A fé nossa de cada dia

Por:  Neves Couras;

Estamos vivendo períodos muito difíceis para a humanidade. Seja do ponto de vista social, econômico ou político. O ser humano tem demonstrado grau de crueldade, desrespeito à divindade, à Natureza e a si mesmo. Ao ver certas notícias, confesso, gostaria que muita coisa não fosse verdade.

A nível mundial, os dirigentes das grandes nações se comportam como se estivessem jogando uma partida de xadrez, cujo resultado não traria nenhum prejuízo a ninguém. Em nosso país, até mesmo as pessoas que tiveram preparação aprofundada da Religião estão se comportando como se nada tivessem aprendido.

A cada dia, descobrimos mais falcatruas, manobras para ludibriar a população, que se torna o grande alvo desses seres que nem sei se podemos chamar de “humanos”. Nesta ultima terça feira vi uma cena que chocaria a qualquer humano. Um jovem colocando fogo em um sem teto e outro gravando tudo. Tudo isso fazendo apologia ao nazismo.

Esta semana se “revive” a paixão de Cristo. Quantos Cristos não passam pelo sofrimento de Jesus, sem mesmo passarem pelo Sinédrio. Na verdade, os Pilatos, os Judas estão se reproduzindo como se estivessem sendo fabricados em série.

A sede pelo poder, o jogo de ações e manobras para prejudicarem as minorias estão a cada dia sendo usadas com mais astúcia. E o pior, parte do povo está aplaudindo e gritando por mais maldade, por mais mortes. As arenas dos tempos dos romanos estão sendo revividas. Só que quem está sendo jogado aos leões não são apenas os cristãos: são pobres, negros, os povos originários, as mulheres, os homossexuais, enfim, os sem defesa.

Em nosso Estado, um hospital criado por um grande religioso que dedicou a sua vida a construção de uma entidade para acolher àqueles e àquelas que não tem mais para onde ir. Quantas outras pessoas de bem, assim, como Padre Zé, também se dedicaram e se dedicam à referida instituição? No entanto, outros homens e mulheres, com outras intenções, conseguiram levar tudo ao fogo da destruição.

Pois bem, vamos pensar na “Semana Santa”. Ah! Jesus, como estamos precisando de teus ensinamentos! O que está acontecendo com Teus irmãos desse Planeta? A que ponto chegou a prática da ganância, da mentira, das traições, a necessidade de se locupletar se nada levamos daqui?

Não posso deixar de trazer à tona a necessidade da fé. Nós, os filhos de Deus que já conhecemos e já passamos pela experiencia de receber em troca o que fizemos a outros, precisamos, mais que nunca, falar e introjetar em nossas consciências a necessidade de praticar a fé. Aquela mãe da esperança e da caridade.

Não nos enganemos tudo que fizermos a outros, recebemos de volta. É a mesma moeda que anda de mão em mão.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XIX – nas Instruções dos Espíritos, um Espirito protetor reafirma:

“No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a principio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da vontade”.

O Instrutor espiritual ainda reforça que fé ainda não foi compreendida. Eu, posso dar meu testemunho que essa afirmação é verdadeira. Eu que estudo, leio e tento entender e vivencia os ensinamentos do Cristo, passei por momentos muito difíceis. Não me faltou a fé, mas eu pude compreender que esse sentimento não significa apenas achar que pedindo receberia, que o que eu até então entendia chamava de fé, era certo. Não era. Eu não tinha forças para entregar-me ao Cristo. Eu ainda acreditava que apesar de meu livre arbítrio, eu poderia escolher meu caminho. E posso, mas se não for o que dei ou deixei ir, nada receberei.

Não, não, não. A fé verdadeira, é entrega de verdade. É acreditar que antes de me dirigir a Deus, a Jesus e a todos os seres de Luz com quem normalmente eu mantenho “meus” diálogos, era o suficiente. Como eles me ensinaram… como aprendi…

Foi preciso descer ao fundo de minha alma, buscar a compreensão que não basta pedir ou mesmo esperar. É preciso se entregar completamente ao universo.

Como a história do pobre José que visitava a Igreja todos os dias, olhava para a imagem do Cristo e apenas dizia:

“Senhor, eu estou aqui”. Depois José caiu doente e foi internado numa instituição de acolhimento. Ele pediu que fosse colocada uma cadeira ao lado de seu leito. As enfermeiras estranharam o pedido, pois José não recebia nenhuma visita. Quando perguntado para quem seria a cadeira, ele respondeu : – para o Cristo. Ele todos os dias vem me visitar e diz: “José, estou aqui”.

É essa fé, é esse sentimento de entrega que precisamos ter. Apenas, aguardemos!

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