Por: Neves Couras;
Após uma semana de ausência, cuja falta foi por problemas de saúde, estou de volta. Este espaço é muito importante para mim. Por esta razão, enfatizo: voltei. No entanto, esse “voltei” tem mais um significado. Voltei a morar na cidade. Ontem terminei a mudança de meus mais importantes pertences para minha nova casa. Meu novo lar.
Alguns irão estranhar, porque eu morava em um lugar lindo de verdade. Sonho de muitos. Ter uma casa no campo e lá morar e aproveitar a natureza. Parte disso é muito importante, mas como faces de uma moeda, existe a cara e a coroa. Nossa casa na zona Rural foi construída para ser o lugar de reencontro da família, o lugar das comemorações, e, foi isso por muito tempo. No entanto, como eu ouvia quando pequena, a vida é uma roda gigante.
Eu entendia essa frase muito popular aqui no Nordeste como sendo: um dia estamos lá em cima e outro, estamos cá embaixo. Com o tempo, comecei a ver essa frase de forma diferente: um dia estamos vendo as estrelas e toda sua grandeza, outro estamos com os pés no chão, sentindo a vida real. Pois é, na verdade vivi mais com os pés no chão do que só apreciando as estrelas.
É evidente que jamais vou esquecer o lado bom. O de ver as estrelas, ver a lua nascer, acompanhar suas fases, essa parte também, aprendi mais com as pessoas que trabalham na terra. Aprendi que temos que observar as fazes da lua para plantar e colher, para “deitar” as galinhas para que se garanta que não se perca os ovos, e a ninhada de pinto seja completa. Esses aprendizados, alguém pode perguntar: – de que serve esse tipo de informação? – para que entendamos verdadeiramente o quanto a natureza precisa ser respeitada. O quanto ela é importante em nossa vida.
Acordar com o canto dos pássaros, com o grasnar dos gansos. Sentirei falta de tudo isso. Mas como me referi antes, tem o outro lado da moeda. Já me mudei tantas vezes. Em todas elas, nosso pai estava em busca de vida melhor, hoje me mudo também em busca de algo melhor. Sim! Não importa tanta beleza tanto conforto se nós não estamos bem. O mais importante de tudo isso, sou eu. Preciso me reconectar com outras pessoas, com outras oportunidades.
Estou com a mesma sensação de quando voltamos de Brasília para João Pessoa. Voltei para mesma casa que nos acolheu quando voltamos naquela 22 de dezembro. A diferença que os braços físicos que nos acolheram não estão mais aqui. Mas posso sentir a presença e o carinhos delas, minhas queridas tias, em cada cantinho dessa casa.
Sabe meus queridos leitores e leitoras, aprendi que a vida é feita de ciclos e vivemos muitos, durante nossa passagem por este planeta. Mas em todos eles, tem uma questão muito importante. O que ficou para traz, deverá ficar lá. Lembranças quando boas, devemos guardar. Mas, sofrimento, dor, decepção deverão ficar longe de nossa mente.
Viver o agora, na idade que estou é importante. Sei que ainda tenho muito o que fazer. Tenho meus filhos e minha netinha para cuidar. Como mãe, sei que cada um tem sua vida, mas eles terão em mim, um porto seguro para que eles aportem.
Preciso investir em minha saúde, bem estar, equilíbrio e harmonia, para que as enfermidades pelas quais já passei e as sequelas que ainda carrego, não sejam maiores que as minhas necessidades de viver em paz.
Não é uma casa construída com os mais belos adornos que nos faz feliz. O importante é minha Casa Mental. E, essa, quando entra em qualquer desequilíbrio, nos tira do equilíbrio físico psíquico, que nos traz as enfermidades.
Precisamos todos nós, principalmente os de minha geração, compreender que somos nós os responsáveis por nossa saúde ou enfermidades. E, para isso precisamos buscar nosso cantinho para nele, construirmos nosso paraíso mental. Assim, estaremos felizes e fortalecidos.
Contudo, se faz necessário nossa paz interior. A casinha no Campo com todas as suas belezas precisa estar dentro de nós. É nosso equilíbrio mental, repito, que precisa está cheio de bons sons, bons perfumes e excelentes companhias. Para que estejamos em plena harmonia. Precisamos de respeito, de abraços sinceros, de amizades que realmente sintam o que sentimos.
Lembrei de nossos amores. Coisas tão raras hoje em dia, não é? Mas, meu primeiro amor, precisa ser eu mesma.
Recomeçar não é nada fácil, mas precisamos. Deixar de lado o que investimos de recursos financeiros e amor, não é fácil. Mas, quando reconhecemos que bom mesmo é estarmos bem, não importa se em um palácio ou numa casinha simples. O importante é estamos dispostos a recomeçar mesmo não sendo fácil.
Aqui estou. Que venha o que Deus ainda quer de mim para cumprir com minha missão. Depois… depois não sei. Está tudo no comando do Pai. E sob o comando d’Ele, é claro que serei feliz, junto aos meus filhos e minha neta que me tem como exemplo, pelo menos para usar o batom.
Vamos lá. Estou pronta!