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Que são desencarnes coletivos?

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Em toda história da humanidade, são inúmeros os casos em que centenas, e até mesmo milhares ou, até mesmo milhões, de pessoas desencarnam em um curto período de tempo. Guerras, desastres naturais ou epidemias arrebatam as vidas de um sem número de vidas em um curtíssimo período de tempo. Cidades, regiões e até mesmo povos inteiros são devastados. O que muitos se perguntam é a razão, se é que há uma, para que isso aconteça. Pessoas que nunca se viram, ou que acabaram de se conhecer se envolvem em catástrofes, que ceifam a vida de todos.

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No caso da queda de um avião, por exemplo, quantas vezes já não ouvimos falar de pessoas que estavam com a viagem marcada para aquele voo e por algum motivo banal, perdeu o voo? Um dos maiores desastres marítimos que temos notícias, no caso do Titanic, que teceu sua viagem inaugural (e final) em 1912? Muitas pessoas podem pensar: Foi castigo de Deus. Mas explico de forma um pouco diferente.

Então vamos, neste artigo, trazer um pouco de conhecimento, segundo a Doutrina e as explicação dos Espíritos, para tais tragédias, ou usando o temo mais apropriado, desencarnes coletivos.

Para não falarmos apenas de fatos já há muito conhecidos, a Revista Espírita de março de 1858, (Esta revista, se transformou em compêndios de 12 volumes, publicadas por Allan Kardec, antes da elaboração do primeiro livro da codificação – O Livro dos Espíritos). Nela há um relato de um barco que fazia a travessia de Dunquerque a Ostende, e foi surpreendido por um temporal durante a noite; virando o barco e provocando a morte de quatro dos oito tripulantes. Os quatro sobreviventes conseguiram manter-se sobre a quilha do barco naufragado e ficaram a noite inteira na mesma posição imaginando que seu destino seria a morte certa, e essa angústia os acompanhou até o dia amanhecer, quando o vento os levou para a costa e puderam nadar até a terra.

Se todos estavam expostos, igualmente, ao perigo, por que só quatro desencanaram? Esta era a questão feita por um dos sobreviventes, que já havia sobrevivido por seis ou sete vezes de um perigo tão iminente e mais ou menos nas mesmas condições. Ele se perguntava, o que havia feito para merecer isso, já que se achava uma pessoa sem importância e sem utilidade neste mundo e não se gabava de valer mais que ninguém. Ficava mais incrédulo pois dentre os desencarnados havia um “digno eclesiástico, modelo de virtude evangélica e uma venerável irmã de São Vicente de Paulo, que iriam realizar uma missão de caridade. Após o relato do marinheiro, Kardec pede aos espíritos de luz que lhes respondam tal questão, sendo ela respondida pelo espirito de São Luiz:

Indagaram se quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espirito que dirige o perigo e, quando escapa é outro Espirito que o desvia? Assim, foi dada a seguinte resposta: Quando um espírito encarna, escolhe uma prova; escolhendo-a, cria-se uma espécie de destino que não pode conjurar desde que se submeteu. Falo das provas físicas. Conservando seu livre arbítrio sobre o bem e o mal, o Espírito é sempre livre para suportar ou reprimir a prova. Vendo-O fraquejar, um bom Espírito pode vir em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele de modo a dominar a sua vontade. Um espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe e exagerando o perigo físico, pode abalá-lo e apavorá-lo, mas nem por isso a vontade do espírito encarnado fica menos livre de qualquer entrave.

Outra pergunta feita a São Luiz que pode nos esclarecer ainda mais sobre esta questão. Foi feita em relação à Quando um homem está na eminencia de ser vítima de um acidente, parece-lhe que o livre arbítrio nada vale. É perguntado a São Luiz se é um mal espirito quem provoca tal acidente; e, se de algum modo, é a sua causa; e, no caso em que escape ao perigo, se um bom espírito veio em seu auxilio. A resposta do Amigo Espiritual, é que os bons ou maus espíritos não podem sugerir senão pensamentos bons ou maus, conforme a sua natureza. O acidente está marcado na no destino do homem. O bom amigo ainda acrescenta “ Quando tua vida é posta em perigo, é sinal que tu mesmo o desejaste, a fim de te desviares do mau e te tornares melhor. Quando escapas ao perigo, ainda sob a influência do perigo que correste, pensas mais ou menos fortemente, conforme a ação, mais ou menos forte, dos bons espíritos, em te tornares melhor. Sobrevindo um mau espírito (e digo me subentendendo o mal que nele ainda está), pensas que igualmente escaparás a outros perigos e novamente te entregarás às suas paixões desenfreadas. Assim, não agradecemos a Deus por termos sobrevivido, mas achamos invencíveis.

Vamos abordar um pouco mais de desencarnes que envolvem um número maior de pessoas, considerando que esses, chamam mais atenção não só pelo número de pessoas que partem, mas também por envolverem um número maior de familiares e amigos, já que a dor se torna maior quando envolve nossos entes queridos. E, voltamos a perguntar: Por que ocorrem acidentes que acarretam o desencarne de tantas pessoas ao mesmo tempo?
Precisamos levar em conta, que o mundo atual, ao contrário da quantidade de pessoas que estavam no barquinho que relatamos no início do artigo, concentra um número infinitamente maior de pessoas. Precisamos ter em mente, mas sem representar neurose coletiva, dos riscos que shopping centers, casas noturnas, locais de grandes eventos ou até mesmos ônibus e aviões podem oferecer à vida daqueles que lá estão. Do ponto de vista material, não nos preocupamos com o nível de segurança que esses locais oferecem? Do ponto de vista Espiritual, sabemos que cada um de nós tem um padrão mental, e a nós, se aliam espíritos com os mesmos padrões. Sabendo disso, em qualquer lugar que estivermos, estamos igualmente rodeados com os de nosso padrão mental.

O Espiritismo não considera que o chamado destino seja algo imutável e invariável. O destino, para os espíritas, é um espécie de roteiro que decidimos seguir de acordo com nossas escolhas baseadas no nosso livre arbítrio. Fundamentalmente, o que há é justiça que atua em decorrência de nossas ações. Se todos nós cuidássemos da prevenção, de nosso comportamento voltado para a manutenção da vida, os desencarnes aconteceriam em menor número. Digamos que, antes de encarnarmos, como quem escolhe as matérias que irá cursar, escolhemos as situações a que seremos expostos, sejam elas testes ou formas de nos ensinar lições necessárias. Assim, de acordo com a nossa postura diante de tais situações, temos de enfrentar o destino e fazermos escolhas ou observar e aprender conforme a situação, e de acordo com o nosso modo de agir o destino se desenrola de tal ou qual maneira.

Vou contar-lhes uma história, mas vou contar o milagre, mas não conto o nome do santo.
Há alguns anos estava sendo construída uma grande obra na Paraíba e esta pessoa que contou o caso fora o Engenheiro responsável pelas estruturas dessa obra. Relatou-nos que fez e refez por várias vezes os cálculos, acompanhava todo o trabalho, mas ouvia sempre uma “voz” que dizia: “Está errado”. Ele não sabia mais que cálculo fazer, para que viesse descobrir onde estaria esse erro. Finalmente, um certo ponto da estrutura, ele mandou aprofundar ainda mais a perfuração onde seria erguida uma coluna. Apesar de ninguém entender a causa da insistência, foi aprofunda mais um pouco. Resultado: a coluna iria ser construída sobre uma pedra que não aguentaria o peso dos carros que ali passariam. Assim, nosso amigo, o responsável pela projeção da estrutura, seria, diante da Espiritualidade, responsável por todos os desencarnes que viessem acontecer pelo erro de cálculo.

 

 

Mas voltando a sermos mais específicos sobre o tema dos desencarnes coletivos. Vamos falar de uma um desencarne coletivo que comoveu não só o Brasil, mas o mundo. A tragédia ocorrida na Boate Kiss, em Santa Maria no Rio Grande do Sul. Um caso de uma corriqueira casa de eventos que, por inerência humana, tornou-se uma tragédia que marcou centenas de famílias.

Nos últimos séculos pudemos observar o ser humano deixar de se locomover através de tração animal até conseguir superar a velocidade do som em seus meios de transporte; a comunicação intercontinental que levava meses, hoje se dá em segundos. Contudo, a ganância humana cresceu proporcionalmente com a sua engenhosidade. Outro caso, relativamente próximo a nós foi o acidente aéreo envolvendo o time de futebol da Chapecoense, que por uma deliberada escolha da companhia aérea em não reabastecer a aeronave, ceifou dezenas de vidas em meio aos Andes

Após toda esta reflexão nos resta uma pergunta incontornável: É possível que os desencarnados tenham alguma influência nos desencarnes coletivos? O que, de acordo com meus estudos e ensinamentos recebidos dos amigos espirituais é que as equipes espirituais podem ser chamadas a intervir construtivamente no sentido da prevenção de algum evento humano de grande significado para a civilização, desde que isso não limite livre arbítrio das pessoas. Nos desencarnes coletivos a influência das equipes espirituais se assemelha ao dos encarnados, apenas de apoio que ocorre após o evento.

Já ouvi questionamentos a respeito da tragédia na boate Kiss indagando se seria possível que os jovens que desencarnaram na boate Kiss em Santa Maria fossem espíritos responsáveis pelas mortes de pessoas nas câmaras de gás da Alemanha? Poderiam até haver, dentre aqueles jovens, algum tenha participado das atrocidades dos campos de concentração. Mas o que os Espíritos orientadores afirmam que não se trata de resgate, pois a intenção da lei de Deus é de aprendizado e não de punição.

 

O homem esquece que o conceito humano de justiça, que ficou conhecido como “olho por olho”, é uma criação humana atribuída ao rei da Babilônia Hamurabi, aproximadamente 1800 anos antes de Cristo. Não devemos esquecer que os ensinamentos de Jesus são de perdoar 70 vezes 70, assim como ensinou a Pedro. Portanto, como imaginar que as equipes espirituais se encarregariam de aplicar “penas de morte” a encarnados que erram no passado?

 

Para concluirmos este tema, vale a pena lembrar de uma mensagem que Emmanuel, Mentor espiritual de Chico Xavier disse: “Se algum dia, eu disser algo diferente do que disse Jesus e Kardec, fique com eles e abandone-me”. Nunca esqueçamos que o Espiritismo é o estudo, o entendimento e a prática dos princípios fundamentais da Doutrina. Portanto deve estar em constante movimento evolutivo através da sua própria revisão.

 

Em todos os tempos mais remotos da história ocorreram, levaram para o âmago de nossos corações a dor, a saudade e a ausência permanente de entes queridos que nos deixam o convívio de forma repentina. E por envolverem uma quantidade significativa de pessoas, tais flagelos sensibilizam não só os sentimentos pessoais, mas também podem abalar o moral de instituições, nações e governos. Se faz necessário ainda, lembrarmos que existe a Lei de Destruição. Que todos os elementos da natureza, inclusive o homem através de seu corpo precisa ser renovado.

Assim sendo, quando um grupo de pessoas sofre um grande acidente e desencarnam ao mesmo tempo, vem à tona o chamado desencarne coletivo. Diante do horror causado e tentando explicar o acontecido, alguns espiritas levantam a hipótese de um resgate coletivo, ou seja, as vítimas seriam reunidas em um determinado local e dia por uma espécie de força magnética irresistível para regatar “dividas do passado”.

A base da Doutrina Espírita é a lógica da razão. Para que aceitemos a possibilidade de “resgate coletivo” precisaríamos torna-la fatalista, o que claramente não é. Pois cada um tem o livre arbítrio par construir seu futuro. Se esses desencarnes estivessem dentro da Lei Divina para os resgates coletivos em função de dívidas do passado, não haveria nenhum responsável pelos acidentes, pois haveria uma programação divina para que isto acontecesse. Se isso fosse verdade, qual a diferença entres esses espíritos e os nazistas? Algumas pessoas seriam chamadas para um banho, quando na verdade, estavam sendo levadas para uma câmara de gás?

Então, afinal, o que são e qual é o propósito dos desencarnes coletivos? São, assim, como qualquer outro tipo de desencarne: estão explicados na Lei de destruição (exposta no Capítulo V do Livro dos Espíritos) “É preciso que tudo se destrua para nascer se regenerar, pois isso a que chamais de destruição não passa de transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos. Necessário lembrar, que nada acontece na terra, mesmo o cair de uma folha, se não houver um proposito divino para que isso aconteça.

Tiremos de nossa mente, que Deus age por maldade ou para condenar alguém. Novamente dizemos: Nós somos responsáveis por nossas escolhas, e em função de delas, seremos responsabilizados.

Em rude exemplo podemos nos atentar à pandemia que ainda vivemos, será que todos os milhões de pessoas que desencarnaram em decorrer desse vírus estavam sendo punidas por algo? Crianças, idosos, trabalhadores da saúde e tantos outros? A morte, ou desencarne, ainda que condensado no tempo e em quantidades dolorosas não são nada além da completude de nosso período na terra. O fim de um ciclo. Milhares se foram por inação ou incapacidade de governantes, outros por falta de cautela consigo mesmos e com os seus, tantos outros simplesmente porque era chegada a sua hora.

Espero que compreendamos que o homem é sempre responsável pelos seus atos, e que em função de suas irresponsabilidades, quando for o caso, arcarão com as consequências desses. Através da Lei de Reação, nos levando a concluir que os desencarnes coletivos, não são, obra de um deus vingativo ou justiceiro, tampouco obra de espíritos. A morte nada mais é que a consequência natural da vida.

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