Por: João Vicente Machado Sobrinho;
O tema mais instigante no momento, não é outro senão a postura imperial, arrogante e agressiva do atual presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A sua metralhadora verbal está sempre engatilhada, para repetidos disparos de decretos e mais decretos, feitos à revelia do Congresso Nacional, e sem nenhuma consulta popular. Ele faz uso abusivo e extra oficial das suas redes sociais, para disparar seus torpedos como os que mostraremos a seguir:
. Perdão aos presos políticos que foram condenados pela invasão do Capitólio, sede do Congresso, fato acontecido no dia 6 de janeiro de 2021. Os prisioneiros aglomerados em bando, invadiram aquela Casa Legislativa fortemente armados, para desagravar Donald Trump, inconformado com a derrota que tivera nas urnas. Pelo que foi apurado, os manifestantes, as armas e o estimulo, foram do próprio Trump. Aquele ato insano, teve também o condão de fazer escola para a extrema direita mundial e a do Brasil de modo particular.
. Decretação do Estado de Emergência Nacional na fronteira com o México, um país amigo e parceiro, fazendo uso de armamento pesado. helicópteros e cães farejadores para reprimir violentamente os imigrantes. Mesmo sabendo que a maioria deles são pobres famintos latino-americanos, iludidos com o que imaginam ser os USAN, um paraíso terrestre.
. Retirada abrupta e injustificável, de representantes dos USAN no Acordo de Paris, mesmo sendo o seu país, um dos maiores agentes da destruição climática mundial.
. Retirada da representação dos Estados Unidos na Organização Mundial da Saúde-OMS, talvez por considerar a saúde pública, algo muito caro e sem importância. A prova maior desse descaso é que os USAN, apesar de serem o país mais rico do planeta terra, não dispõem sequer de um sistema público de saúde.
. Prisão sumária e indiscriminada de imigrantes, os quais jogados num presídio adaptado às pressas, localizado no Parque Nacional de Everglades na Florida. O presidio citado, situa-se numa área de alagados, infestada de jacarés e crocodilos, que foi denominada sarcasticamente por Trump, como uma Alcatraz de Jacarés.
Além de todo esse festival de decretos e atos de violência interna, o presidente Trump tem tentado a todo custo, se imiscuir na soberania, na política interna e na economia de alguns países. Ele tem feito bravatas e ameaças veladas de incorporação, de ocupação e de tarifação abusiva e exagerada nas relações comerciais com vários países, provavelmente com propósitos intimidatórios.
Até mesmo os vizinhos e aliados históricos mais próximos, têm sido talvez os mais ameaçados. É o caso do Canadá, em que as imposições tarifarias são acompanhadas de bravatas e ameaças de incorporação. Além do Canadá o outro vizinho que é o México também tem sofrido ameaças. Talvez ele ainda considere pouco as áreas que foram subtraídas do território mexicano, entre 1846 e 1848, quando grande parte do seu território anexado pelos USAN. Incluindo o Texas que havia declarado a sua independência em 1836, o México vendera a Califórnia, perdeu os Estados de Nevada, Utah, Wyoming, Kansas e Oklahoma e partes do Colorado.
Logo depois da posse ou mesmo antes dela, Donald Trump anunciou ao mundo que, o Golfo do México, uma gigantesca reserva de petróleo, além de grande viveiro natural de inúmeras espécies, pertenceria como diz ele, à “América.” Essa manifestação insólita, seja ela por pura ignorância geográfica ou na verdade por uma distopia. A Groenlândia, que como sabemos pertence à Noruega, por se situar próximo dos USAN, também faz parte de um solerte projeto de anexação dos Estados Unidos, que a rigor, seria uma expropriação e anexação Geopolítica.
O Brasil, um país pertencente à América do Sul, além da grande reserva de petróleo intocável que possui na margem equatorial, tem uma outra em processo de prospecção e refino. Além disso, possui vasta riqueza em minerais raros e estratégicos como: terras raras, nióbio, lítio, cromo, potássio, uranio, pérolas e metais preciosos como diamante, esmeraldas, turmalina Paraíba, platina, ouro, prata, níquel, cobre, cobalto, manganês, molibdênio e zinco entre outros.

O México e os demais países da América Latina são todos eles, em maior ou em menor escala, riquíssimos em combustíveis fosseis e em todos os minerais já retro-citadas, inclusive minerais estratégicos.
No caso particular do nióbio, trata-se de um mineral raro e estratégico, do qual o Brasil é detentor de 95% das reservas existentes em todo o planeta terra. Para àqueles que ainda não o conhecem, o nióbio tem utilidade diversa e aplicações industriais e pode ser usado: na construção de motores automotivos; como componente de ligas metálicas de alta resistência, na construção de turbinas de aviões e foguetes de propulsão; como capacitores e semicondutores; além de serem utilizados na medicina, em componentes de exames de ressonância magnética e de marca-passos cardíacos.
Diante do exposto, seria uma asneira acreditar que essa motivação desesperada de Donald Trump, seria apenas um misto de raiva e ambição, ou até mesmo um atavismo infantil da sua personalidade. Acreditar que toda essa série bravatas e ameaças é devida à defesa de uma família de vassalos e serviçais, é acreditar em lobisomens e duendes. É prudencial acordar e perceber que, nessas atitudes atrabiliárias, arrogantes e prepotentes, Trump tem feito uso de Jair Bolsonaro, apenas como um mero Boi de Piranhas. A questão de fundo é outra e muito mais séria e preocupante, por ser de ordem econômica, política, enfim de ordem Geopolítica. Ponto.

A verdade é que a unipolaridade mundial e soberana dos Estados Unidos da América do Norte, começou a fazer água a partir do governo de Ronald Reagan. Fugindo a tradição ele fez opção clara pela economia de mercado, em detrimento do capitalismo de estado em voga desde George Washington. Além disso Reagan de forma unilateral, suspendeu a conversão do dólar em ouro, que o lastreava e como eram os próprios USAN que o fabricavam, o mundo todo passou a usar o dólar como moeda de conversão. A partir daí começou o que hoje é a gigantesca dívida interna dos USAN.
“Após a Primeira Guerra Mundial, o abundante capital estadunidense fluiu para diversas regiões do mundo. O dólar passou a competir com a libra pela posição de moeda hegemônica. A essa altura, a economia americana já superava a inglesa na produção e na exportação, mas a posição de potência imperial da Inglaterra a mantinha em vantagem. A Segunda Guerra Mundial encerrou essa disputa. O dólar se tornou não só a principal moeda internacional, como praticamente a única.
Até a Primeira Guerra Mundial, adotava-se o padrão ouro, uma vez que, como apontou Marx, no mercado mundial “sempre é exigida a mercadoria monetária efetiva, o ouro e a prata em pessoa”. Assim as diversas moedas nacionais, inclusive a libra (“moeda-chave” da época) se referenciavam na quantidade de ouro, o que permitia a “conversibilidade” das diversas moedas em ouro.
Em 1944, foi assinado o Acordo de Bretton Woods, no qual se estabeleceu um novo sistema monetário internacional. As moedas passariam a se vincular ao dólar americano, que por sua vez, seria conversível em ouro a uma taxa fixa. Soma-se isso ao fato de que o capital estadunidense financiava a reconstrução dos países europeus e o desenvolvimento de países emergentes. Assim, o dólar se afirmou como a moeda internacional por excelência.
O dólar reinou absoluto por 30 anos, até que os EUA passaram a ter sua hegemonia comercial e produtiva ameaçadas por outras nações imperialistas e pelo desenvolvimento periférico. Além disso, países que se ressentiam da posição privilegiada que os EUA obtinham com o controle da moeda internacional começaram a questionar a capacidade do país de honrar o compromisso da “conversibilidade”.
Diante desse quadro, os EUA dobraram a aposta. O presidente Richard Nixon anunciou unilateralmente, em 1971, que os EUA suspenderiam a conversibilidade do dólar em ouro, decretando o fim do regime de Bretton Woods. E com o choque de juros em 1979, os EUA aplicariam a “diplomacia do dólar forte”, reafirmando sua hegemonia financeira nos marcos da “inconversibilidade”.
A atitude de Reagan, com a qual ele influenciou e foi acompanhado por Margareth Thatcher, arrastou o país para um endividamento público astronômico, que entre os anos de 2011 e 2024 passou de 67% para 98% do PIB com o prognóstico de chegar a 134% em 2035.
Enquanto isso os países considerados emergentes como a China, decidiram transitar por um caminho diverso, optando por um Capitalismo misto entre o Estado e o Mercado, sob o rígido Controle do Estado. Preferiram se capitalizar ao invés de acumular dividas e passaram a comprar títulos da dívida imobiliária dos USAN.
Finalmente quais são os donos da dívida dos USAN, que a rigor são duas:
. A Dívida Pública: que é devida a governos de outros países, a instituições financeiras e a investidores individuais. Nesse particular os maiores credores dos USAN são: O Japão, a China e a Grã-Bretanha com US$ 2,635 trilhões e creiam, até o Brasil é credor, com US$ 229 bilhões.
. A Dívida interna com participações governamentais: (em US$ trilhões)
. Sist. Da reserva Federal dos USAN: 4,7
. Previdência Social e outros: 2,4
. Invest. Estrangeiros: 8,7
. Investidores nacionais: 19,7
. Sub Total: US$ trilhões 35,5
As despesas militares dos USAN para manter a hegemonia são astronômicas e o orçamento para o ano de 2025 aponta para US$ 895 bilhões.
A despeito disso tudo, há ainda que alimentar a aventura de alguns lacaios mundo afora como Zelensky e o carrasco sionista de Israel com um volume grandioso de recursos.
Convenhamos que essa distopia que tanto tem angustiado Donald Trump, não é devida a nenhuma preocupação com os seus vassalos brasileiros. O desespero que lhe invade a alma é decorrente do medo do surgimento de outros países dispostos a fazer transações comerciais menos draconianas e independentes do dólar. Esse fantasma tem nome, chama-se BRICS, que hoje detém 37% do PIB mundial.
O RESTO É PURA BASÓFIA!
Referências:
100 dias de Trump: 6 grandes mudanças promovidas pelo presidente – BBC News Brasil;
https://www.canadaagora.com/politica/recursos-naturais-extraidos-pelo-canada.html;
Conheça os minerais estratégicos e como eles fazem parte do seu dia a dia — Ministério de Minas e Energia;
Nióbio: para que serve, onde é encontrado, características;
Qual é o total da dívida dos EUA e quem a possui? — Trading View News;;
Luís Alberto Moniz Bandeira – Pesquisar A Desordem Mundial; A Segunda Guerra Fria;
FORMAÇÃO. Como o dólar se tornou a moeda hegemônica no sistema internacional? – Brasil de Fato;
Fotografias:
Veja fotos da invasão ao Congresso dos EUA e o que se sabe sobre o ataque até agora;
EUA enviarão 1.500 militares para fronteira com o México;
As crescentes mortes e lesões em tentativas de pular ‘muro de Trump’ para entrar nos EUA – BBC News Brasil;
‘Alcatraz dos jacarés’: Trump inaugura centro de detenção em pântano da Flórida – Aventuras na História;
Em meio a tarifaço, Trump quer minerais críticos do Brasil | Senge RJ;
Golfo do México: o que é, onde fica e características – Toda Matéria;
Groenlândia: dados, mapa, geografia, história – Mundo Educação