Por: João Vicente Machado
Seria muita pretensão nossa discorrer em um único texto sobre a macroeconomia que nos foi imposta pelo ecUnomista Paulo Guedes e suas tropelias.
Ao criticá-lo, como tenho feito com muita frequência ultimamente, o faço pela ótica do trabalho e nunca pela lógica do capital, para quem Paulo Guedes é muitíssimo competente. Basta ouvir as declarações do establishment a respeito do seu (dele) desempenho.
Todavia, mesmo no seio da classe dominante, existem empresários e empresários. Os mais lúcidos e minimamente mais nacionalistas, entendem que o estado pode existir sim, mas atuando medianamente subordinado aos seus interesses e fazendo as concessões necessárias, cedendo parte dos anéis para não perder os dedos.
Existem todavia, os alucinados, entreguistas por opção, de concepção medíocre, ou melhor, mediana. Alguns deles submedianos, oportunistas, de raciocínio abaixo da média, que acham que devem deter a posse e o domínio completo do estado e dele se locupletarem. Esses não se deram sequer ao trabalho de ler Henry Ford ou Frederick Winslow Taylor.
Isso para não falar em John Maynard Keynes, um economista liberal inglês, defensor da intervenção do estado na economia, não para proteger o estado, mas para ressuscitar o capital nas suas crises cíclicas, como a de 1929 com o crash da bolsa de Nova York. Portanto, por favor, não me venham tachá-los de comunistas!
Quando Paulo Guedes, ainda em campanha, apresentava a caricatura do que seria o governo de Bolsonaro, ele já afirmava que as palavras de ordem eram:“…privatizações, concessões e desmobilizações”, e completava, “ tem que vender tudo”. Dizia ele em entrevista concedida a uma plateia do ramo, no banco Bozzano de investimentos no Rio de Janeiro, do qual é sócio.
Depois, já à frente do Ministério da Fazenda e de haver promovido o maior e mais agressivo processo de desindustrialização da nossa história, asfixiando a nossa indústria de transformação pública e pasmem, também a privada, ele apareceu com uma proposta de liquidação que denominou de proposta três Ds:
1º-D da Desvinculação: consiste em retirar as amarras jurídicas que vinculam parte da receita a uma finalidade pré-estabelecida como saúde e educação, mesmo pertencendo às cláusulas pétreas da constituição, no artigo 167 inciso IV;
2º-D da desindexação: consiste em desindexar os salários, desatrelando-os da inflação e remetendo os reajustes para a livre negociação salarial com entidades sindicais previamente enfraquecidas, na célebre estória das galinhas negociando com a raposa;
3º-D da descentralização: consiste na retirada dos royalties da mineração, do petróleo e das hidrelétricas em favor de estados e municípios, promovendo uma liberdade orçamentária “negociável” com o parlamento. Perceberam?
O espaço é pequeno, muito pequeno para falar das tropelias do ecUnomista Paulo Guedes, até porque todo dia ele procura um atalho que facilite a sua ação de desmonte da nossa economia.
Encerrando, eu deixo o restante para a observação do leitor e pode ter certeza que não precisarão de lupa para enxergar. É só abrir os olhos, ler, entender e interpretar e quem sabe, achar como eu acho que o Covid-19 foi um achado para a equipe de governo e perceber que o projeto neoliberal está fazendo água, e que o rei esta nu.
Fizemos um apanhado de noticias publicado na Folha de São Paulo, Correio do Povo de Porto Alegre, da Gazeta do Povo de Brasília, além de O Globo.