Por: João Vicente Machado Sobrinho;
A aguda capacidade estratégica e a engenhosidade do liberalismo de direita são características inerentes do liberal capitalismo. Essa é uma velha prática que utilizam com maior ou menor intensidade, a depender do maior ou menor risco de perda das rédeas do poder. Quando os explorados não suportam mais e esboçam uma reação popular que venha a ameaçar a classe dominante, com a perda do controle absoluto que o capital tem sobre todo aparelho de estado ela, a classe dominante, recorre aos métodos fascistas, de violência e de golpe de estado.
A variação tanto da extensão, quanto do rigor de aplicação dessa estratégia de dominação pela classe dominante, irá depender da maior ou menor reação de aceitação por parte de uma classe que é numerosíssima, porém muito sofrida e desorganizada, portanto, infantilmente submissa.
Recordemos que a direita se desesperou quando perdeu eleitoralmente o governo federal no ano de 2003 para um candidato de origem popular. Um nordestino pobre e retirante que viera do Nordeste num caminhão pau de arara tangido pela seca. Recordemos também que a partir de então a direita se encarregou de inocular em todos os segmentos sociais um ódio generalizado por Lula e por tudo quanto ele representava. Um ódio contagiante que de maneira extensiva, contaminou os seus admiradores e simpatizantes.
Propositadamente não quiseram sequer tomar conhecimento das propostas, dos planos e das metas do governo eleito. Durante os dois mandatos do presidente Lula fizeram uso do poder ideológico como o fazem agora, para desconstruir a sua imagem popular.
Para alcançar seu propósito, passaram a fazer uso do aparelho ideológico do estado. Com a imprensa oficial sob seu domínio e controle, as elites escalaram uma campanha sórdida de desgaste de um governo legitimamente eleito pelo seu povo com o concurso da maioria de um poder legislativo de maioria acumpliciada com a classe dominante e de viés entreguista.
A imprensa oficial cujos veículos são propriedade do poder dominante, se utiliza das milícias digitais sustentadas pelo establishment como coadjuvante, no seu serviço sujo. Há ainda a considerar a ofensiva do aparelho repressivo do estado e os seus mecanismos de pressão, para em nome do mercado praticarem todo tipo de sabotagem.
Quaisquer das míseras concessões feitas em favor dos pobres, faz com que o governo Lula e a classe dominada tenha sido o alvo predileto das elites e, alvos imediatos de uma indiscreta sabotagem por parte do parlamento nacional. O congresso nacional que a tudo só aprova mediante “reciprocidade” é regido, como já dissemos pela batuta neoliberal dos grupos econômicos e órgãos financeiros, pregoeiros das regras do mercado.
Arcabouço Fiscal: é um conjunto de regras e normas que tem por objetivo manter o controle das contas e da dívida pública do estado, para não ferir a susceptibilidade nem despertar a mínima desconfiança da banca internacional ou dos agentes financeiros da Av. Faria Lima, instituições sagradas para os liberaloides direitizantes.
A rigor, o arcabouço fiscal é um grande guarda chuvas para proteger o capital, debaixo do qual cabe: a Lei de responsabilidade fiscal; a PEC 95 que congela o orçamento da união até 2030; o contingenciamento de rubricas destinadas as despesas obrigatórias, como educação, saúde, seguridade social, etc.
Vejam no iconográfico a seguir o orçamento federal aprovado para 2024:
Se observarmos com atenção todas as fatias da pizza e os destaques das pequenas janelas iremos descobrir muitas verdades escamoteadas pela imprensa oficial. Em primeiro lugar vem a fatia azul que representa os custos com a seguridade social, os quais são compartilhados com os segurados.
A faixa azul recebe o nome de Previdência Social e é cavilosamente tratada como o “rombo da previdência” pela imprensa oficial.
O que chamam de “rombo” representa apenas 20,70% do orçamento total e mesmo assim não é integral, pois tem o seu financiamento compartilhado com os beneficiários.
Vejamos nas janelas menores ao lado, aquelas “despesas” orçamentárias que são constitucionalmente obrigatórias e na verdade não são despesas, são investimentos:
. Assistência Social: 4,77%
. Educação: 2,70%
. Saúde: 3,37%
. Transferências para os estados e
Municípios: 11,02%
Sub total: 21,86%
Se adicionarmos ao sub total acima o chamado “rombo da previdência” iremos ter um Total de 42,56%.
Se olharmos para a fatia amarela da Pizza que são as despesas com o serviço da dívida, iremos constatar que o Brasil vem sendo vitimado em sua peça orçamentária. Esse é um assalto feito com a omissão dos governantes indiferentes à ação deletéria praticada pela Banca Internacional e pelos especuladores financeiros da Av. Faria Lima de “apenas” 46,30% de juros.
Apesar de todos os fatores de desgaste que são usados contra o governo Lula por parte do mercado, o qual conta com a ação hostil e impositiva do congresso nacional, o governo mesmo assim, vem obtendo um êxito relativo que os tem desnorteado.
Alguém pode indagar se o pagamento do serviço dívida é legitimo, ao que responderemos com convicção: não sabemos! E não sabemos porque a dívida que vem sendo regiamente paga sem ser considerada como dispêndio, vem crescendo ano após ano sem nunca ter sido auditada. Ora, aos TCEs e ao TCU que com justa razão tem sido rigorosos com as despesas da União dos Estado e dos Municípios, não têm sido delegada a competência de fazer o monitoramento desse gigantesco endividamento externo. Por que?
Essa seria uma grande bandeira para a representação parlamentar, se os ínclitos parlamentares se dispusessem a exercer o seu mister tanto de representar o povo como de fiscalizar o executivo.
A despeito da imperiosa obrigação do parlamento de representar o povo e fiscalizar as ações do executivo, os parlamentares, com raras e honrosas exceções, estão todos eles cumplices, omissos e silentes.
Se observarmos as ações do governo Lula a partir da sua posse em 2023, para o exercício do seu terceiro mandato, iremos constatar um elenco de indicadores que, apesar da coerção do mercado e da extorsão do congresso, tem alcançado resultados muito positivos para a nação.
Senão vejamos o que nos diz
“Os dados mostram continuidade na recuperação da melhoria de vida da população; segundo o economista Pedro Rossi, o saldo é positivo, com contradições e incertezas no caminho.” (1)
“O crescimento de 3,5% do PIB em 2024, embora seja semelhante ao de 2023 (3,2%), conta uma história diferente. Em 2023, o resultado foi bastante influenciado pela agropecuária e pelas exportações. Em 2024, desde o início do ano notou-se um crescimento mais disseminado entre as diversas atividades econômicas, além do retorno do crescimento nos investimentos. A indústria, os serviços e o consumo das famílias apresentaram resultados ainda melhores em 2024 dos que os já elevados crescimentos registrados em 2023. Pode-se afirmar que em 2024, em termos de atividade econômica, o Brasil teve um ótimo resultado.” (1)
“Em 2024 a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) se recuperou da retração de 2023 e encerrou o ano com o expressivo crescimento de 7,6%. Com crescimento em todos os seus componentes, o grande destaque foi o segmento de máquinas e equipamentos que cresceu 12,0% após a queda de 8,4% em 2023;” (2).
“O Brasil já esteve fora do mapa da fome em 2014 e permaneceu fora dele até 2021.No indicador de insegurança alimentar grave, no período de 2020 e 2022, nesses três anos, a média foi de 8,5%. Agora, no período de 2021 a 2023, está em 6,6%. O Brasil começou a dar sinais de uma redução da insegurança alimentar também na população. Fome e segurança no Brasil estão caindo muito” (2). Essa matéria foi do mês de agosto de 2023.No mês de dezembro, o índice populacional com insegurança alimentar tolerável, ou seja, aqueles que fazem 2 refeições diárias, chegou a 2,5%. Foi quando o Brasil foi considerado fora do mapa da fome.
Um dos assuntos mais comentados pela imprensa oficial e pelos agentes de mercado nesse início de 2025 foi a alta do dólar. Como o resultado da escalada da moeda estadunidense de certa forma frustrou o mercado, até o Google retirou o painel de conversão de moedas.
As vezes as pessoas não entendem o impacto do dólar nos nossos preços. O problema é que o Brasil passou por um processo de desindustrialização pela via da privatização. No processo de privatização o adquirente sempre é uma transacional e o lucro dela advindo é remetido para a sede no exterior. Essa transação somente poderá ser feita em dólar e o governo tem de ter a moeda disponível para compensar pela remessa de lucro. Se não dispõe do dólar precisa adquiri-lo aumentando a demanda e o preço da moeda dos USAN.
Portanto não foi o dólar que aumentou de valor, o real é que perdeu o seu valor diante do dólar. Portanto, o povo que nunca comprou dólar, sente o impacto quando vai ao posto abastecer o carro em um país auto suficiente em petróleo. Outro impacto que ocorre de forma indireta é quando o trabalhador embarca em um ônibus diariamente para ir e vir do trabalho, ou quando ele compra quaisquer bem importado num país que entendeu de se desindustrializar privatizando o que tinha e perdeu a corrida tecnológica.
Alguém pode até achar os USAN são uma economia intocável, talvez por não ter ciência do tamanho da sua dívida pública. Aquele que alguns consideram o “paraíso” capitalista, tem um Produto Interno Bruto-PIB no valor de US$ 27,72 trilhões, enquanto a sua dívida pública é de US$ 36 trilhões. Somente para termos uma ideia entre os anos 2003 e 2026 a divida publica dos USAN cresceram 250%.
Isso significa dizer que se os USAN venderem o país, o apurado não dá para pagar o que eles devem. E por que eles não quebram?
Esse é um tema para outro artigo!
Referências:
Portaldatransparencia.gov.br/Orçamento/ano=2024;
Balanço do 2º ano de Lula 3 traz índices econômicos positivos e desafios políticos – Revista Focus Brasil | Revista Focus Brasil; (1)
Economia cresce 3,5% em 2024, segundo o Monitor do PIB-FGV | IBRE; (2)
Fotografias:
O domínio de classe social – Pesquisa Google;
https://slideplayer.com.br/slide/10236990;
Orçamento Federal 2024 – Pesquisar Imagens;
Calote na dívida dos Estados Unidos? Entenda!