos, embora Paulo Guedes esteja sentado em cima em R$ 500 bilhões de reais, dos quais R$ 370 bilhões deixado por Lula/Dilma. Pretende engordar o superávit primário e ser entregue à banca internacional.
As pizzas orçamentárias mostradas no texto anterior, insuspeitas por serem relatórios oficiais do Banco Central, mostram essa sangria desatada.
O que foi realizado até o presente, deveu-se as iniciativas dos governos estaduais que têm investido com receita própria, ajudada pela criatividade e competência dos profissionais da área, formados ao longo do tempo e transformados numa tropa de elite que somente o serviço público pode formar e qualificar.
Mesmo assim e com toda restrição financeira que lhes foram impostas os estados, conseguiram fazer o que lhes foi possível, transformando o pouco em muito e realizando uma obra que se não foi plena e grandiosa, foi o que os recursos disponíveis permitiram construir.
Longe de nós acharmos que estamos bem e satisfeitos!
Poderíamos estar bem melhor, não fora a indiferença, a insensibilidade e a falta de compromisso com a saúde pública de sucessivos governos. Saúde pública sim, ou alguém duvida que a secretaria de saúde da Paraíba é a CAGEPA?
Quando hoje cooptam a imprensa oficial ou as milícias digitais para exibir números assustadores sobre a performance do saneamento básico no Brasil, escondem a questão de fundo para justificar toda incompetência própria, como sendo uma falha do serviço público que os neoliberais demonizam.
Ora, se temos atualmente 205 milhões de habitantes e desse contingente 15 milhões não têm água, bordão que repetem insistentemente, é porque 190 milhões de habitantes tem. Quem foi então o autor desse feito, o setor privado?
Alegam que 100 milhões de pessoas não têm esgotos, mas não dizem que 105 milhões tem o que nos obriga a mais uma vez perguntar, quem foi o responsável por essa obra, o setor privado?
Talvez o leitor não saiba mas as iniciativas intentadas na Paraíba até hoje com o setor privado, resultaram em fracasso e o exemplo maior foi a Parahyba Water Company do inicio do século XX, que foi dissolvida por incompetência, se não me engano no governo Solón de Lucena.
O governo do ex-capitão vinha numa escalada célere de desmonte do estado que foi de certa forma contido temporariamente pela Covid 19, fato que deixou o ecUnomista Paulo Guedes em maus lençóis pelos compromissos com grupos econômicos, principalmente os bancos, que estão na sua origem, no seu DNA.
Sabemos que ele não foi nomeado ministro para cuidar da nossa economia, mas sim para fazer o jogo do sistema financeiro do qual é egresso, como fundador e dono do banco pactual.
Pois bem, quando a pandemia se revelou e exigiu recursos públicos para controlá-la, ao invés de lançar mão das reservas acumuladas, ele começou a esbravejar, ameaçar e intimidar a opinião pública para acelerar a venda de ativos e entregar a mercadoria que havia negociado.
Ora, se já tinham arruinado a engenharia nacional com a operação lava jato que ia matando as vacas uma a uma para acabar o carrapato; se desmontaram a indústria naval para falir os estaleiros; se estão destruindo criminosamente a indústria de prospecção e refino de petróleo; se feriram de morte a indústria de transformação; se alienaram os aeroportos, os portos, as estradas, as ferrovias etc., o que restava? o saneamento básico, para o qual eles se voltaram com um apetite leonino ate aprovar o PL4162/2019.
A pergunta que não quer calar é uma só, como é que um recurso natural insubstituível como a água é transferido à iniciativa privada para virar mercadoria e ser submetida à lógica do lucro?
Quando afirmamos que a água é insubstituível é porque a água só pode ser substituída pela água. Energia tem várias formas de geração: eólica, solar, térmica, biomassa, etc. e a água nossa de cada dia? Nada a substitui, a não ser própria água.
Contudo não nos quedemos achando que a história chegou ao fim. Agora vai ser intensificada uma luta mais ampla que os movimentos sindicais e sociais já vinham travando de há muito, mesmo diante da incredulidade de alguns.
Engana-se quem pensa que nos rendeu! Agora teremos o apoio e a participação do povo, o maior prejudicado, nessa luta que agora é de todos.
Que o trabalhador da CAGEPA seja doravante ainda mais eficiente e eficaz do que é atualmente, para responder com mais solicitude e celeridade às demandas da população, estando sempre atento e vigilante com relação à gestão da empresa, combatendo injunções nefastas.
Esse tema é muito longo e descrevê-lo em um ou dois textos seria muita pretensão de nossa parte, até porque o processo é dinâmico, dialético e a partir daqui a comunicação será no gogó.
Domingo, dia 28/06/2020 às 10h, estaremos conversando sobre o tema com o companheiro José Reno de Sousa, presidente do SINDIAGUA, trocando ideias numa live sobre esse tema. Contamos com a sua audiência, a sua divulgação e a sua participação.
Já no dia 09/06/2020 por convite da vereadora Sandra Marrocos, estaremos mais uma vez conversando sobre essa questão de interesse comum e oportunamente divulgaremos a plataforma a ser utilizada e o horário da live.
Non Passaran! Vamos à luta! Adelante companheiros!!
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Barragem de Acauã |