Por: João Vicente Machado
Hoje, por força de ofício tive de vir a cidade de Patos, no sertão da Paraíba, tão merecidamente chamada de Capital das Espinharas.
Nas minhas conversas com os amigos e a família, tenho sempre ressaltado e enaltecido os rumos desenvolvimentistas tomado por Patos, uma cidade de apenas 120 anos, que já revela aspectos de cidade grande pelo seu porte garboso.
Por ter de comandar e falar numa apresentação de trabalho para prefeitos e/ou representantes, precisei comprar uma bateria para o meu apontador e me dirigi ao shopping center recém inaugurado, muito bem estruturado e, de porte talvez maior do que o necessário. O meu espanto foi encontrá-lo semi desértico, ou seja, com uma frequência muito aquém da minha expectativa
Tirante os vendedores das lojas já instaladas, além do pessoal da limpeza, pouquíssimas pessoas, todas de máscara e algumas de máscara e luvas, depósitos de álcool gel que já falta, ou até mesmo garrafas de álcool espalhadas pelos corredores, lavatórios na desertificada praça de alimentação e o pior, o pânico estampado na fisionomia das pessoas silenciosas e tensas.
Espero que essa virose se dissipe logo, como ocorreu com todas as outras que já aconteceram na história e se dissiparam, porém insisto: c a l m a! c a u t e l a! O grupo de risco não são todos e sim todos os idosos que somos.
CUIDEMOS DOS IDOSOS! Sem descuidar das crianças e dos jovens, muitas vezes assintomáticos, ou seja, aos avós todo cuidado, pois a vez agora é deles e não dos netos.
Tião Lucena escreveu um livro de título: Peste e Cobiça em que ele relata e depois Cristina Couto corrobora e complementa com a sua narrativa no livro de sua autoria, A Tragédia de Princesa, como a epidemia da peste naquela cidade.
Ambos enfatizam os efeitos deletérios do cólera, que surgiu fulminante em Princesa Isabel, lá pelos idos de 1902, e o papel humanitário desempenhado pelo jovem médico cearense, natural da minha Lavras da Mangabeira, o Dr. Ildefonso Correia Lima, neto da matriarca Fideralina Augusto Lima.
Jovem recém chegado do Rio de Janeiro onde terminara o curso medicina, sem nenhum recurso tecnológico propiciado engenharia médica como os que existem hoje em dia, salvou a vida de mais da metade da população de Princesa Isabel, do ataque da BACTÉRIA chamada Vibrião Colérico, tão violenta que tinha o pavoroso nome de Peste.
Salvou metade porque tratava-se de uma bactéria, se fosse um vírus como o de agora, muito menos agressivo, teria salvado talvez a vida de todos, menos a dele próprio, que foi barbaramente assassinado no meio da rua, por um criminoso traiçoeiro e passional.
Mas isso é outra história para ser lida nos livro de Tião: Peste e Cobiça e o da conterrânea Cristina Couto: A Tragédia de Princesa, duas leituras muito interessantes e oportunas nesse momento em que um vírus, muito menos letal, com um viés muito mais econômico e mercadológico do que patológico, ganha notoriedade e provoca todo esse pânico desnecessário.