Elementos Sobre o Famoso Protecionismo

Por: João Vicente Machado Sobrinho;

Quem nunca manifestou interesse pela essência do protecionismo econômico, pode até imaginar tratar-se de uma medida macroeconômica inusitada, necessária, o que a rigor é uma meia verdade.

O protecionismo econômico,  é um contemporâneo de berçário do vetusto mercantilismo. Ambos vêm caminhando de mãos dadas desde os idos da chamada idade média e vez por outra o protecionismo é usado de forma emergencial. Funciona como um dos muitos remendos que são aplicados nos fundos da calça do capitalismo liberal puro sangue. Quando o modelo econômico capitalista dá sinais de exaustão como acontece atualmente, os economistas liberais ortodoxos orgânicos entram em cena.

Igualmente a bombeiros, brandindo os postulados basilares dogmáticos do guru liberal Adam Smith, tentam mais uma vez controlar o fogo.

Nas conhecidas “crises cíclicas” que são reais, jogam-se de lado: a “lei” da oferta e da procura; dispensam-se o auxílio da mão invisível do mercado; rasgam-se os postulados da teoria francesa do Lassey Faire; e recorrem-se aos providenciais remendos do capitalismo. Em meio a esses inúmeros remendos econômicos, um deles é o protecionismo econômico.

Vejamos a opinião do economista Thiago Lopes sobre o uso do protecionismo, em uma matéria de sua lavra, publicada em 27 de novembro de 2020 no periódico Politize:

“Protecionismo” pode ser definido como um conjunto de ações governamentais para proteger a economia de seu país. Tais ações são feitas, na maioria das vezes, por medidas que restringem ou proíbem importações de determinados bens, visando proteger o mercado interno da concorrência externa. Ou seja, o governo dificulta a entrada de determinado produto importado em seu país para que os fabricantes nacionais desse produto consigam ter mais sucesso em vendas, beneficiando a economia.” (1)

Nos tempos atuais, a maior disputa protecionista que se desenvolve no planeta terra, tem como protagonistas as duas maiores potências econômicas mundiais que são os Estados Unidos da América do Norte-USAN e a Republica Popular da China.

São dois gigantes da economia que priorizaram o desenvolvimento técnico cientifico como meta maior, o que lhes capacitou a produzir bens duráveis de alto valor tecnológico agregado, para facultar-lhes uma inserção mercadológica de forma competitiva.

Esses dois poles position, são secundados pelos países centrais de menor coturno que são: a Alemanha, o Japão, França, a Inglaterra e alguns países emergentes como a índia, o Brasil, a África do Sul e a Rússia.

Foi em razão da baixa capacidade de competição que os chamados países periféricos resolveram se aglomerar em blocos econômicos para se fortaleceremcomercialmente, criando:

. União Europeia-(UE)

. Mercado Comum do Sul-(MERCOSUL)

 

. Associação das Nações do Sudeste Asiático-(ASEAN)

. Comunidade dos Estados Independentes-(CEI)

Afora esses blocos consolidados e tão conhecidos, acrescentem-se um outro bloco formado por: Estados Unidos, México e Canadá. Em tempos passados esses países intentaram a criação de um bloco inicialmente denominado de NAFTA, que teve como sucedâneo um outro com a sigla USAMCA.

Esse bloco não prosperou e hoje em dia está exangue. O motivo é que tanto o México quanto o Canadá, descobriram que nessa “parceria leonina” com os USAN, eles estavam entrando com pescoço enquanto os USAN entravam com a faca.

A comprovação do esvaziamento reside no fato de que tanto o México como o Canadá, por uma questão de sobrevivência pediram inscrição nos BRICS. (Sobre os BRICS trataremos  em outra oportunidade.)

No decorrer de toda essa arrumação em busca de independência econômica, infelizmente alguns países como o nosso Brasil, capitularam e se renderam à sedução do canto da sereia neoliberal. Por rigorosa  imposição do modelo econômico que nada tem de neo, (novo) foram se desfazendo irresponsavelmente da preciosa infraestrutura tecnológica industrial  de que dispunham, através de privatizações desvantajosas e questionáveis, para serem reduzidos a meros produtores de commodities.

São eles que, justamente agora, estão se rendendo à velha cantilena do mercado. Sem capacidade fiscal para peitarem os capatazes do rentismo no nosso país, mandatários dos carrascos da nossa nação.

Portanto, basta um espirro de um país comprador, para provocar uma grave pneumonia nos países periféricos.

A França, costumaz  fornecedora de tecnologia para o terceiro mundo e a quem não interessa a independência econômica dos países do Mercosul, valeu-se de uma de suas redes de supermercados no Brasil e soltou um balão de ensaio ameaçando de não mais comprar a carne produzida pelos membros do Mercosul, Brasil no meio.

Foi um chororô generalizado por parte dos grandes capitães do agronegócio, exatamente um nicho nacional privilegiado pela Lei Kandir, composto por intransigentes defensores do Estado mínimo. A quem foram eles pedir arrego? justamente ao Estado na pessoa do seu atual chefe que é o Presidente Lula. Em troca não ofereceram sequer um único grão de alimento para amenizar o grave problema da fome dos miseráveis do país.

Muito pelo contrário, se uniram em coro justamente com os beneficiários do modelo econômico vigente clamando por equilíbrio fiscal.

Ora, nunca é demais lembrar que a raiz do problema fiscal brasileiro reside exatamente no Rentismo da Faria Lima e na Banca Internacional.

Eles defendem um estado mínimo, distribuidor de cestas básicas como ração de sobrevivência para a plebe e se auto investiram de gestores do que resta em benefício próprio.

Bastou o governo anunciar uma migalha que é a isenção de imposto de renda pessoa física para quem ganha até o limite de R$5.000,00, para provocar urticária nos que ganham mais do que R$30.000,00, ou seja, aproximadamente 1% da população que em números absolutos são 2 milhões de brasileiros. Vejamos a realidade no iconográfico abaixo:

O governo propôs taxar as grandes fortunas inseridas nesses 2 milhões e quase o Brasil ia abaixo. A minoria esmagadora uniu-se aos estamentos e de mãos dadas com a banca financeira da Faria Lima, está clamando por: definição do arcabouço fiscal; corte de gastos públicos; empréstimos subsidiados e a juros baixos; liberação das chamadas emendas Pix; ou seja: “reciprocidade, diálogo”, conversa de pé de ouvido, etc. ($$$$$$$$). A mordida agora foi na canela da classe média, resta ver como ela vai reagir.
O resto? “O resto é conversa flácida para bovino ruminar” como diria o saudoso Humberto de Campos, comentarista esportivo de Campina Grande.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:
Protecionismo: o que é e como é aplicado? | Politize! (1)
https://www.bing.com/images/search?view=detail;
Mapa do bloco do Mercosul – Pesquisa Google;

Fotografias:
Mapa do bloco da União Europeia – Pesquisa Google;
Países Integrantes do Mercosul – Brasil Escola;
ASEAN. Associação das Nações do Sudeste Asiático – ASEAN;
Comunidade dos Estados Independentes – Características, países e ações;
stthfi.com.br/noticias/1416/lei-trabalhista-aumenta-subemprego-e-renda-baixa-afirma-economista;

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