Os Cenários se Transformaram

Por: Mirtzi Lima Ribeiro

Já estamos nos primeiros 25 anos do Século XXI, entre recuos e pequenos avanços em termos globais. Ainda temos, entretanto, países menos desenvolvidos tecnologicamente, mantidos como reféns de manobras de certos países que ainda protagonizam o cenário mundial.

O ponto preocupante é que estamos diante de um panorama geral borbulhante, semelhante ao que antecedeu as duas grandes guerras mundiais. Os elementos novos são a modernidade e potência bélica que é muito mais arrojada.

O que está de igual modo é ter como promotores da desarmonia global, chefes de Estado com egos altamente inflados, com tendências absolutistas, que têm embaraçado ferrenhamente as relações internacionais, com violação e saída de acordos importantes, com ameaças e medidas que desestabilizam o mercado internacional.

Embora imperfeitos, os acordos e protocolos internacionais atualmente em vigor, foram estabelecidos após exaustivamente debatidos e costurados por muitos ajustes.

O contexto atual toma novas conotações porque nos mais recentes meses, analistas e peritos fizeram levantamentos apontando e denunciando que informações privilegiadas foram utilizadas com objetivos escusos, de modo a beneficiar alguns que lucraram bilhões de dólares em poucas horas, em razão das oscilações específicas e marcantes nos preços de ações no mercado financeiro, já sabidas previamente.

Ou seja: agiram com disparos na mídia em relação a sanções e taxações, ao tempo em que “amigos empreendedores” compraram e venderam ações de setores que seriam afetados, com o objetivo de auferir lucros estratosféricos, porque já sabiam de antemão das intenções do dito governo. Isso é crime financeiro internacional.

Por outro lado, se os acordos internacionais para estabilidade estão minguando ou são deliberadamente desrespeitados, nos deparamos com problemas sérios que potencialmente decorrerão desse posicionamento sabotador.

Os tratados e acordos internacionais funcionam como certos freios, corroborados por deliberações que visam proteger a paz, estabelecer alguns parâmetros para manter uma certa ordem e equilíbrio nas diferenças e entendimentos entre países, especialmente a estabilidade econômica em termos gerais.

O objetivo da existência de acordos internacionais, embora imperfeitos, visaram até aqui, manter o planeta voltado à política de paz, da não invasão territorial entre países, ter certo equilíbrio econômico nas balanças comerciais e coibir atrocidades gratuitas.

Sabemos que este intuito tem sido violado por alguns chefes de Estado. Despontam no horizonte mundial aqueles que fomentam as velhas e acirradas síndromes de poder e de segregação através dos pressupostos e excentricidades do que se denomina de extrema-direita.

Em paralelo a esse cenário, observamos o óbvio declínio da hegemonia de um país que liderou o mundo por longa data como grande potência. Porém, ao invés de se voltar para seu crescimento interno, para o equacionamento de sua dívida interna e externa (que hoje é muito grande), além das necessárias relações reais de reciprocidade externa, retrocedeu ano a ano nos quesitos de pacifismo e deixou suas indústrias produtivas e lucrativas migrarem para países que considerava possuidores de ideologias contrárias.

Há um agravante que foi ter sido a nação que mais invadiu, mais matou cidadãos desses países invadidos, mais lucrou com o mercado bélico e estabeleceu medidas extremadas em seu único benefício, em muitas ocasiões.

Enquanto este tal país se voltava ao lucro bélico e sem se preocupar pelo esfacelamento de seu parque industrial através de políticas econômicas equivocadas, outros países evitaram dispêndios de recursos financeiros em guerras e armamentos bélicos, optando por usar uma fatia generosa de seus orçamentos públicos no fomento a um real desenvolvimento tecnológico, científico, fabril e de infra-estrutura, de tal modo que despontaram e vêm assumindo posições de destaque mundial.

Estamos vendo mundialmente as forças que se movem em uma potente mudança de paradigma que começou nos idos de 1970 e 1980. E essa transformação gradual culmina neste século que vivenciamos, no ano de 2025, cujo cenário acendeu um alerta tardio para quem se achava dono do mundo.

Estamos no momento em que as conjunturas mudaram tanto, que surge uma nova estrutura mundial que já vinha se formando no planeta e que resultará em um novo status quo quanto às potências e direcionamentos que ficarão claros e inequívocos ainda neste século e subsequentes.

As forças se movem, as estruturas foram sendo construídas por décadas. Quem estava no topo da montanha se descuidou pelo ego inflado.

Não teremos mais apenas uma grande potência dominando o mundo, mas, um grupo de países em união, em consensos e acordos, que balizará moldes menos destrutivos e mais cooperativos entre os países que fazem adesão às suas parcerias e potencialidades do grupo. São países heterogêneos, com vocações distintas, porém dispostos a seguir na mesma direção, crescendo juntos.

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