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Que fim levou um Rei do Swing?

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Por: Flávio Ramalho de Brito
    Nos dois primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos não se envolveram diretamente no conflito, embora participassem dele, veladamente, com o fornecimento de suprimentos diversos e armamentos às nações aliadas. Somente a partir do ataque japonês a Pearl Harbor, base localizada no Havaí, em dezembro de 1941, é que os norte-americanos decidiram entrar, efetivamente, nos combates. Um grande esforço de guerra, então, propagou-se por todo o país, com a adesão de milhares de voluntários desejosos de formar nas forças estadunidenses. Um dos alistados nos primeiros meses era um homem franzino, de 38 anos, míope, músico de profissão e que nem havia feito o serviço militar. Recusado pela Marinha, conseguiu ser aceito pelo Exército, muito mais por uma especialíssima particularidade que possuía. Ele era, na época, o mais popular músico, não só dos Estados Unidos, mas de todo o mundo. O som que aquele voluntário chamado Alton Glenn Miller havia criado para sua orquestra era reconhecido em todos os lugares, através de músicas como In the Mood, At Last e Moonlight Serenade. E a posição que ele alcançara não fora tarefa fácil. Vivia-se a era das big bands, o swing dominava como a música da juventude e uma infinidade de orquestras, muitas de altíssima qualidade, disputavam o mercado de discos, shows, bailes e apresentações no rádio. Glenn Miller ingressou no Exército já como capitão. A sua primeira missão foi organizar várias bandas militares sediadas em centros de treinamento nos Estados Unidos. Em seguida, formou uma grande orquestra da Força Expedicionária, com 50 componentes, e partiu para a Europa para apresentações para as tropas e, na rádio BBC de Londres, fazer transmissões dirigidas às forças aliadas. Os críticos musicais consideram que essa orquestra militar superava aquela big band que Glenn Miller formara antes da guerra, porque ele teve a possibilidade de recrutar todos os grandes músicos profissionais do país que estavam servindo nas forças armadas.


    Em dezembro de 1944, a guerra na Europa já estava praticamente decidida em favor dos aliados. Fazia três meses que Paris havia sido libertada, após quatro anos sob o domínio alemão.  O Alto Comando militar decidiu, na ocasião, que a Army Air Force Band, sob a batuta do agora major Glenn Miller, deixaria Londres e iria para Paris fazer uma série de shows, no Natal e festividades de final de ano, para os soldados norte-americanos que se encontravam na cidade. Programada a viagem da orquestra para o dia 18 de dezembro, Glenn Miller resolveu ir três dias antes, aceitando um convite de um coronel para acompanhá-lo em um voo que ia de Londres para Paris. Os voos militares que faziam a ponte aérea entre Londres e a França haviam ficado suspensos por cinco dias devido às péssimas condições atmosféricas. Com a melhoria no tempo, Glenn Miller, o coronel e o piloto da aeronave decolaram de um aeroporto militar próximo a Londres, em um pequeno avião monomotor, no início da tarde do dia 15. Não foram registradas comunicações de rádio da aeronave durante o voo.  Nunca mais se soube deles. Nem nunca se achou, até hoje, quase sete décadas depois, qualquer vestígio do avião.

    O parecer oficial sobre o episódio de que teria havido imprudência na realização do voo, em virtude das condições do tempo, não se sustenta nos fatos e só imputa a culpabilidade por um possível acidente aos três ocupantes do teco-teco. Mas, o monomotor decolou, com a devida autorização, de um aeroporto militar, de onde, no mesmo dia, partiram várias outras aeronaves. As inconsistências sobre o acontecimento vêm levando, durante todos esses anos decorridos, ao surgimento de várias versões, estapafúrdias ou plausíveis, sobre o que teria ocorrido. Uma das mais recentes, apresentada por um jornal popular alemão, que teria conseguido a informação em arquivo do serviço secreto norte-americano, foi a de que Glenn Miller teria morrido em um bordel de Paris e o fato teria sido encoberto para preservar a sua figura e o moral das tropas dos EUA. Outra variante foi a de que Glenn teria antecipado sua viagem a Paris para tocar Moonlight Serenade no seu trombone numa audição particular para uma admiradora francesa. Depoimento dado por um piloto de caça inglês de que, retornando para sua base, teria descarregado no mar toda a sua carga de explosivos atingindo, acidentalmente, um monomotor que voava abaixo da sua aeronave, e que seria o avião em que viajava Glenn Miller, foi desmentido pelas evidências fáticas. Os voos se deram em horários distintos. O que se sabe é que, durante todo esse tempo, foram localizados, encontrados ou resgatados, tanto na terra como no mar, vários destroços de aeronaves na rota do voo que levava Glenn Miller, mas, nenhum deles com indícios que poderiam relacioná-los com o monomotor desaparecido. O sumiço da aeronave que conduzia Glenn Miller continua sendo, até hoje, um dos maiores mistérios da aviação mundial.
Glenn Miller e sua orquestra – In the Mood, 1941

  

Glenn Miller e sua orquestra – Moonlight Serenade


Glenn Miller Army Air Force Band – Begin the Beguine, 1944.

                   

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1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns pelo texto Flávio. Com a tua permissão quero chamar s atenção de todos para o detalhe de que os USA só veio entrar na guerra em 1941. Ao que parece esperava a URSS e os concorrentes europeus se destruírem no conflito. Caiu do cavalo, pois a URSS ganhou a guerra a partir da frente oriental.

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