Por: João Vicente Machado
São duas palavras de sentidos opostos de muito uso e segundo o dicionário significam:
Aurora – O nascer do sol: era a Deusa do amanhecer na mitologia romana, equivalente a Eos na mitologia grega.
Era irmã do sol e da lua e renovava-se todas as manhãs, voando pelos céus em um carro puxado por cavalos alados.
Ocaso – O pôr do sol: momento em que o sol se põe no horizonte em direção oeste. Acontecimento que precede à noite. O ocaso é verificado todos os dias e em todas as regiões do planeta terra, compreendidas entre o ártico e o antártico.
O contraste, que queremos ressaltar, é entre o nascer e o fenecer que é o que pretendo tomar como tema deste texto.
A principio devo revelar que considero o nascimento tão natural quanto a morte e que a morte além de fazer parte da vida é necessária. E digo mais: se a espécie humana fosse eterna iria procurar um jeito de morrer.
Imaginemos, se desde o principio da evolução das espécies todos os seres estivessem vivos, há muito teriam morrido todos por inanição.
Sempre ouvi uma sentença muito conhecida: “Uns morrem para dar vida a outros.” Ela se ajusta perfeitamente nas considerações acima.
Na verdade, a infância e a velhice são duas fases de vida em que tanto uma quanto a outra precisa dos cuidados dos adultos. A criança em fase ascendente e a velhice em fase declinante que eu comparo com uma parábola:
Observem esta parábola e vejam que ela tem duas vertentes: uma ascendente, que fica do seu lado esquerdo e vai até o ápice na letra V, que nesse caso representará a infância. Por outro lado, o ramo descendente ou declinante, do seu lado direito que representará a velhice.
Observem o eixo horizontal dos X e vejam que a curvatura da parábola o cruza duas vezes. No cruzamento ou origem dos eixos XY, mais à direita no eixo X. São exatamente esses dois pontos que usaremos no nosso raciocínio.
A infância que coerentemente nasce no zero e vai até V e a velhice não menos coerente que vai do ponto V até um ponto no eixo X e têm características muito parecidas. Senão vejamos:
A criança tem dificuldade de andar; o idoso também tem dificuldade de andar.
A criança tem dificuldade de falar; o idoso também tem dificuldade de falar.
A criança precisa de ajuda nas suas necessidades; o idoso também precisa de ajuda nas suas necessidades.
A criança requer uma companhia; o idoso também requer uma companhia.
A criança precisa de atenção; o idoso também precisa de atenção.
A criança requer muita paciência e tolerância; o idoso também precisa de paciência e tolerância.
Vejam que os dois em muito se assemelham com uma diferença fundamental, a criança esta em ascensão são permanente e a cada ano evolui, enquanto o idoso está em declínio permanente e a cada ano involui.
O que temos visto de violência física e psicológica contra a infância e a velhice nos mete medo. Crianças estpadas, espancadas, queimadas, assassinadas e pessoas idosas submetidas ao mesmo martírio reservados às crianças além da perversidade de maus tratos dentro da própria casa por membros da família para se apoderarem do que lhes resta.
A guerra de herdeiros pela disputa do espólio de idosos ainda vivos e lúcidos no decorrer desta semana me provocaram revolta pela ambição desmedida, o apetite insaciável por dinheiro e joias, o que além de deprimente é revoltante.
A nível nacional temos assistido o suicídio de idosos, vitimas da solidão e do abandono por aqueles que se dizem família e chegamos à conclusão de que é preciso uma política pública que ampare, principalmente a velhice nos moldes do que foi feito na Paraíba na gestão Ricardo Coutinho com o programa Cidade Madura. Foram construídos seis conjuntos habitacionais com todo apoio físico, psicológico e social para os idosos, dispondo de quarenta unidades cada um, que podem abrigar ate oitenta idosos.
É deveras uma obra cuja construção leva em conta toda necessidade vital do idoso, o seu conforto e o seu bem estar físico, mental e social. Hoje é exemplo de política pública para o Brasil.
As moradias são chalés distribuídos dois a dois, dispondo de corrimãos por toda casa para permitir a locomoção segura do idoso evitando acidentes traumáticos que são comuns nessa idade.
Além disso, os moradores dispõem de equipamentos coletivos tais como:
Aparelhos de ginástica, área de vivência, salão de jogos, área para caminhadas, refeitório, posto de saúde para atendimento primário.
É esse convívio coletivo com outros idosos que os livrará da solidão, que segundo Alceu Valença é fera e devora.